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segunda-feira, 14 de julho de 2014

HERÓIS ESQUECIDOS


* Por Rosana Carvalho


Esse ano, com os 50 anos do Golpe, mais do que nunca pudemos observar, nos meios de comunicação ou manifestações isoladas de grupos específicos, algumas homenagens às “vítimas” da Ditadura Militar. Muros foram pichados, papéis distribuídos, mas o que pouca gente sabe é que os torturadores do período estão espalhados por aí em nomes de escolas, ruas e avenidas e, ainda que inconscientemente, são mais lembrados do que os muitos personagens injustiçados naquele momento de opressão. Contudo, não é bem do esquecimento relegado às vítimas da ditatura que me proponho a falar. Hoje, quero lembrar-vos de duas personalidades que me foram apresentadas, a pouco mais de um ano, pelo meu orientador o Prof. Dr. Claudio C. Novaes. Refiro-me às figuras de Olney São Paulo e Eurico Alves, sendo que o primeiro, coincidentemente, foi preso e torturado pela Ditadura Militar.

Olney é natural de Riachão de Jacuípe, mas foi em Feira de Santana que Olney descobriu o amor pelo cinema e se empenhou na difusão cultural entre todos os ramos da população. Eurico Alves nasceu em Feira de Santana e aí viveu a infância e ingressou nos estudos que concluiria um pouco mais tarde em Salvador. Mas, o que Olney e Eurico têm em comum? Essa pergunta é simples, o que aproxima esses dois artistas é o amor pela temática sertaneja, que movia a vida de ambos.

Olney São Paulo era apaixonado pelo cinema, a sétima arte era o combustível da vida desse cineasta. Imbuído das perspectivas cinemanovistas repercutidas na Bahia, hoje praticamente nenhum livro que trate de Cinema Novo menciona o nome de Olney São Paulo. Essa pouca aparição do cineasta é semelhante ao apagamento dos personagens marginais do sertão. Já Eurico Alves foi um dos fundadores e representantes do Modernismo baiano, movimento literário que, pela postura revolucionária e interesse pela cultura popular, chega mesmo a se aproximar do Cinema Novo. O conjunto das obras desse autor e sua vida cultural também continuam no esquecimento.

Quando falamos em Cinema Novo, lembramos principalmente dos nomes de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Alex Viany. Vez ou outra o nome de Roberto Pires também aparece em alguma nota, afinal foi ele o produtor do primeiro longa metragem baiano, o filme Redenção, e do grande sucesso de A grande feira. Mas, e de Olney São Paulo, o diretor que produziu seu primeiro filme, Um crime na rua, utilizando uma câmera emprestada e a ajuda de alguns amigos, quem é que lembra? Quem é que lembra dos filmes Manhã Cinzenta e Grito da Terra?


Olney São Paulo e Eurico Alves são apenas dois exemplos, os outros são enumeráveis. Nos últimos 14 meses, os nomes desses dois artistas não se afastaram dos meus pensamentos. Mas e quanto a vocês, será que depois da leitura dessas breves linhas procurarão algum poema de Eurico Alves para ler ou algum filme de Olney São Paulo para assistir? De toda sorte, fica o convite. E, se tiverem interesse também, procurem pelos nomes esquecidos, deem oportunidades para essas vozes.


Rosana Carvalho é graduanda em Letras Vernáculas e bolsista de iniciação científica Probic/UEFS. Tem como orientador o prof. Claudio C. Novaes.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Quem foi...

... Mary "Perdita" Darby, a autora inglesa que sofreu no casamento, foi amante de um príncipe e terminou seus dias escrevendo em prol das causas feministas.

Por Juliana Pacheco*


         Mary Darby nasceu em Bristol, Inglaterra; não se sabe precisar corretamente o ano, mas biógrafos têm aceitado o ano de 1757 como ano de seu nascimento, contrariando suas próprias declarações que apontavam o ano de 1758. Quando ela ainda era criança, seu pai abandonou sua mãe, indo viver com uma amante. A mãe de Mary teve muitas dificuldades para manter a família, e Mary acabou sofrendo com os resultados dessa dificuldade.
                Sua mãe a obrigou a casar com Thomas Robinson, um homem que declarava ter uma grande herança para receber e poderia, portanto, sustentar bem a família. Mary não concordava com isso, mas depois de uma doença em que ele se mostrou solícito e ficou ao seu lado, ela atendeu aos desejos da mãe e se casou, aos 15 anos. Mary não foi feliz em seu casamento. Além de seu marido, na verdade, não ter meios de se sustentar ou a uma família, ele teve várias amantes.  Thomas gastava mais dinheiro do que o que possuía e do que o que Mary conseguia, acabando preso por dívidas. Nessa época, com a ajuda da Duquesa de Devonshire, ela publicou seu primeiro livro de poemas.
                Ainda jovem, Mary foi incentivada a tentar a carreira como atriz, e fez alguns esforços nesse sentido. Depois que seu marido deixou a prisão, ela continuou sua carreira, obtendo sucesso e se tornando conhecida na região em sua época. Seu papel mais importante foi o de Perdita, em uma adaptação de Shakespeare. Foi durante uma apresentação dessa peça que o Príncipe de Gales George IV (que mais tarde se tornaria o rei George IV) se interessou por Mary e ofereceu vinte mil libras pra que ela se tornasse sua amante. Ela resistiu durante algum tempo, mas acabou cedendo ao assédio do príncipe. O caso teve repercussão nos jornais da época, como um grande escandalo da família real. Eles ficaram conhecidos como "Florizel e Perdita", nomes do casal principal da peça.
                O romance com o príncipe durou menos de um ano e a quantia prometida nunca foi paga. Ela conseguiu um acordo com a coroa inglesa para receber uma soma anualmente, em troca das cartas que George tinha escrito para ela. O pagamento desse dinheiro não era regular, e muitas vezes não acontecia. Ela ficou impedida de voltar aos palcos, pois o público não via com bons olhos seu romance com o príncipe.
                Depois de separada do marido pelo episódio com o príncipe, ela teve uma série de romances mal sucedidos. Com Banastre Tarleton, um bem sucedido soldado americano, ela teve um caso que durou 15 anos e que tinha a desaprovação de toda a família de Tarleton. Ela não chegou a se casar com ele, tendo ele se casado com outra mulher pouco depois de se separar dela.
              Mais uma vez sozinha, Darby deu continuidade a sua carreira literária, na qual teve reconhecimento ainda em vida. Muitos dos amigos de Darby foram seus colegas do meio literário, e eles foram a companhia de Darby até sua morte, em 1800.
                A biografia de Mary Darby é importante, pois está diretamente relacionada à sua obra. Seja no começo de sua carreira literária, quando escreve sobre a sensação de abandono e a decepção no casamento, seja no final, quando tem importantes trabalhos na luta pelos direitos da mulher. Nessa segunda fase de sua carreira, pode-se destacar a sátira que faz de Tarleton em uma de suas peças e a defesa do direito de a mulher se separar sem sofrer preconceito.
               Um pequeno trecho da obra de Darby:

"Suponha que destino, ou interesse, ou acaso, ou o que você quiser, tenha unido um homem, assumidamente de entendimento fraco e debilidade física, a uma mulher forte em todos os poderes do intelecto e capaz de suportar o cansaço de uma vida atribulada: não é degradante para a humanidade que essa mulher tenha que ser passiva, escrava obediente de tal marido? Não é repugnante para todas as leis da natureza que os sentimentos, ações e opiniões dela tenham que ser controladas, pervertidas e corrompidas por tal cônjuge?"  



Referências:

Dawn M Vernooy Epp, "Mary Darby Robinson's poetry and prose: Reading the intersections of Romantic period popular culture and the arts" (January 1, 2003). ETD collection for University of Nebraska - Lincoln. Paper AAI3092605.
http://digitalcommons.unl.edu/dissertations/AAI3092605

http://www.rc.umd.edu/editions/robinson/mrintro.htm
http://digital.library.upenn.edu/women/robinson/biography.html
http://digital.library.upenn.edu/women/robinson/1791/1791-understand.html




* Juliana Pacheco é graduanda em Letras com Inglês na UEFS e membro da equipe Graduando.



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