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segunda-feira, 22 de maio de 2017

DISCURSO DE FORMATURA - Letras Estrangeiras de 2011.1 (UEFS)

Por Jaqueline Andrade


“O futuro não é um presente, é uma conquista.” Quão oportuna essa frase nos é hoje. Quantas vezes este momento foi sonhado e idealizado por mim, por vocês, pelos nossos pais? Foi em busca da concretização desse sonho que estivemos aqui, nesta universidade, nestes últimos quatro, cinco, e, para alguns, oito anos. E nada mais justo do que atribuir a este momento o cognome conquista, já que a trajetória percorrida por cada formando — para que aqui estivesse hoje — foi cheia de pedras, de todos os tamanhos e tipos: disciplinas frustrantes; professores que exigiram muito pouco; as nossas próprias dificuldades enquanto alunos; as nossas imperfeições enquanto humanos e os imprevistos da vida. Alguns lidaram com a perda de amigos e entes queridos durante o curso, outros viram a família aumentar com a chegada de um bebê, e ainda houve quem tivesse que superar a falta de apoio dos que mais deveriam ser uma torre forte.

Nestas turmas de Letras, tivemos quem viesse de longe: de lá das bandas do Chile; houve também aqueles que viajavam diariamente para chegar à universidade, vindos de Santo Estevão. “Mas será que valeu a pena?”, alguns questionarão, e eu, como porta-voz da turma, direi prontamente: “faríamos tudo mais uma vez, se preciso fosse”. E por falar em questionamentos, houve um que foi dirigido a cada um de nós, estudantes das Letras, representado pela seguinte pergunta: “mas você vai ser professor, mesmo?!”. Como era chato ouvir isso, no entanto, este tipo de indagação nos fez pensar se deveríamos seguir a profissão de professor. A reflexão feita nos revelou o seguinte: todos necessitam de professores, todos querem e precisam ser competentes linguisticamente; todos almejam aprender uma segunda língua, seja ela o inglês, o francês ou o espanhol. Mas poucos reconhecem os profissionais que zelam por essa aprendizagem. Saber disso nos desanimou? Graças a Deus, não. Nosso compromisso maior deve ser com a educação brasileira: com os nossos filhos, com os seus filhos e com tantas gerações que virão. Ao saber da escolha pela licenciatura em letras, muitos simplesmente tentaram nos fazer mudar de rumo. Ainda bem que não os escutamos, senão este momento teria sido riscado da vida de alguns de nós ou de todos.

Fernando Pessoa, em um dos seus heterônimos, escreveu o seguinte:
Eu tenho uma espécie de dever
de dever de sonhar,
de sonhar sempre,
pois, sendo mais do que um espectador de mim mesmo
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
em salas supostas,
invento palcos, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Que cada um de nós nunca se esqueça de seu dever de sonhar, de sonhar sempre com uma educação de qualidade. Quem já está em sala de aula ou já esteve, sabe que há alguns fatores que, à primeira vista, parecem nos impossibilitar de dar o melhor espetáculo que podemos, mas só parecem, porque nos reconstruímos “a ouro e sedas, inventamos palcos”. Não desistimos, pois ouvimos e vemos as “músicas invisíveis” que vêm por meio do olhar grato do aluno, da palavra de agradecimento e da certeza de seu aprendizado.

Assim, da próxima vez que escutarmos: “mas você é professor?”, cada um poderá dizer, sem titubear: “sim, sou. Eu aceitei o desafio.” Por isso, meus queridos colegas, parabenizo-os por terem aceitado esse desafio: congratulations for you, mes compliments à nous e felicitaciones a nosotros.

Muito obrigada a todos!

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