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quarta-feira, 1 de setembro de 2021
TRECHO DE “Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade”
Segue um trechinho do livro Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade, de Yuval Noah Harari!
sexta-feira, 14 de maio de 2021
ARTIGO DESTAQUE ! ! !
Olá, graduandíssimos,
O artigo destaque desta semana é este: “O hipopótamo que me arrebatou: uma análise sobre ‘Memórias póstumas de Brás Cubas’”, de autoria de Bartira Barreto dos Santos, publicado na oitava edição da Graduando, em 2014.
E você, conhece algum artigo publicado na Graduando, que foi citado em outros trabalhos? Se sim, comenta aqui nos comentários.
Para mais informações sobre este artigo e os demais trabalhos, basta acessar a página “citações”, que se encontra no site da Graduando (http://www2.uefs.br:8081/dla/graduando/citacoes.htm).
Bom final de semana!
quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
EDITORIAL DA DÉCIMA QUARTA EDIÇÃO
“Deixem
uma caneta por perto, sempre que tiverem inspiração.”
Com
esta frase, que foi inserida no roteiro de Freedom
Writers ou Escritores da Liberdade,
filme dirigido e produzido em 2007 por Richard LaGravenese, baseado em fatos
sobre o cotidiano de uma professora iniciante, a senhora G., cheia de vontade
de mudar aquela realidade, iniciamos o editorial desta décima quarta edição. Assim
como aquela professora, ao longo dos meses daquele ano letivo, presenteou e incentivou
os seus alunos a adotarem um diário, no qual as suas experiências seriam
registradas como exercício de escrita — e, mais do que isso, de vida —, somos igualmente
professores que acreditam que um papel, uma caneta e uma boa dose de inspiração
sejam a receita certa para contarmos lindas e inspiradoras histórias,
implícitas nos textos publicados na Graduando:
entre o ser e o saber, revista acadêmica
da graduação em Letras, “diário” anual dos atuais graduandos da área no
Brasil.
Na
Graduando, quantas histórias de vida
não estão incluídas na produção dos inúmeros trabalhos, que temos publicado ao
longo dos últimos 10 anos? Quantos(as) graduandos(as) “passaram” por esta
revista antes de se formarem? Quantos(as) graduandos(as) vimos se pós-graduarem
ao longo desse tempo de existência? A resposta para essas questões é apenas uma:
dezenas!
Mas,
e quando essas histórias não são apenas histórias, mas um meio de formar,
profissional, acadêmica e pessoalmente, outros(as) tantos(as) graduandos(as)
igualmente iniciantes na arte de escrever sobre teorias e experiências? Quando
isso acontece, nós sentimos a vontade e a necessidade de dar voz às ideias e ao
que aprendemos, pesquisamos e experienciamos ao longo da nossa formação. Há dez
anos ininterruptos contribuímos para que isso seja possível na graduação em
Letras. Desde 2010, ano em que esta revista foi criada, variados e numerosos
têm sido os trabalhos escritos por graduandos(as), então professores e
pesquisadores iniciantes, que começaram a produzir e a dar voz aos seus
trabalhos que, atualmente, têm sido baixados, lidos e citados em vários outros
veículos de divulgação científica brasileiros e internacionais, como já
identificamos e listamos na seção intitulada citações, disponível no site
(http://www2.uefs.br/dla/graduando/citacoes.htm) deste periódico acadêmico.
Esses
dados, somados ao interesse dos(as) novos(as) graduandos(as) em Letras em
publicar e divulgar os seus trabalhos neste espaço de publicação científica,
são provas de que tanto a revista quanto os trabalhos nela veiculados são
fontes de inspiração e consulta para tantos(as) outros(as) jovens graduandos(as)
do nosso imenso, diverso e auspicioso Brasil. Tudo isso significa que aquela
receita inicial — uma caneta por perto, papel e inspiração — seja, de fato,
essencial para que os(as) graduandos(as) comecem e/ou continuem escrevendo e
divulgando os seus trabalhos, seja neste ou em outro(s) periódico(s) que também
publique(m) trabalhos de graduandos(as).
Para
além disso, nesta edição comemorativa dos 10 dez anos de criação da Graduando, os sentimentos e o desejo de
continuarmos inspirando novos trabalhos se renovam, principalmente, porque
seguir incentivando e divulgando a ciência, a arte e a cultura é, nestes tempos,
um ato de coragem!
C-O-R-A-G-E-M!
Coragem
para prosseguir inspirando, incentivando e divulgando os trabalhos dos(as)
graduandos(as), especialmente aqueles(as) inseridos(as) em universidades
menores, interioranas ou mais novas, pois, parafraseando uma das falas de cena do
referido filme, quem sabe possamos mudar,
de alguma forma, a vida deles(as), através do incentivo à produção e
divulgação científica realizadas nos diversos centros universitários brasileiros.
Nesse sentido, se conseguirmos ajudar a inspirar, a incentivar ou a melhorar, nem que seja minimamente, os rumos da formação acadêmica de um(a) único(a) graduando(a) já estaremos satisfeitos(as), pois, neste ano, que tem sido difícil por conta da pandemia e dos recorrentes ataques à ciência, principalmente à produção científica na área de Humanas, divulgar os trabalhos de graduandos(as) é, para além de coragem, um ato de resistência. Nunca estamos apenas na companhia das referências bibliográficas, mesmo na pandemia.
Nesse sentido, se conseguirmos ajudar a inspirar, a incentivar ou a melhorar, nem que seja minimamente, os rumos da formação acadêmica de um(a) único(a) graduando(a) já estaremos satisfeitos(as), pois, neste ano, que tem sido difícil por conta da pandemia e dos recorrentes ataques à ciência, principalmente à produção científica na área de Humanas, divulgar os trabalhos de graduandos(as) é, para além de coragem, um ato de resistência. Nunca estamos apenas na companhia das referências bibliográficas, mesmo na pandemia.
Resistir!
Quantos de nós não estamos resistindo a tanto e a tudo ao longo desses anos,
especialmente, neste ano? Quando um trabalho é publicado não se imagina o
quanto de esforço, coragem e dedicação foi impresso em cada linha, misturada
com a vida de quem a escreveu. Como falar de inspiração sem levar em conta o
que inspirou cada trabalho? Como falar de coragem sem refletirmos sobre as
inúmeras subjetividades, que imprimiram no papel a sua voz? Como incentivarmos
a escrita acadêmica sem antes lermos as várias histórias que estão à nossa
volta, principalmente aquelas daqueles(as) que, historicamente, foram
silenciados(as)?
Como
vemos, muitas são as questões, mas em uma coisa concordamos: todas as vezes que
você, graduando(a), seja de que lugar deste imenso país estiver, começa a
escrever um trabalho, inspirado na sua atuação acadêmica, profissional ou
pessoal, compartilha valores individuais e coletivos, de gerações inteiras,
antigas e contemporâneas. Dadas as imensuráveis conectividades planetárias e
humanas, tais valores, que orientam objetiva e subjetivamente atividades
humanas, podem proporcionar a outros(as) graduandos(as) que também se sintam inspirados(as)
a escrever e a publicar, porque eles(as) viram no seu texto — ou em textos que
partilham de semelhante reconhecimento —, valores como trabalho, inspiração e
coragem.
Firmando-nos
nessas ideias, encerramos este editorial com a certeza de que muitas questões
ficam em aberto, mas todas elas seguem inspirando outras tantas reflexões, que
podem ser retomadas em outros momentos por nós ou por você, caro(a) leitor(a),
já que lançamos neste espaço apenas a “ponta” de um enorme iceberg repleto de questões, que poderão ser retomadas, quem sabe,
pelos próximos 10 anos da Graduando.
Vida
longa à minha, à sua e à nossa Graduando!
Conselho Editorial
segunda-feira, 13 de abril de 2020
SOBRE OS 10 ANOS DA GRADUANDO PARA O(A) GRADUANDO(A)... NA VIDA
Por Danilo Cerqueira Almeida*
Em 13 de abril de 2010, a revista Graduando iniciava efetivamente sua trajetória no ambiente acadêmico, completando a fase inicial de processo que se estende aos dias atuais. Na referida data, a revista era apresentada aos estudantes em uma recepção aos calouros do curso de Letras. Nos dias em que este texto é pensado e escrito, completa-se dez anos desta data, momento mais que oportuno para destacar alguns aspectos sobre minha visão do periódico.
Este texto é uma livre comemoração (ou pelo menos é o que se pretendeu antes de ser completamente escrito). É uma livre lembrança coletiva, para muitas pessoas, sobre muitos momentos, em relação a muitas atividades realizadas. É nesse sentido que é uma comemoração, ou seja, uma memória reflexiva, ou intentada, para valorizar, para o autor e para os leitores, momentos que se deseja destacar por meio da escrita. Assim, para aqueles que, há dez anos, então participaram de alguma forma daquele momento, e para os que foram sendo agregados aos tantos momentos que culminaram nas atividades atuais da revista, agradecer pode ser acrescido de mais algumas ações. Esta é uma delas.
Dedicar um tempo para escrever sobre isso permite que se reflita a respeito do que isso vem significando para a revista ao longo deste tempo de atuação. Escrever, em seus múltiplos sentidos, para esse tipo de trabalho, é viver. “Respira-se academicamente” por meio da escrita e da leitura. Basicamente, seria assim: a leitura (audição, observação, atenção...) seria a inspiração e a escrita seria a expiração... não só a escrita, mas a fala, o desenho, os gestos, os sinais... E perceber que tais ações, que ocorrem dentro e fora deste ambiente tão marcado em nossa sociedade que é a universidade, fazem parte do cotidiano de estudo e trabalho... dois aspectos da vida que devem ser identificados sem jamais serem separados no dia a dia de qualquer pessoa, independente do espaço que ocupe.
Criou-se e ocupou-se um espaço no ambiente acadêmico da graduação em Letras. Esse espaço persiste e insiste em se fazer presente na universidade há dez anos, com a contingência dos semestres, anos, pessoas, atividades e realidades internas e externas ao periódico, mas sempre conseguindo entregar aos públicos dos quais depende e aos quais atende a possibilidade de estar diante de uma criação, ou produção, ou resultado, ou herança... de sua própria existência, de seu próprio tempo, ou seja, de sua própria condição de ser acadêmico que não exclui a expressão de outras maneiras de ser. Entender isso torna-se significativo na prática das atividades da revista quando se percebe que, ao mesmo tempo em que se muda individualmente, também o tempo, as instituições, os pensamentos, as ferramentas de trabalho, as perspectivas e, enfim, o contexto no qual vivemos, mudam. Assim, por exemplo, a cada quatro anos os graduandos do curso mudam quase por completo. Nesse sentido, o que deve, para a revista, ficar; o que deve, para a revista, significar?
As opções que se fizer para a vida (pessoal, acadêmica, institucional, periódica...) terão aspectos positivos, negativos e, talvez, parcialmente perceptíveis a apenas um par de olhos: terão consequências nesses mesmos termos. Cabe aos seus agentes encontrar, individual ou coletivamente, a melhor forma de escolher quando isso é inevitável e de administrar as consequências que advêm dessas opções. Entretanto, tais ações não devem deixar de representar interna e externamente às comunicações humanas, nas tantas situações da vida, a preocupação em garantir o motivo pelo qual se afirma a própria existência do que quer que seja... No caso da revista Graduando: entre o ser o saber, ciência e paciência para afirmar e para ouvir, tão necessários em qualquer atitude científica, também devem ser necessários aquém e além dos muros da universidade, dos anos de experiência e vivência, dos limites da própria vida.
* Danilo Cerqueira Almeida é licenciado em Letras Vernáculas, especialista e mestre e estudos literários pela Universidade Estadual de Feira de Santana (BA). Atualmente, é professor da rede estadual de ensino da Bahia e faz parte do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
F.
Por Evair Teixeira e Silva*
No Brasil nunca roubei, não é na gringa que vou fazer isso. Esse povo estranho, frio, não fala comigo direito, aquele prédio de gente estranha, parece que colocaram todos os pobres juntos, até branco pobre tem. A fome bate cada vez mais forte. Estou cansado de comer todo dia a mesma coisa. Baguette, só tem nome chic, só tem casca, não dá para sustentar. Em que cilada fui me meter. Frio e fome. Nunca roubei lá, aqui não vou fazer. O iogurte e a pizza estavam ótimos, ninguém suspeitava de mim. Faz tempo. A geladeira é comunitária. Ainda bem, senão teriam desconfiado mais cedo. Eles sempre pensam que são os africanos roubando. Sou eu! Mas não dá mais. Preciso de feijão, preciso de carne, mesmo que seja aquela porcaria enlatada cheia de sal. Todo mundo rouba nesse supermercado mesmo. É chic no meu país, mas aqui é coisa de fudido mesmo. O pior é que tem sempre vários vigias. Nunca roubei! Vai ser só uma lata. Eles já me olhavam com suspeita mesmo. Mas se me pegarem? Já fiz escândalo uma vez lá, por me pararem, acho que não teriam a coragem de me parar novamente. Eles me olham com desconfiança sempre. Sempre. Nunca roubei lá, não é na gringa que vou fazer. Quanto frio. Fome e frio. Dedos doendo. A calefação do prédio é tão fraca, que dá no mesmo aqui ou lá dentro, não seca nem uma meia. Fome, esse estômago que não para de reclamar. Não foi esse país que me venderam. E se me pegarem? Já estou aqui em frente há tempos. Se ficar mais, eles vão desconfiar. Vamos lá, é hora de… não sei... Seja o que Deus quiser.
* Evair Teixeira e Silva nasceu em Muritiba, no recôncavo baiano, mudou-se para Feira de Santana para cursar Letras com Francês na UEFS. Atualmente desenvolve projetos e pesquisas nas áreas ligadas ao ensino-aprendizagem de línguas, cinema e literatura com enfoque nas questões étnico-raciais.
No Brasil nunca roubei, não é na gringa que vou fazer isso. Esse povo estranho, frio, não fala comigo direito, aquele prédio de gente estranha, parece que colocaram todos os pobres juntos, até branco pobre tem. A fome bate cada vez mais forte. Estou cansado de comer todo dia a mesma coisa. Baguette, só tem nome chic, só tem casca, não dá para sustentar. Em que cilada fui me meter. Frio e fome. Nunca roubei lá, aqui não vou fazer. O iogurte e a pizza estavam ótimos, ninguém suspeitava de mim. Faz tempo. A geladeira é comunitária. Ainda bem, senão teriam desconfiado mais cedo. Eles sempre pensam que são os africanos roubando. Sou eu! Mas não dá mais. Preciso de feijão, preciso de carne, mesmo que seja aquela porcaria enlatada cheia de sal. Todo mundo rouba nesse supermercado mesmo. É chic no meu país, mas aqui é coisa de fudido mesmo. O pior é que tem sempre vários vigias. Nunca roubei! Vai ser só uma lata. Eles já me olhavam com suspeita mesmo. Mas se me pegarem? Já fiz escândalo uma vez lá, por me pararem, acho que não teriam a coragem de me parar novamente. Eles me olham com desconfiança sempre. Sempre. Nunca roubei lá, não é na gringa que vou fazer. Quanto frio. Fome e frio. Dedos doendo. A calefação do prédio é tão fraca, que dá no mesmo aqui ou lá dentro, não seca nem uma meia. Fome, esse estômago que não para de reclamar. Não foi esse país que me venderam. E se me pegarem? Já estou aqui em frente há tempos. Se ficar mais, eles vão desconfiar. Vamos lá, é hora de… não sei... Seja o que Deus quiser.
* Evair Teixeira e Silva nasceu em Muritiba, no recôncavo baiano, mudou-se para Feira de Santana para cursar Letras com Francês na UEFS. Atualmente desenvolve projetos e pesquisas nas áreas ligadas ao ensino-aprendizagem de línguas, cinema e literatura com enfoque nas questões étnico-raciais.
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
EVERYBODY HAS THEIR TALE OF WOE
Por Rammon Freitas*
Everybody has their tale of woe
In mine, you played a huge part
You lied, you made a fool ass of me
You also tortured me
Looking back, I gather you took
Chunks of satisfaction in seeing your soi-disant friend hurt.
You were mean, I dare say you had evil in you
But don’t we all?
I was hurt, muddled by the way you lied
And you lied
Lied with the ease of someone who’s lazing around.
But never you mind nonetheless, your lies were fragile
There were lies in bulk, so you failed to keep track of them all.
I was hurt, especially when I found out
I was hurt when I revisited those memories
I was so hurt that I cried…
A skill I thought I had lost long ago.
It doesn’t do to reminisce about it anymore
Recollecting is fodder for more pain and negativity
Especially when you are the remembrance
Now I’m going to move on
What with one thing and another,
That is the only thing left for me to do
And by doing so, I deeply hope you fall into an oblivion pit
And that’s how I intend to obviate the need of you
And that’s how I mean to rise above.
* Rammon Freitas é graduando em Letras com Inglês pela UEFS.
Everybody has their tale of woe
In mine, you played a huge part
You lied, you made a fool ass of me
You also tortured me
Looking back, I gather you took
Chunks of satisfaction in seeing your soi-disant friend hurt.
You were mean, I dare say you had evil in you
But don’t we all?
I was hurt, muddled by the way you lied
And you lied
Lied with the ease of someone who’s lazing around.
But never you mind nonetheless, your lies were fragile
There were lies in bulk, so you failed to keep track of them all.
I was hurt, especially when I found out
I was hurt when I revisited those memories
I was so hurt that I cried…
A skill I thought I had lost long ago.
It doesn’t do to reminisce about it anymore
Recollecting is fodder for more pain and negativity
Especially when you are the remembrance
Now I’m going to move on
What with one thing and another,
That is the only thing left for me to do
And by doing so, I deeply hope you fall into an oblivion pit
And that’s how I intend to obviate the need of you
And that’s how I mean to rise above.
* Rammon Freitas é graduando em Letras com Inglês pela UEFS.
segunda-feira, 17 de junho de 2019
9: A CULPA É NOSSA!
Por Marcelo Oliveira da Silva*
Eram
9 também, mas era quinta, ou era sexta, não sei, já era mais de nove. Era outro
mês também, era outro tempo. Era paz, quando eu declarei guerra, ainda pedi
socorro, fui ouvido, mas a paz era conflito. Era manso, o coração. O olhar era
tenso, era canhão em estado de festa. Olhares, subliminares. Toques,
escanteios. Trêmulos lábios. Saiam! Saíram, cruzaram ruas e vielas, e nas
entranhas das ladeiras eram correntezas de palavras vãs autodeclaradas futuras,
construtivas e visionárias. Estávamos acompanhados de versos e experiências que
nos levavam a ladeiras e desejos de intensos mais. Eram 9, acabara o primeiro
ato de uma história finda.
Ouvimos,
ouvi juras de carinho. Não eram juras, não as ouvi, quis escutá-las, as criei.
Não era amor. Era. Era amor univalente, unilateral. Era passagem de ida, não
tinha retorno. Eram mudanças. Em nove horas, nove mudanças: não estar mais onde
estivemos e reaprender que momentos são únicos e não serão eternizados... opa,
eram 9. Pois sete faltam, mas também noves fora é nada, e nada resultou.
Passaram
dias, 9 precisamente, vivemos de promessas, outro encontro, antes das 9,
quebramos o protocolo, mas fizemos melhor do que antes, fizemos diferentes,
havíamos aprendido, queríamos mais, mas só mais naquele instante, um queria
outros mais, outro um menos. Fomos nos distanciando. Espera, já somos
distantes, viemos de outros mundos. Um terceiro momento, agora sim, eram 9,
minutos de prazer, protocolo quebrado, não quiseram mais que estivéssemos, não
queria, quero, quer, não quer. Quero! Não quero! Não queres, não tens!
Pedimos
encontros, negados, nove no total, rompemos elos e elos não foram
restabelecidos, talvez não serão, ou são. Fora um sonho, nove no total. Mas não
foi culpa minha, eu apenas disse que queria e você não ouviu. Ouviu. A culpa é
nossa, você dissera primeiro e eu não ouvi. Ouvi. Ei, eu falei primeiro, você
que não ouviu. Ouviu. A culpa é nossa, falamos mansos, não fomos ousados.
Fomos. Fui, vc não! Sim, a culpa é minha, fui intenso, você foi muito e depois
menos, eu fui mais, quis mais, sou mais. Mas fui menos, menos que pude ser,
menos que pude esconder, não escondi. Está aí minha culpa, nove vezes ter dito
o que quis, está aí minha culpa, ser verdadeiro, honesto comigo, logo, com
você. Você, aquele espelho do primeiro encontro após as nove, nove vezes te
encarei e tentei não tocar teus lábios, tocamos. Está aí nosso erro, nossa
culpa. Sim, nossa! Fomos nós. Agora são 9, já é domingo, não tem festa. Não
subiremos ladeira alguma, não há palavras, não há olhares, não há lábios nem
promessas não ditas. Cumpra-se. São 9, chegamos aqui. A culpa é minha, cheguei.
A culpa é sua, não veio. A culpa é nossa, não fomos. São 9, nove somos. Noves
fora, nada.
* Marcelo Oliveira da Silva é Licenciado em Letras Vernáculas pela UEFS.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2018
SEPTIMUS
Por Rammon Freitas*
“Septimus, please come back! Septimus, please!” Septimus was running while his mother yelled at him so he swayed on the spot and stood there for a while, he wanted to take a last look at the farm, the pond and his mother who at that moment looked desperate. He ran towards the hill, whence he would head north after swimming across the river. On him, he just had a backpack with some money he saved, a book, some clothes, bread, biscuits, water and his cellphone just in case. There was no chance that his father would keep up with him, once on the other side of the river, he could not imagine a limit, and his legs would guide him. His journey started more like a sauntering practice. Septimus used to saunter a great deal; it was his favorite activity to fill the time. Walking helped him think, he would put his whole life into perspective, and now, more than ever, it felt as though it was the most appropriate thing to do.
Septimus cast his mind around and it landed on the reason why he was fleeing. He could not turn off the memory of his mother asking him: “You didn’t do it, did you? You’re not lying to me, eh?” He could see her face while recollecting that moment, he could feel her angst, her hate. She looked exceedingly angry and disappointed; Septimus had never seen his mother like that before. Inly, though, Septimus could not feel more at fault, he knew he could not help lying to her. What else would he do? He loved her, but fear was a feeling that he could not shun, she was his mother, someone he loved the most in the whole world, someone he innately cared for and worried about, he did not want to make her that disappointed. That severe look, though, was scaring his soul out of him, that look on her face whilst inquiring whether he was in the wrong or not made him feel so ashamed. Septimus was conscious of what he had done, and he did not feel it was wrong whatsoever. He stopped for a brief moment, sipped his water, looked around and decided randomly what direction to head and kept on.
A sennight had passed, he was still on the run. On the third day, he felt like turning his phone on, he was in the woods, not lost for the record, and his phone happened to have service. It was bombarded with messages from home, suddenly it was ringing, his mother was calling him. He took the call. His mother implored, sobbing, him to come back home. She told him he would suffer no reprisal from his father, he would be alright, and the whole family would be fine again. Septimus felt sorry for her, it must be painful to lose a son like this. Howbeit, he could not go back, he feared everyone back at home, even his siblings. They would never understand it, the Bible had educated them all well, and thus heading back home was a no go. He was unwilling to face the consequences of his returning. What would everyone think of him? Frequently lost in his musings, Septimus indeed considered the idea of changing; of starting off of a new page; of converting himself to whatever they believed would be the right and apt.
After two weeks sleeping in the woods, feeding on fruits and drinking fresh water from ponds, he really thought of going to the biggest city near him. He did not know what he would do there, he was young after all, in the middle of high school, an underage, what was he able to do? He just knew for sure that he did not want and could not be found by his family, despite the thick bond that made him connect to them; he had to let it go. So he started to think of illegal and somewhat absurd ways of making a living. He forced away these weird thoughts ever and anon, they made the hair of his arms on end, what was he thinking? In limbo, he struggled on, meandering managing to find answers, trying to figure out what to do next.
Thinking about the reason why he was fleeing was something that he himself dodged, or at least he made his mind dodge. To his eye it was not a crime, it was not wrong, it was not a sin. It was just who he was, in the deepest part of his spirit and flesh. He wondered how something so natural could be seen as something so despicable and worthy of hate and disgust. He just could not conceive it. He also happened to find out how his parents, and consequently, his siblings found out about it, although it did not matter back then. He wanted them to accept it, live with it, or maybe suck it, whatever felt easier for them.
Three weeks running away and he finally reached the road that could take him to one of the biggest cities in the state. He stopped here and there pondering whether or not it was wise to go towards the main road. Once there he had second thoughts, however. Hitchhiking was his only solution, but what if he ran into a crazy driver who will come up with indecent proposals, the last thing he desired now was to be propositioned by a lunatic. There was this characteristic of his that consistently made him who he was: he was someone determined and a tad stubborn, if he made his mind on something, nobody else could change it, but himself. Going back home was utterly out of his possibilities. The thought of that action brought him a mix of angst, pain, shame, pity. He started to feel what he believed his family felt for him: he despised himself.
The weather was sunbaking hot; lorries, cars, vans going to and fro as he stared at the road, as far as his sight could reach, until being able to see those waves apparently ablaze with that vapor on the asphalt, that vapor made out of pure warmth. Those waves trembled during the entire day on those exceedingly hot days of summer. And when the night eventually fell, it would make the nighttime’s calmness and darkness balanced with both the heat of the day that hit the tarred path, and the coolness of the night, coming from above. Septimus also thought of the dew on the next morning, and how he loved to see the breaking of dawn. Had he seen the dew and the sunrise, he would have felt that there was still hope, notwithstanding his determination made him set his heart and mind on another idea, a lorry was getting nearer and nearer, it was infeasible for it to break, so Septimus made to cross the road.
Finis
* Rammon Freitas é graduando em Letras com Inglês pela UEFS.
segunda-feira, 19 de novembro de 2018
XVI SEMANA DE LETRAS - 50 ANOS DO CURSO E... "FORMANDO" DOUTORES
Fonte: Facebook
Fonte: Facebook
É. Chegamos aos 50 anos. Ele, nós, vós, eles, elas, você... e, por que não, eu também... É claro que não estou me referindo ao(à) leitor(a) do blog, mas sim a todos e todas que tiveram contato com @s graduand@s (e graduad@s) do curso de Letras da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tod@s @s que se comunicaram, ou mesmo @s que apenas pensaram sobre quem viam, supondo sobre como deveria ser aquele(a) que cursa Letras na UEFS, foram tocad@s pelo curso que proporciona, se não todo, parte considerabilíssima do conhecimento sobre língua em nosso país - e aí não mais considero apenas este curso da universidade feirense... e baiana, mas todo o conhecimento que este curso engloba nas instituições de ensino superior do país.
Foi uma semana de muitas letras. O curso de Letras vivenciou mais uma semana de várias expressões humanas em um evento anual, a Semana de Letras, organizada pelo Diretório Acadêmico de Letras José Jerônimo de Morais. Os cinco dias de reunião entre ouvintes, apresentadores, comissão organizadora e colaboradores em torno desses conhecimentos tão diversos quanto completos (e não menos complexos) proporcionaram ao ambiente acadêmico da UEFS a celebração de sua área mais antiga, com participação desde a fundação do espaço anterior à própria UEFS, onde hoje é o Centro Universitário de Cultura e Artes (CUCA). Portanto, a formação de profissionais e pessoas pela instituição remonta a espaços que muitos que frequentam essa universidade nunca visitaram, mesmo vivendo na mesma cidade e, em parte, incentivados a participar dos demais espaços ligados à UEFS.
Voltando ao curso de Letras, a semana foi dedicada a minicursos, espaços de discussão, comunicações, intervenções artísticas (teatro, música, performances), rodas de conversa, saraus... todos, momentos em que trocamos e plantamos e colhemos e regamos e compreendemos e aprendemos e admiramos e calamos e incompreendemos e subentendemos... palavras! A Semana de Letras sempre expõe e impõe a natureza do graduando, a presente maioria: quem faz, quem comemora lindamente e extasiadamente as muidezas dos primeiros ou importantes trabalhos num espaço "novo", numa condição nova, num momento de "empoderamento" em relação ao curso e à história da instituição, seja como ouvinte ou monitor, seja como colaborador, seja como ministrante de oficina, minicurso, debatedor, palestrante, conferencista... etc.!
Junto com as bodas de ouro... vieram doutorados!!! A UEFS concedeu o título de Doutor Honoris Causa ao escritor Antônio Torres durante o evento. Algo raramente feito pela universidade, coube-lhe outorgar o título a um escritor durante uma semana de Letras... Simbólico! Outros motivos para comemorar é que as pós-graduações de Linguística e de Literatura ligadas ao curso em breve estarão com doutorandos... Ano que vem, teremos os doutorandos em Linguística; em breve, os da área de Literatura. A área de Letras, com seus cursos, que começaram com uma graduação em modalidade específica, chega hoje a integrar 4 cursos, especializações, mestrados, um doutorado implantado e inúmeras atividades ligadas ao Departamento de Letras e Artes, ao qual também se integra o curso de Música e a área de Artes, com cursos e a pós-graduação em Desenho, Cultura e Interatividade. O curso de Letras faz, de suas expressões em palavras, a ciência que reconhece as inúmeras expressões que o podem tornar mais humano, mais integrado à realidade das coisas e das pessoas, de suas ânsias de vida e do seu cotidiano de existência e resistência, sem que se dissocie a parte disso da própria instituição.
Arte: Danilo Cerqueira
* Danilo Cerqueira é licenciado em Letras Vernáculas pela UEFS, com especialização e mestrado em Estudos Literários pela mesma instituição. Atualmente, é professor da rede estadual de ensino e membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
AO PROFESSOR
Por Danilo Cerqueira *
Eternizada diante do momento
Em que oferece o mundo
A quem ouve seus pensamentos
Ciente da importância de sua imagem
Que traduz o saber de uma geração
Com intenções que tocam na alma
Indicando do futuro a direção
Sem pedir a seus responsáveis
Nós, agora dotados de liberdade
Que ofereçamos um cumprimento
Àquele imortal monumento
Que assume figuras inéditas
E que foi um dia criança sapeca
Para achar que a vida era uma festa
Mas que agora está a ensinar vidas
Extraindo de todo o seu interior
As virtudes que tornam brilhante
O papel de um professor
17/10/2001, Colégio Estadual Edith Mendes da Gama e Abreu.
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
MUSEU
Por Danilo Cerqueira Almeida*
Séria viveria Luzia
Constelada em Alexandria
Redarguindo argumentos de Minerva...
Tão ela nela...
O consumo, a involução das eras...
Que seja!
Que Dele o seja a esvoaçada poeira madre
Que no chocalho azul a água lave
A penha calcificada
Palavra!
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
Séria viveria Luzia
Constelada em Alexandria
Redarguindo argumentos de Minerva...
Tão ela nela...
O consumo, a involução das eras...
Que seja!
Que Dele o seja a esvoaçada poeira madre
Que no chocalho azul a água lave
A penha calcificada
Palavra!
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
segunda-feira, 16 de julho de 2018
QUANDO TEREMOS GRANDES MUDANÇAS
Por Danilo Cerqueira*
Quando me perguntarem quando teremos grandes mudanças, direi que elas realmente acontecem quando são promovidas por grandes pessoas. Essas pessoas realmente existem, mas como elas chegam a ser dessa maneira, comovedoras de tantas outras a ponto de formar um movimento, pois, afinal, elas não vão realizar grandes modificações sozinhas? As pessoas têm, digamos assim, graus de capacidade de promover mudanças. Elas podem conseguir realmente mudar nada, pouco, considerável ou significativo em suas próprias vidas; também podem fazer mudanças nas vidas de sua gama de contatos; e ainda podem promover mudanças em pessoas que jamais virão a conhecer...
Um dos casos mais comuns e imediatos que podemos observar, no último caso, é o da política democrática, com pessoas eleitas pela "maioria" do "povo", que tem os eleitos como representantes políticos para executar, legislar e legitimar a ordem e o progresso do (de um) país. Mas as pessoas, as grandes pessoas, são, antes de tudo e de todos, grandes promotoras de mudanças em si, provavelmente em luta constante com o cotidiano arrasador do desenvolvimento próprio do indivíduo, traço essencial do ser humano, favorável ao desenvolvimento de reais e significativas contribuições para a sociedade em que vive, da qual compartilha suas experiências de vida. Tais grandes pessoas parecem não se importar muito com o passar do tempo, mas com seus projetos, que sabem ser também importantes para o seu (ou qualquer) grupo humano que tenha o alcance de sua ideia contributiva. Essas pessoas não são egoístas, no sentido de quererem tudo, ou mesmo o que tem no momento, só para elas. Elas acreditam, sim, que parte do ego está na aproximação que existe entre todos os seres humanos que conseguem identificar entre si semelhanças, características comuns, sentimentos e tendências congruentes, simpatias... Assim, quanto mais se afunda no que cada um tem seu de ser humano (ego), pode-se encontrar inúmeras identificações, um qualquer outro que esteja ao alcance de nossa percepção ou pensamento... esteja ele em qualquer espaço ou tempo de convivência.
As mudanças realmente acontecem quando se é incumbido de certo desprendimento do próprio destino, na medida em que se propõe um pouco mais de entrega ao destino do(s) outro(s), como forma de encontro com o que há de mais individual na integridade de um ser que pensa: a necessidade de seguir o que há de mais reconhecidamente elogiável e virtuoso por todos, porém, nos próprios pensamentos. Isso pode não ser compreensível, mas é sensível, é descoberto muitas vezes quando se está entregue aos próprios pensamentos, não sem censura, mas sem clausura. Desse modo, podemos fazer coisas que certamente alguns grupos de pessoas vão aprovar abertamente, outros grupos não; alguns grupos ou pessoas podem boicotar subliminarmente, mesmo ainda que sequer percebam que estão fazendo isso; outras e outros, do mesmo modo, podem fazer exatamente - ou não exatamente - o contrário. Essa é - e assim é que se apresenta - a vida. Fazemos tudo o que queremos? Não. Fazemos tudo o que não queremos? Não. Assim, resta-nos dizer à frente do espelho, se pudermos: Você não faz tudo o que quer, também não faz tudo o que não quer.
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
Quando me perguntarem quando teremos grandes mudanças, direi que elas realmente acontecem quando são promovidas por grandes pessoas. Essas pessoas realmente existem, mas como elas chegam a ser dessa maneira, comovedoras de tantas outras a ponto de formar um movimento, pois, afinal, elas não vão realizar grandes modificações sozinhas? As pessoas têm, digamos assim, graus de capacidade de promover mudanças. Elas podem conseguir realmente mudar nada, pouco, considerável ou significativo em suas próprias vidas; também podem fazer mudanças nas vidas de sua gama de contatos; e ainda podem promover mudanças em pessoas que jamais virão a conhecer...
Um dos casos mais comuns e imediatos que podemos observar, no último caso, é o da política democrática, com pessoas eleitas pela "maioria" do "povo", que tem os eleitos como representantes políticos para executar, legislar e legitimar a ordem e o progresso do (de um) país. Mas as pessoas, as grandes pessoas, são, antes de tudo e de todos, grandes promotoras de mudanças em si, provavelmente em luta constante com o cotidiano arrasador do desenvolvimento próprio do indivíduo, traço essencial do ser humano, favorável ao desenvolvimento de reais e significativas contribuições para a sociedade em que vive, da qual compartilha suas experiências de vida. Tais grandes pessoas parecem não se importar muito com o passar do tempo, mas com seus projetos, que sabem ser também importantes para o seu (ou qualquer) grupo humano que tenha o alcance de sua ideia contributiva. Essas pessoas não são egoístas, no sentido de quererem tudo, ou mesmo o que tem no momento, só para elas. Elas acreditam, sim, que parte do ego está na aproximação que existe entre todos os seres humanos que conseguem identificar entre si semelhanças, características comuns, sentimentos e tendências congruentes, simpatias... Assim, quanto mais se afunda no que cada um tem seu de ser humano (ego), pode-se encontrar inúmeras identificações, um qualquer outro que esteja ao alcance de nossa percepção ou pensamento... esteja ele em qualquer espaço ou tempo de convivência.
As mudanças realmente acontecem quando se é incumbido de certo desprendimento do próprio destino, na medida em que se propõe um pouco mais de entrega ao destino do(s) outro(s), como forma de encontro com o que há de mais individual na integridade de um ser que pensa: a necessidade de seguir o que há de mais reconhecidamente elogiável e virtuoso por todos, porém, nos próprios pensamentos. Isso pode não ser compreensível, mas é sensível, é descoberto muitas vezes quando se está entregue aos próprios pensamentos, não sem censura, mas sem clausura. Desse modo, podemos fazer coisas que certamente alguns grupos de pessoas vão aprovar abertamente, outros grupos não; alguns grupos ou pessoas podem boicotar subliminarmente, mesmo ainda que sequer percebam que estão fazendo isso; outras e outros, do mesmo modo, podem fazer exatamente - ou não exatamente - o contrário. Essa é - e assim é que se apresenta - a vida. Fazemos tudo o que queremos? Não. Fazemos tudo o que não queremos? Não. Assim, resta-nos dizer à frente do espelho, se pudermos: Você não faz tudo o que quer, também não faz tudo o que não quer.
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
quarta-feira, 6 de junho de 2018
VISADA
Por Danilo Cerqueira*
Anda, e vive, e trilha de longe, de perto
o termo do que tem de ser.
Homem, bicho, objeto... nomes!
Se monta e remonta, antes ferve a vida.
Ideias mascadas e sons rasgados: horas...
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
O homem fica ao pé do monturo
quando o tempo pesa tanto quanto só.
É formiga que não somente regurgita, e tão bem frutifica
o monte de bolas e cola ao olhar de nós.
quando o tempo pesa tanto quanto só.
É formiga que não somente regurgita, e tão bem frutifica
o monte de bolas e cola ao olhar de nós.
Anda, e vive, e trilha de longe, de perto
o termo do que tem de ser.
Homem, bicho, objeto... nomes!
Se monta e remonta, antes ferve a vida.
Ideias mascadas e sons rasgados: horas...
Ponteiros ou esferas, úmidos, secos, à gravidade.
Construo e vejo, grão a grão
a letra feita, forjada no sabor
embotada de suor, interditos e anverso...
de olhares, regressos e protestos.
a letra feita, forjada no sabor
embotada de suor, interditos e anverso...
de olhares, regressos e protestos.
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
EU VI, EU LI, EU ESCREVI
Por Danilo Cerqueira*
Eu vi um colegial lendo um artigo de um graduando
Ele via e, meio que entendia, o que estava lendo
Ele não entendia tudo, mas lia, sempre aprendendo, imaginando
Ele, aos poucos, deixava de ser ele... Tornava-se nós
O colegial pensa enquanto lê, o graduando pensou quando escreveu
Os dois continuarão a pensar, em tempos e espaços diferentes
Seres de linguagens iguais
Um, para a pós-graduação, institucional ou não
Outro, pode ser, para uma outra certa graduação
Os dois, o mesmo caminho: um termo de paz
Com eles, sigo
Assim é: uma criança lendo um livro velho, mas novo
Ela ria, e rindo, o escritor do velho livro também ria
Ele não ria ali, ria lá, e lá ria mais do que a criança
Riso que atravessava gerações de risos...
e incentivava a criança a sorrir
Mesmo tempo
O que é a leitura, meu caro, minha cara?
O que tão bem nos encontra e coloca em raro existir!
O que tão bem nos aproxima do que jamais nos verá, e do que jamais veremos!
O que melhor te define sobre o que o futuro nos tornará!
O momento do conhecer sobre o pouco que nos torna humanos
O tratado escrito enquanto assinado
Em torno do que significa
No meu dia, que vivo
E nos unifica enquanto ficamos
Vivos!
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
Eu vi um colegial lendo um artigo de um graduando
Ele via e, meio que entendia, o que estava lendo
Ele não entendia tudo, mas lia, sempre aprendendo, imaginando
Ele, aos poucos, deixava de ser ele... Tornava-se nós
O colegial pensa enquanto lê, o graduando pensou quando escreveu
Os dois continuarão a pensar, em tempos e espaços diferentes
Seres de linguagens iguais
Um, para a pós-graduação, institucional ou não
Outro, pode ser, para uma outra certa graduação
Os dois, o mesmo caminho: um termo de paz
Com eles, sigo
Assim é: uma criança lendo um livro velho, mas novo
Ela ria, e rindo, o escritor do velho livro também ria
Ele não ria ali, ria lá, e lá ria mais do que a criança
Riso que atravessava gerações de risos...
e incentivava a criança a sorrir
Mesmo tempo
O que é a leitura, meu caro, minha cara?
O que tão bem nos encontra e coloca em raro existir!
O que tão bem nos aproxima do que jamais nos verá, e do que jamais veremos!
O que melhor te define sobre o que o futuro nos tornará!
O momento do conhecer sobre o pouco que nos torna humanos
O tratado escrito enquanto assinado
Em torno do que significa
No meu dia, que vivo
E nos unifica enquanto ficamos
Vivos!
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.
terça-feira, 15 de maio de 2018
QUANDO OLHO A VIDA
Por Danilo Cerqueira*
Quando olho a vida
e o homem não diz nada
não sou eu quem fica calado
não são as cerdas e cordas que vibram
não sem motivo. O que se pensa
não vibra, mas cria, surge
do nada e para o nada se vai...
Quando olho a vida
e o homem não diz nada
não sou eu quem fica calado
não são as cerdas e cordas que vibram
não sem motivo. O que se pensa
não vibra, mas cria, surge
do nada e para o nada se vai...
Se o homem que entreolho continua...
mudo, eu também continuo...
mudo, eu também continuo...
O mundo não se mostra, mas eu
mostro... que minha mente não está
ali, fica pouco mais à frente, pouco...
Pouco acima do que penso, pouco...
Pouco acima do que posso, pouco...
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana.
mostro... que minha mente não está
ali, fica pouco mais à frente, pouco...
Pouco acima do que penso, pouco...
Pouco acima do que posso, pouco...
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana.
segunda-feira, 30 de abril de 2018
QUANDO NÃO HÁ CORRENTE
Por Danilo Cerqueira*
Quando não há corrente, não há elos, não há passagem, não há articulação, não há movimento. Não há perspectiva, não há horizonte, não há sucessividade, não há "o que vier", não há-ve-rá.
Quando não há corrente, não há objetivos comuns, não há o ser do futuro porque não há o par, mero conjunto, no presente. Quando não há corrente, os olhares são perdidos, pois se esquece que se pode aprender com outro humano, modo de subentendermos que há entre e em nós, humanidade. Quando não há corrente, não há passagem de bastão, não se consegue nada que vale a pena ser lembrado pelo resto da vida, pois do que vale uma vitória conseguida única e exclusivamente sozinho? Se for possível identificar tal espécie de vitória, é preciso expô-la para que seja posta à prova da participação de mais um qualquer que seja nessa conquista. A possibilidade existe como pensamento, mas duvido que exista como realidade.
Quando não há corrente, não há bicicleta, o veículo de duas(!) rodas... E se não tiver correntes?... É... a questão não é a corrente... É seu conjunto que no outro podem ser... dentes! É na conversa que estão, assim, dois (ainda que em apenas um) na conversa... Jogos de poder? Sim!... Necessidade de afirmação? Sim... Ânsia por submeter o outro ao que você pensa e defende por meio de suas palavras? Sim!... Receio de que o outro ou a outra desprestigie suas hesitações, medos e demais fraquezas e, digamos, defeitos? Sim!... Mas são medos inerentes a qualquer comunicação entre pessoas. Sem agrupamentos em torno de assuntos, convicções, ideias, projetos, ações, características, semelhanças, diferenças, objetivos, acasos e tantas maneiras de comungar olhares e palavras, sons e atenções, não se pode consubstanciar o alicerce coletivo humano que fundamenta as atividades mais exitosas e reconhecidas entre quaisquer grupos humanos, somente concebidas por um senso conglomerador de notável percepção e sensibilidade social - ou grupal, ou conjugal, ou amical, ou sentimental, ou familiar, ou política, ou representativa, ou idealizadora (ideária)...
Quando não há corrente, não se passa pra frente... Não se vai para a frente, não se pode sair daquela inércia que conforta, mas deforma; que exalta, mas angustia; que promove, e que esvazia; que assegura, mas inquieta... Conviver com essas experiências eventualmente pode ser compreensível, mas a manifestação intensamente periódica desses estados no cotidiano de nossas atividades é desestruturante de nossa condição humana. Creio que tendemos a ser alternos mesmo, no sentido de que estamos entre racional e irracional, e daí com suas potencialidades incompletas nos campos de pensamentos e do que também não pode ou ainda não foi pensado; do que pode e do que não pode ser pensado por quem quer que seja.
Quando não há corrente, se escreve assim. Quando não há corrente, se lê assim... sozinho, escondido, amedrontado... Quanto tempo levou entre este texto surgir à sua frente e você se submeter a lê-lo? Será que vai comentar sobre ele com alguma pessoa? E aí, vai passar essa corrente? O que será qualquer organizado de sons e palavras senão uma outra forma de corrente, sem retorno, esperando sempre que a movimentemos para a frente... em conjunto, com os nossos dentes, saliva, energia e... o que vier depois do dia?
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana.
Quando não há corrente, não há elos, não há passagem, não há articulação, não há movimento. Não há perspectiva, não há horizonte, não há sucessividade, não há "o que vier", não há-ve-rá.
Quando não há corrente, não há objetivos comuns, não há o ser do futuro porque não há o par, mero conjunto, no presente. Quando não há corrente, os olhares são perdidos, pois se esquece que se pode aprender com outro humano, modo de subentendermos que há entre e em nós, humanidade. Quando não há corrente, não há passagem de bastão, não se consegue nada que vale a pena ser lembrado pelo resto da vida, pois do que vale uma vitória conseguida única e exclusivamente sozinho? Se for possível identificar tal espécie de vitória, é preciso expô-la para que seja posta à prova da participação de mais um qualquer que seja nessa conquista. A possibilidade existe como pensamento, mas duvido que exista como realidade.
Quando não há corrente, não há bicicleta, o veículo de duas(!) rodas... E se não tiver correntes?... É... a questão não é a corrente... É seu conjunto que no outro podem ser... dentes! É na conversa que estão, assim, dois (ainda que em apenas um) na conversa... Jogos de poder? Sim!... Necessidade de afirmação? Sim... Ânsia por submeter o outro ao que você pensa e defende por meio de suas palavras? Sim!... Receio de que o outro ou a outra desprestigie suas hesitações, medos e demais fraquezas e, digamos, defeitos? Sim!... Mas são medos inerentes a qualquer comunicação entre pessoas. Sem agrupamentos em torno de assuntos, convicções, ideias, projetos, ações, características, semelhanças, diferenças, objetivos, acasos e tantas maneiras de comungar olhares e palavras, sons e atenções, não se pode consubstanciar o alicerce coletivo humano que fundamenta as atividades mais exitosas e reconhecidas entre quaisquer grupos humanos, somente concebidas por um senso conglomerador de notável percepção e sensibilidade social - ou grupal, ou conjugal, ou amical, ou sentimental, ou familiar, ou política, ou representativa, ou idealizadora (ideária)...
Quando não há corrente, não se passa pra frente... Não se vai para a frente, não se pode sair daquela inércia que conforta, mas deforma; que exalta, mas angustia; que promove, e que esvazia; que assegura, mas inquieta... Conviver com essas experiências eventualmente pode ser compreensível, mas a manifestação intensamente periódica desses estados no cotidiano de nossas atividades é desestruturante de nossa condição humana. Creio que tendemos a ser alternos mesmo, no sentido de que estamos entre racional e irracional, e daí com suas potencialidades incompletas nos campos de pensamentos e do que também não pode ou ainda não foi pensado; do que pode e do que não pode ser pensado por quem quer que seja.
Quando não há corrente, se escreve assim. Quando não há corrente, se lê assim... sozinho, escondido, amedrontado... Quanto tempo levou entre este texto surgir à sua frente e você se submeter a lê-lo? Será que vai comentar sobre ele com alguma pessoa? E aí, vai passar essa corrente? O que será qualquer organizado de sons e palavras senão uma outra forma de corrente, sem retorno, esperando sempre que a movimentemos para a frente... em conjunto, com os nossos dentes, saliva, energia e... o que vier depois do dia?
* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana.
segunda-feira, 26 de março de 2018
THE PROPOSAL
Por Rammon Freitas*
I hope this e-mail finds you well. I’m emailing you concerning your proposal. I’ll be blunt: I cannot be in this kind of relationship, because my love is not up for negotiation. What we lived was beautiful, it resulted in a great set of fond memories that I every so often go back to. I deeply wanted and tried to change myself, to be a monogamist, I wish I could change, although it is infeasible. I hope that that proposal of yours was your last attempt to have me.
Adieu,
Diego.
Inwardly, Fernando thought that some things were not meant to be, and off he went.
Finis
* Rammon Freitas é graduando em Letras com Inglês pela UEFS.
It was a Tuesday afternoon when Fernando arrived in his hometown from overseas. His new house was more like a mansion, near the Presidente Dutra Avenue, an upscale neighborhood in Feira de Santana. He had gone abroad for a while, got his doctorate degree there and had made tons of money as the result of a lot of hard work. Now he was back in town. At first, he bought everything he thought he should, the mansion, a farm, two cars and a summerhouse in Madre de Deus to enjoy balmy days by the beach, and escaping from everyone and everything whenever he felt like. Howsoever, all of those things did not make him wake up with a certain gaiety in the morning; that, by the way, was a habit he never changed; he had always woken up early in the morning. First week in Feira and he could acquaint himself with the cool slang terms of the moment, he could catch up with his old friends and could have a nice time with his family that would treat him as a kingat that moment, but never was able to overcome his sexuality. At present, their speech was different, his cousins, aunts, uncles, sisters, brother would come up to him and say, “Youwon’t marry, right? Marriage brings lots of problems.”
His mother once had the audacity to say, “You don’t need a woman, my son, you already have everything you’ve ever wanted. You just need to donate a certain amount to church every month, and show up there whenever you feel like; you know that everybody there loves and looks up to you, eh?” Fernando knew very well what they used to love: money. So now, they would love him, because he possessed plenty of it. He started to think that money couldn’t buy everything, indeed. None of the stuff he had gotten was able to fill the void inside of him. After a while, he perceived the paradox: he was more alone than never, except for Sarah, his old friend that would check in with him every day. Deep down he knew what he was missing, and that was Diego. Fernando had heard that he was a Literature teacher in town, a good one, and was currently single. Fernando remembered when they split up for the last time before he left Brazil, Diego had said he wasn’t one for relationships, though casual or random relationships (whatever that might be) was more like his kind of thing.
The new life and routine was not hard to get used to. He just minded the weather, it was uncommonly hot in Feira de Santana and he just wished he could understand why. Some time went by in this new phase of his life and he continued to wake up chagrined early in the morning, there were days he wished he hadn’t woken up at all. So one of those days, when he woke up vexed, feeling an emotional mess inside, he decided to get ahold of Diego, he got his e-mail address from Sarah, since Diego had changed his phone number and e-mail address and he did not have any kind of social media anymore (he had become someone anti-social, come to that), it was hard to be in touch with him. Fernando then wrote a very explanatory e-mail, putting his heart out, telling him, amongst other things, that he was back in Feira and wished to see him immensely, he indeed had written the word immensely, and after sending the e-mail, he thought that that was a really bad word choice. The reply came within a few minutes; Fernando knew that Diego was still an e-mail person; he was the one who would know Diego better than anyone else would.
They finally got the chance to meet up, it took place at Diego’s favorite restaurant, Los Pampas, and they conversed about life and the relationships they had during the last few years they were apart. Diego really seemed eager in seeing him, and it was mutual, because Fernando could not stop staring at him. After dinner, Fernando invited Diego to visit his place; it was near the restaurant anyway, it wouldn’t take too long. Diego said he had to work early next morning and that reminded Fernando of the proposal he wanted to make. Then, he let him know that there was a proposal coming up; however, he would tell him on one condition, provided he went to visit his place. Diego was curious and agreed, so they left the restaurant after splitting up the bill.
Once there, Fernando showed him all around, including his bedroom, which was aspecial place, and demanded a special occasion. Whilst showing Diego his bedroom, Fernando brought up the proposal again. Diego was all ears eyeing him warily; he went there on that account after all. Fernando told him that he wanted to buy him. “You’re gonna sell me your diploma, your job, your body, your soul, your mind, and your life. Putting it differently, you’re gonna be mine.” It seemed to have astounded Diego, and deep within he knew that what Fernando had said was true, he did not know why, but he knew it was true. Fernando was trembling, and could not disguise it, he’d realized that Diego was analyzing him, and inly he wished he could read his mind. Fernando thought that Diego might have found the whole thing a colossal craziness, completely mental.“I know that you’re not playing around with me, but honestly, I need some time to think about it, even though it sounds utterly mental to me.” After saying that, Diego left Fernando’s house and the latter felt as though a gargantuan wave had hit him, and now he was trying to get oriented again.
A week went by, no e-mail, no phone call, Fernando was waiting anxiously. After the second week he could not control his urges well respecting the response. He knew since the beginning, when the idea popped up in his mind, that it would be a tough call for Diego. Fernando would also think that that was the worst proposal he could ever come up with, it was indeed mental he would concord. The intention of the proposal was to possess Diego, as one of the other things he bought when he came back to Feira. Diego would not work anymore, would not visit his family, unless Fernando allowed him to do so, he would, in other words, belong to Fernando and live off his expanses. The time Fernando lived overseas brought him someone to love, a relationship that would have an expiry date he used to believe. Howbeit, he never truly loved this one man, it was positive and intense while it was transpiring, and Fernando believed that Diego was the one to whom his heart belonged. Fernando would also spend a long time awake during the night (when he wouldn’t sleep fitfully) thinking about how Diego was used to seeing the world. Fernando thought of how ephemeral things were; relationships in which people hook up with everybody and don’t get to know anyone for real. It was all about carnality, and that was the problem with the gay community Fernando would think: people treat each other like a piece of meat, it doesn’t apply to every situation, he’d admit, but still.Furthermore, Fernando was conscious that Diego was the one on that side of the game. Thusly, lost in his night’s musings, Fernando was aware that sex for sex was what Diego believed he was linked to. Having a nonstop sexual life with a bunch of different partners was what Diego used to do in the past after breaking up with Fernando.As to the dumpee, Fernando, he was determined and he would not give up on the Literature teacher.
A month and a half later Diego’s e-mail finally hit Fernando’s inbox. It read:
Dear Fernando,
His mother once had the audacity to say, “You don’t need a woman, my son, you already have everything you’ve ever wanted. You just need to donate a certain amount to church every month, and show up there whenever you feel like; you know that everybody there loves and looks up to you, eh?” Fernando knew very well what they used to love: money. So now, they would love him, because he possessed plenty of it. He started to think that money couldn’t buy everything, indeed. None of the stuff he had gotten was able to fill the void inside of him. After a while, he perceived the paradox: he was more alone than never, except for Sarah, his old friend that would check in with him every day. Deep down he knew what he was missing, and that was Diego. Fernando had heard that he was a Literature teacher in town, a good one, and was currently single. Fernando remembered when they split up for the last time before he left Brazil, Diego had said he wasn’t one for relationships, though casual or random relationships (whatever that might be) was more like his kind of thing.
The new life and routine was not hard to get used to. He just minded the weather, it was uncommonly hot in Feira de Santana and he just wished he could understand why. Some time went by in this new phase of his life and he continued to wake up chagrined early in the morning, there were days he wished he hadn’t woken up at all. So one of those days, when he woke up vexed, feeling an emotional mess inside, he decided to get ahold of Diego, he got his e-mail address from Sarah, since Diego had changed his phone number and e-mail address and he did not have any kind of social media anymore (he had become someone anti-social, come to that), it was hard to be in touch with him. Fernando then wrote a very explanatory e-mail, putting his heart out, telling him, amongst other things, that he was back in Feira and wished to see him immensely, he indeed had written the word immensely, and after sending the e-mail, he thought that that was a really bad word choice. The reply came within a few minutes; Fernando knew that Diego was still an e-mail person; he was the one who would know Diego better than anyone else would.
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Once there, Fernando showed him all around, including his bedroom, which was aspecial place, and demanded a special occasion. Whilst showing Diego his bedroom, Fernando brought up the proposal again. Diego was all ears eyeing him warily; he went there on that account after all. Fernando told him that he wanted to buy him. “You’re gonna sell me your diploma, your job, your body, your soul, your mind, and your life. Putting it differently, you’re gonna be mine.” It seemed to have astounded Diego, and deep within he knew that what Fernando had said was true, he did not know why, but he knew it was true. Fernando was trembling, and could not disguise it, he’d realized that Diego was analyzing him, and inly he wished he could read his mind. Fernando thought that Diego might have found the whole thing a colossal craziness, completely mental.“I know that you’re not playing around with me, but honestly, I need some time to think about it, even though it sounds utterly mental to me.” After saying that, Diego left Fernando’s house and the latter felt as though a gargantuan wave had hit him, and now he was trying to get oriented again.
A week went by, no e-mail, no phone call, Fernando was waiting anxiously. After the second week he could not control his urges well respecting the response. He knew since the beginning, when the idea popped up in his mind, that it would be a tough call for Diego. Fernando would also think that that was the worst proposal he could ever come up with, it was indeed mental he would concord. The intention of the proposal was to possess Diego, as one of the other things he bought when he came back to Feira. Diego would not work anymore, would not visit his family, unless Fernando allowed him to do so, he would, in other words, belong to Fernando and live off his expanses. The time Fernando lived overseas brought him someone to love, a relationship that would have an expiry date he used to believe. Howbeit, he never truly loved this one man, it was positive and intense while it was transpiring, and Fernando believed that Diego was the one to whom his heart belonged. Fernando would also spend a long time awake during the night (when he wouldn’t sleep fitfully) thinking about how Diego was used to seeing the world. Fernando thought of how ephemeral things were; relationships in which people hook up with everybody and don’t get to know anyone for real. It was all about carnality, and that was the problem with the gay community Fernando would think: people treat each other like a piece of meat, it doesn’t apply to every situation, he’d admit, but still.Furthermore, Fernando was conscious that Diego was the one on that side of the game. Thusly, lost in his night’s musings, Fernando was aware that sex for sex was what Diego believed he was linked to. Having a nonstop sexual life with a bunch of different partners was what Diego used to do in the past after breaking up with Fernando.As to the dumpee, Fernando, he was determined and he would not give up on the Literature teacher.
A month and a half later Diego’s e-mail finally hit Fernando’s inbox. It read:
Dear Fernando,
I hope this e-mail finds you well. I’m emailing you concerning your proposal. I’ll be blunt: I cannot be in this kind of relationship, because my love is not up for negotiation. What we lived was beautiful, it resulted in a great set of fond memories that I every so often go back to. I deeply wanted and tried to change myself, to be a monogamist, I wish I could change, although it is infeasible. I hope that that proposal of yours was your last attempt to have me.
Adieu,
Diego.
Inwardly, Fernando thought that some things were not meant to be, and off he went.
Finis
quinta-feira, 15 de março de 2018
O OLHAR DE CAMINHA NO DISCURSO PUBLICITÁRIO
Por Israilda do Vale França*
* Israilda do Vale França, graduada em Letras Vernáculas pela Universidade
Estadual de Feira de Santana (UEFS). E-mail: israildaf@gmail.com
O Jeep Renegade é o primeiro carro da
marca produzido no Brasil, a sua campanha publicitária faz uma descrição do
Brasil e apresenta-o como um país de floresta selvagem, de vento forte.
O filme publicitário traz de volta o
“olhar” do colonizador, com o discurso de um Brasil de muitas águas, natureza
diversificada, clima quente, admirados com a exuberância da natureza,
surpreendidos com a flora, a fauna, a cultura dos habitantes que habitavam as
terras brasileiras, como relata a carta de Pero Vaz de Caminha: “De ponta a
ponta é tudo praia, palma muito chã e muito formosa [...]. E em tal maneira é
graciosa que, querendo-a aproveitar dar-se-á nela tudo por bem das águas que
tem [...] (CAMINHA, 1981).
Assim como na época do descobrimento do
Brasil, o nacionalismo romântico também se preocupou em descrever a natureza, a
vegetação se tornou uma prática dos seus escritores. Logo, em seu slogan o novo Jeep apresenta a frase
“Ele não pertence ao nosso clima em outras águas se banha”, ou seja, o Jeep é
um carro que não é do Brasil, porém está sendo produzido aqui.
Mas o que essa campanha publicitária nos
leva a entender? Como a imagem do Brasil articulada no Romantismo (o Brasil
como país tropical dos cronistas) é retomada convenientemente pela peça
publicitária?
Para começar, o slogan da campanha traz a frase “feito pra você fazer história”. O
filme publicitário faz um convite para desbravar, explorar as terras
brasileiras com o novo Jeep, retomando o discurso dos cronistas que descreviam
o Brasil como um país que possuía uma natureza bela, com terras a serem
exploradas. O Romantismo encontrou na natureza uma maneira de exaltar a pátria
(Brasil) como relata o poema Canção do
Exílio: “minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá / as aves que aqui
gorjeiam / não gorjeiam como lá” (DIAS, p. 1). A campanha publicitária do Jeep
Renegade resgata novamente essa imagem do Brasil que possui matas, animais e
que deve ser exaltado pela natureza que tem.
Nessa peça publicitária do século XXI
pode-se constatar que há muita persistência em retratar o Brasil com o modelo
nacionalista que predominava no período romântico, trazendo de volta todo
imaginário europeu da época do descobrimento do Brasil. A publicidade do novo é
produzida com o “olhar” do europeu, por isso que a natureza é retratada como
incompreensível, indomável, selvagem, forte, perigosa, fazendo um tratado
descritivo do Brasil.
O nacionalismo romântico, que impregnou
em seguida nossas literaturas vinha ele mesmo da Europa, via França. A atenção
que os escritores prestaram então à natureza Americana e aos aborígenes vinha
diretamente da obra de Chateubriand, reveladora de uma matéria literária que
eles tinham a domicílio (PERRONE, 1997, p. 250).
Assim como o nosso romantismo veio da França,
foi impregnado no Brasil com base nos ideais franceses, voltando-se para o
nacionalismo a exaltação da natureza, o Renegade também veio de outro
lugar, de outro olhar, para ser produzido no Brasil, por isso a paisagem
representada em sua campanha publicitária é tão bela, o que se deseja é
descrever a vegetação, exaltar essa beleza, riqueza, com o novo Jeep. A
natureza brasileira é a grande observação, passamos a ver o Brasil com o olhar
do “outro”. “A natureza americana vista pelo olhar europeu foi concebida como natureza natural, e como tal foi aceita
pelos latinos americanos” (PERRONE, 1997, p. 252). A natureza apresentada na
campanha publicitária do Renegade não é a imagem da natureza criada pelos
brasileiros, mas uma natureza que torna-se bela comparada com a europeia, e
passamos a nos ver pelo olhar do “outro”, a ver a nossa natureza hoje como o
europeu via no momento do descobrimento do Brasil.
“Essa natureza, muito favorável ao desenvolvimento
do gênio, esparze por toda parte seus encantos, circunda os centros urbanos com
os mais belos dons” (DENIS, 1978, p. 37-38). A propaganda do novo Jeep se
apropria e traz de volta todo o imaginário europeu, imaginário da terra
propícia em que tudo o que se planta dá, os arvoredos, as águas infindas, o
vento forte para poder convencer o telespectador que o Jeep é o carro que está
pronto para desvendar, trilhar toda essa terra.
Sendo assim os brasileiros devem comprar o novo Jeep Renegade, pois é
através dele que iremos conhecer a “nova terra”. A natureza será descoberta
retomando a ideia de que o Brasil tem uma natureza selvagem.
Quando os colonizadores europeus
chegaram ao Brasil, procuraram descrever toda paisagem que foi vista durante a
viagem, como relata o trecho da carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel, rei
de Portugal: “Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra!
Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; e depois outras terras
mais baixas ao sul dele; e terra chã, com grande arvoredo”. (CAMINHA 1981, p.
96). Esta foi a descrição da natureza e a formação do imaginário europeu em
contato com a “nova terra” que estava sendo descoberta.
Considerações
finais
O novo Jeep apresenta as matas
brasileiras como se fosse um lugar de diversão e busca por aventuras, o Renegade
se vê atraído pela floresta e quer habitá-la, andar por ela. A maneira de ver a
natureza no Brasil não mudou muito dentro da publicidade brasileira, os olhares
que vieram desde a época dos colonizadores, ganhando força durante o romantismo
brasileiro, continuam a ser repetidos na atualidade.
O Brasil continua a ser lembrado, não
pelas histórias de independência do país, pelos índios que são constituintes da
identidade brasileira, a nossa trajetória nunca é lembrada de maneira bonita,
mas nossa geografia sim: “pouca história e muita geografia assim nos veem e,
pior, assim nos vemos” (PERRONE, 1997, p. 253).
Passaram-se muitos anos desde a época do
descobrimento até os dias atuais, porém essa ainda é a imagem que se tem do
Brasil dentro e fora do país, a noção da natureza exuberante, porque este foi o
retrato aceito pela sociedade brasileira de forma simples e sem
questionamentos.
REFERÊNCIAS
CAMINHA, Pero. A carta de Pera Vaz de Caminha. São Paulo: Moderna, 1999.
DIAS, Gonçalves. Canção do exílio. Coimbra: 1843.
PERRONE, Leyla. Paradoxos do
nacionalismo literário na America Latina. 14°
Congresso da associação Internacional de Literatura Comparada. Edmonton,
Canadá, ago. 1994.
DENIS, Ferdinand. Resumo da História
Literária do Brasil. In: CESAR, Guilhermino (Org.). Historiadores e críticos do romantismo. 1. A contribuição europeia:
crítica e história literária. SP/RJ: Edusp/LTC, 1978, p. 35-86.
VIMEO. Disponível em:
. Acesso em: 25 set. 2015.
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
O QUE A 'GRADUANDO' TEM A VER COM UMA GRADUANDA EM LETRAS DA UEFS?
Por Josenilce Barreto*
Somente isso já é motivo de comemoração para nós. Contudo, inicio as próximas linhas com um relato de minha experiência desde o meu ingresso até o momento atual de minha participação e contribuição no processo de feitura e manutenção da nossa Graduando.
Era final de novembro de 2010, vésperas do lançamento da primeira edição da Revista Graduando, o qual aconteceria em 02 de dezembro daquele ano, período em que fui convidada por um dos fundadores do periódico para prestigiar o lançamento e, depois, começar a participar das reuniões, enquanto simples curiosa. Contudo, na época, eu estava com outros projetos em mente e, por conta disso, não dei muita atenção nem ao lançamento e nem ao convite de participação.
Passaram-se os lançamentos da primeira e da segunda edição da revista e, novamente, o mesmo criador e conselheiro do periódico me convidou para participar das reuniões, o que foi, para mim, uma grata surpresa. Aceitei o convite e, por curiosidade e sem compromisso assumido, resolvi ir à uma das ditas reuniões que acontecia aos sábados, na Biblioteca Municipal Arnold Silva, em Feira de Santana.
Ao final daquela reunião, entendi melhor a articulação e o funcionamento interno da revista e, em seguida, ainda me mandaram, via e-mail, alguns documentos sobre o projeto do periódico. Resultado: apaixonei-me pela proposta e pela “revolução” que aquilo proporcionaria, de fato, aos cursos de Letras da UEFS.
Após ler cautelosamente cada linha do projeto, constatei que provavelmente valeria à pena investir o meu tempo e energia naquilo, que me soava como uma proposta ousada e que já estava dando certo, posto que duas edições já tinham sido lançadas. Então continuei participando das reuniões, dando pitacos em tudo e, ao final, estávamos construindo diálogos, cujo objetivo era melhorar e ampliar a participação dos graduandos na terceira edição, que estava prestes a ser lançada. Nesse ínterim, lá estava eu toda envolvida, motivada e aprendendo com a revista coisas que nem as disciplinas da minha graduação, principalmente a de metodologia do trabalho científico, estavam me ensinando: como fazer/produzir um artigo, resenha, como fazer uma boa revisão, questões de normatização, leitura e discussão de ABNT, como funciona um periódico, o que cada revisor deve fazer etc. etc. Vi, de fato, uma oportunidade de aprender na Graduando coisas que eu não vi em muitas disciplinas da Graduação, o que de um lado me entristece e de outro me deixa feliz porque alguém (a Graduando) não me permitiu sair da graduação sem saber essas coisas!
Veio o lançamento da terceira edição, em 31 de maio de 2012, momento em que me senti extremamente feliz, porque eu estava colhendo os frutos de uma edição que eu ajudei a fazer, comemorada com o evento Os traços e trilhas da pesquisa em Letras que nós organizamos, no qual tivemos um público bem maior do que nas duas edições anteriores (o que pode ser verificado a partir das fotografias publicadas no site da revista, na página intitulada memória). A partir desta edição, fui integrada como parte do Conselho Editorial da revista e desde então continuo nesta função e na de revisora final, o que para mim é uma imensa responsabilidade.
Talvez muitos nem saibam o quanto a gente trabalha para manter e lançar regularmente um número da revista, mas, com certeza, todos devem saber que somos uma das poucas revistas discentes existentes no Nordeste e no Brasil, o que já é uma grande conquista. Entretanto, ao ler este textinho até aqui, vocês devem se questionar o por quê estou lhes contando essas coisas? A resposta é um tanto óbvia: porque a Graduando fez parte de minha formação acadêmica e profissional, assim como também o fez da de muitas outras pessoas que passam e já passaram pela UEFS, muitas delas já professores ativos.
Logo, falar da Graduando em um contexto em que muitos já a conhecem pode até parecer redundante ou desnecessário, mas não é! Quantas pessoas vocês conhecem que já publicaram ou colaboraram, nem que seja mandando uma fotografia para concorrer à capa da revista? Quantas revistas discentes vocês conhecem que, em 7 anos, já tem 11 edições, 10 lançadas e uma saindo por esses dias? Quantas revistas discentes vocês conhecem que começou a ser feita por graduandos e que ainda continua sendo, já que o graduando envia trabalho, publica, manda fotografia para a capa da respectiva edição, vota, escreve para o blog etc. etc.?
Pensando em tantas questões, decidi escrever este texto justamente para falar que uma dessas pessoas que começou como graduanda na revista fui eu e que, com o conhecimento adquirido a partir dela, muitas outras coisas aconteceram. Ao longo desses 7 anos (2010 a 2017), a Graduando já contribuiu para a formação de centenas de estudantes de Letras da UEFS e, da 10ª edição para cá, de estudantes de Letras de todo o Brasil, o que é, sem sombra de dúvidas, bastante significativo, haja vista que estamos em um contexto em que os graduandos já escrevem e leem bem mais esta revista do que no início dela!
Durante esses anos, muitos graduandos já se formaram, alguns deles já são especialistas e mestres, e outros no doutorado, como é o caso de alguns articulistas das primeiras edições, de alguns revisores e até da conselheira que vos escreve. Sendo assim, ver graduandos que passaram, enquanto leitores, articulistas, revisores e até conselheiros terem se tornado professores mais qualificados nos dá mais fôlego, e esperança aos que ainda vão ingressar nos cursos de Letras. Assim, quando presenciamos colaboradoras, como é o caso recente de Jéssica Mina e de Vanessa Pereira, serem aprovadas em cursos de mestrado, sentimos alegria e motivação para continuarmos contribuindo com a formação dos graduandos em Letras.
Como o próprio título deste texto diz: o que a Graduando tem a ver com uma graduanda em Letras? Muita coisa, não?! É preciso exercitar a escrita acadêmica e essa revista possibilita, entre outras coisas, isso aos graduandos em Letras, quando publica e divulga os seus textos nacional e internacionalmente.
E no caso da autora deste texto, é salutar, mais do que falar, agradecer a oportunidade que lhe foi dada pela Graduando, que me viu enquanto graduanda em Letras, depois especialista, mestra, professora substituta da UEFS, doutoranda em uma das melhores universidades brasileiras e professora da terceira melhor universidade baiana, segundo última avaliação da CAPES e do MEC. Mais do que agradecer, é preciso reconhecer a importância dos conhecimentos que me foram oportunizados dentro da revista, enquanto conselheira editorial e revisora de trabalhos.
Logo, no mínimo, o que se espera é que, assim como eu, outros graduandos também tenham a oportunidade de participar desta ou de outras revistas, de instituições administrativas como, por exemplo, o diretório acadêmico dos estudantes, de bolsas de pesquisa, de extensão ou de tecnologia etc., cujo interesse central do estudante de Letras seja o de aprender e amadurecer acadêmica e profissionalmente, e que esses aprendizados o levem a caminhos muito mais amplos do que os meus.
É com este desejo que quero encerrar 2017 e este texto: mais oportunidade aos estudantes de Letras! Dito isto, deve ter ficado claro o que a Graduando tem a ver com os estudantes de Letras, não é mesmo?
* Josenilce Barreto é graduada em Letras Vernáculas e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). É professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e também integra o conselho editorial da Graduando.
quarta-feira, 29 de novembro de 2017
REPRESENTAÇÃO DO AMOR E SEU VALOR SOCIOCULTURAL NO ROMANCE "O PRIMO BASÍLIO "
Por Paloma Virgens Santiago*
No livro intitulado O Primo Basílio, o Eça de Queiroz, faz diversas críticas sociais, critica a sociedade burguesa, a formação da mulher portuguesa, a instituição casamento e procura quebrar a ideia de casamento por amor. Na época em que se passa a história, século XIX, as mulheres possuíam uma educação voltada somente para leitura de livros selecionados pelos pais, professores ou maridos.
Além disso, eram educadas religiosa e obrigatoriamente. Para serem aceitas na sociedade e garantirem a sobrevivência, precisavam se casar. E foi o que Luíza e Leopoldina, personagens do livro, fizeram. Assim, Luíza casou-se com Jorge, para garantir a própria sobrevivência e a da mãe. Leopoldina também deixa isso bem claro, que não se casou por amor, referindo-se ao seu marido com palavras que expressam escárnio, nojo.
Antes da chegada do primo, Luíza era considerada pela sociedade da época uma boa esposa, possuía empregadas e uma vida confortável; porém, era solitária, tendo em vista que o marido passava a maior parte do tempo viajando. Descreve Jorge, seu marido, como homem ideal, não havia do que reclamar. Entretanto, pode-se perceber que Jorge a prendia muito e a tratava como uma criança, que não podia expressar as próprias opiniões, ter amizades próprias, e criticava sua amizade com Leopoldina, temendo que ela pudesse influenciar Luíza por conta do estilo de vida que levava, um estilo muito à frente do seu tempo, poderia ser considerada uma mulher com ideais feministas, que ama intensamente e vive amores proibidos, nunca foi feliz em seu casamento. Por conta da sociedade e dos valores morais que eram impostos, na época Leopoldina era considerada uma mulher vulgar. Levando em conta os aspectos supracitados, podemos perceber a crítica do casamento por amor, observando que ambas as personagens possuíam interesses em casar, influenciadas, é claro pela, pela realidade vivida por elas na época.
Após a chegada do primo de Luíza, a visão que a sociedade “lisboeta” possuía sobre ela cai por terra e ela passa a ser vista de forma diferente por todos, começam a comentar sobre as suas saídas e encontros com o primo. Luíza vê Basílio como o “Don Juan” que vê nos livros, sendo contaminada pela leitura. A partir daí, percebe-se a visão do autor que apresenta Luíza como uma mulher de ideais frágeis, completamente débeis e que podem ser facilmente corrompidos por conta de leituras e amizades. O autor expõe a figura feminina ao ridículo, mostrando que ela pode ser facilmente enganada. Eça de Queiroz traz sua cosmovisão, ou seja, o conjunto de opiniões que ele possui sobre a sexualidade feminina, sobre o papel da personagem como esposa e sobre a postura de fidelidade que a mulher tem que possuir no casamento. Em nenhum momento o autor diz que Jorge trai Luíza, porém, dá a entender que, em suas viagens, ele se envolve com mulheres. Entretanto, o personagem não é visto de uma forma ruim pelo autor. A culpa do adultério recai para a mulher, que deve ser sempre submissa ao marido.
Segundo a ficha de leitura encontrada no livro, o autor ataca a instituição casamento e mostra que a sociedade sempre será doente, tendo em vista que o casamento seria a raiz de uma sociedade, o início de uma família e nele já havia corrupções, mentiras, enganações. Fica bem claro também que isso não acontece apenas no casamento da personagem Luíza, mas também no casamento da personagem Leopoldina, já que a mesma não amava o marido e vivia paixões com intuito de descobrir um grande amor.
REFERÊNCIAS
QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ciranda cultural, 2008.
No livro intitulado O Primo Basílio, o Eça de Queiroz, faz diversas críticas sociais, critica a sociedade burguesa, a formação da mulher portuguesa, a instituição casamento e procura quebrar a ideia de casamento por amor. Na época em que se passa a história, século XIX, as mulheres possuíam uma educação voltada somente para leitura de livros selecionados pelos pais, professores ou maridos.
Até meados do XIX, grande parte da população que tinha acesso à língua escrita era dotada apenas da capacidade de leitura, uma vez que os aprendizados da leitura, da escrita e do cálculo eram feitos em momentos dissociados e sucessivos (cf. Roche, 1996; Viñao Frago, 1999; Chartier, 2001; e Magalhães, 1994). Ser capaz de ler e incapaz de escrever era uma situação muito comum para o modelo de formação feminina. A capacidade de escrever confere ao seu detentor um poder simbólico e permite, ainda, a comunicação secreta, pessoal e possibilita uma independência "perigosa". (MORAES, CALSAVARA, SILVA, 2006)
Antes da chegada do primo, Luíza era considerada pela sociedade da época uma boa esposa, possuía empregadas e uma vida confortável; porém, era solitária, tendo em vista que o marido passava a maior parte do tempo viajando. Descreve Jorge, seu marido, como homem ideal, não havia do que reclamar. Entretanto, pode-se perceber que Jorge a prendia muito e a tratava como uma criança, que não podia expressar as próprias opiniões, ter amizades próprias, e criticava sua amizade com Leopoldina, temendo que ela pudesse influenciar Luíza por conta do estilo de vida que levava, um estilo muito à frente do seu tempo, poderia ser considerada uma mulher com ideais feministas, que ama intensamente e vive amores proibidos, nunca foi feliz em seu casamento. Por conta da sociedade e dos valores morais que eram impostos, na época Leopoldina era considerada uma mulher vulgar. Levando em conta os aspectos supracitados, podemos perceber a crítica do casamento por amor, observando que ambas as personagens possuíam interesses em casar, influenciadas, é claro pela, pela realidade vivida por elas na época.
Após a chegada do primo de Luíza, a visão que a sociedade “lisboeta” possuía sobre ela cai por terra e ela passa a ser vista de forma diferente por todos, começam a comentar sobre as suas saídas e encontros com o primo. Luíza vê Basílio como o “Don Juan” que vê nos livros, sendo contaminada pela leitura. A partir daí, percebe-se a visão do autor que apresenta Luíza como uma mulher de ideais frágeis, completamente débeis e que podem ser facilmente corrompidos por conta de leituras e amizades. O autor expõe a figura feminina ao ridículo, mostrando que ela pode ser facilmente enganada. Eça de Queiroz traz sua cosmovisão, ou seja, o conjunto de opiniões que ele possui sobre a sexualidade feminina, sobre o papel da personagem como esposa e sobre a postura de fidelidade que a mulher tem que possuir no casamento. Em nenhum momento o autor diz que Jorge trai Luíza, porém, dá a entender que, em suas viagens, ele se envolve com mulheres. Entretanto, o personagem não é visto de uma forma ruim pelo autor. A culpa do adultério recai para a mulher, que deve ser sempre submissa ao marido.
Segundo a ficha de leitura encontrada no livro, o autor ataca a instituição casamento e mostra que a sociedade sempre será doente, tendo em vista que o casamento seria a raiz de uma sociedade, o início de uma família e nele já havia corrupções, mentiras, enganações. Fica bem claro também que isso não acontece apenas no casamento da personagem Luíza, mas também no casamento da personagem Leopoldina, já que a mesma não amava o marido e vivia paixões com intuito de descobrir um grande amor.
Típico romance de tese, o Primo Basílio critica a burguesia lisboeta, mais precisamente o ambiente doméstico de uma família burguesa de Lisboa. A obra faz a ‘’análise do casamento como núcleo de tal sociedade a provar que a corrupção do todo começa por ali, já que o casamento constituía a estrutura básica do sistema burguês. O adultério, consequência natural desses casamentos, faz-se lugar comum em tal sociedade. (CIRANDA, 2008, p. 376) .
REFERÊNCIAS
QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ciranda cultural, 2008.
CALSAVARA, Eliane de Lourdes; Morais, Christianni Cardoso; SILVA, Gisele Elaine da. Leituras “corretas” para mulheres “ideais”: educação moral do “bello sexo” para instrução da família e formação da pátria no século XIX. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 10, 2006, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, RJ, 2006. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2017.
* Graduanda em letras com inglês pela Universidade Estadual de Feira de Santana – Departamento de letras e artes. E-mail: palomavirgens2015@gmail.com
* Graduanda em letras com inglês pela Universidade Estadual de Feira de Santana – Departamento de letras e artes. E-mail: palomavirgens2015@gmail.com
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