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segunda-feira, 17 de junho de 2019

9: A CULPA É NOSSA!


Por Marcelo Oliveira da Silva*


Eram 9 também, mas era quinta, ou era sexta, não sei, já era mais de nove. Era outro mês também, era outro tempo. Era paz, quando eu declarei guerra, ainda pedi socorro, fui ouvido, mas a paz era conflito. Era manso, o coração. O olhar era tenso, era canhão em estado de festa. Olhares, subliminares. Toques, escanteios. Trêmulos lábios. Saiam! Saíram, cruzaram ruas e vielas, e nas entranhas das ladeiras eram correntezas de palavras vãs autodeclaradas futuras, construtivas e visionárias. Estávamos acompanhados de versos e experiências que nos levavam a ladeiras e desejos de intensos mais. Eram 9, acabara o primeiro ato de uma história finda.

Ouvimos, ouvi juras de carinho. Não eram juras, não as ouvi, quis escutá-las, as criei. Não era amor. Era. Era amor univalente, unilateral. Era passagem de ida, não tinha retorno. Eram mudanças. Em nove horas, nove mudanças: não estar mais onde estivemos e reaprender que momentos são únicos e não serão eternizados... opa, eram 9. Pois sete faltam, mas também noves fora é nada, e nada resultou.
Passaram dias, 9 precisamente, vivemos de promessas, outro encontro, antes das 9, quebramos o protocolo, mas fizemos melhor do que antes, fizemos diferentes, havíamos aprendido, queríamos mais, mas só mais naquele instante, um queria outros mais, outro um menos. Fomos nos distanciando. Espera, já somos distantes, viemos de outros mundos. Um terceiro momento, agora sim, eram 9, minutos de prazer, protocolo quebrado, não quiseram mais que estivéssemos, não queria, quero, quer, não quer. Quero! Não quero! Não queres, não tens!

Pedimos encontros, negados, nove no total, rompemos elos e elos não foram restabelecidos, talvez não serão, ou são. Fora um sonho, nove no total. Mas não foi culpa minha, eu apenas disse que queria e você não ouviu. Ouviu. A culpa é nossa, você dissera primeiro e eu não ouvi. Ouvi. Ei, eu falei primeiro, você que não ouviu. Ouviu. A culpa é nossa, falamos mansos, não fomos ousados. Fomos. Fui, vc não! Sim, a culpa é minha, fui intenso, você foi muito e depois menos, eu fui mais, quis mais, sou mais. Mas fui menos, menos que pude ser, menos que pude esconder, não escondi. Está aí minha culpa, nove vezes ter dito o que quis, está aí minha culpa, ser verdadeiro, honesto comigo, logo, com você. Você, aquele espelho do primeiro encontro após as nove, nove vezes te encarei e tentei não tocar teus lábios, tocamos. Está aí nosso erro, nossa culpa. Sim, nossa! Fomos nós. Agora são 9, já é domingo, não tem festa. Não subiremos ladeira alguma, não há palavras, não há olhares, não há lábios nem promessas não ditas. Cumpra-se. São 9, chegamos aqui. A culpa é minha, cheguei. A culpa é sua, não veio. A culpa é nossa, não fomos. São 9, nove somos. Noves fora, nada.


* Marcelo Oliveira da Silva é Licenciado em Letras Vernáculas pela UEFS.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCRITA DE VICTOR MASCARENHAS

Por Neila Brasil Bruno*


Desde que lançou seu primeiro livro, Cafeína, em 2008, Victor Mascarenhas vem criando, com segurança, textos que o colocam em posição de destaque no cenário baiano da literatura. Dono de uma escrita precisa e clara, seu estilo versátil tem conquistado leitores. Um certo Mal-estar é um livro de contos, o quarto publicado por Victor Mascarenhas. O escritor também atua como roteirista e publicitário.

Em Um certo Mal-estar, é possível notar um interessante processo de construção ao considerarmos suas estratégias narrativas: é um livro com treze contos, escritos numa linguagem concisa e objetiva – onde a ficção e o cotidiano estão entrelaçados. Para tanto, o autor apresenta a vida ordinária das personagens em mínimos detalhes. Através de um estilo próprio e enxuto, o leitor é direcionado para histórias de vidas comuns por meio de uma linguagem às vezes coloquial, que se revela inovadora.

Neste post, eu gostaria de tecer algumas reflexões sobre o conto intitulado “ela”, onde o autor cria personagens misteriosas, sobre as quais descreve e insere o que imagina, interessando e envolvendo o leitor. O conto traz a seguinte epígrafe: “O seu amor é uma mentira que a minha vaidade quer (CAZUZA). A citação pode estar ligada ao conflito amoroso vivido pela personagem “Ele”. É interessante pontuar que as personagens não recebem nomes próprios, mas são simplesmente denominadas como “Ele” e “Ela”.

Narra-se no conto um vínculo conflituoso entre um homem e uma mulher. A mulher representada não é uma mulher submissa; ao contrário, trata-se de uma figura feminina extremamente livre em relação aos próprios sentimentos e aos sentimentos do outro. No transcurso da história, o narrador discorre, em minuciosos detalhes, sobre os sentimentos conflituosos e perturbadores da figura masculina em relação a “Ela”: Seria angústia por amá-la? Teria “Ela” olhos de ressaca como a personagem Capitu de Machado de Assis?

Enfim, parte da história acontece num quarto de hotel, em uma cidadezinha, durante uma noite fria. É o cenário favorável para um encontro amoroso. Mas “Ele” parece não se entregar totalmente àquele encontro, pois “Ela” pode ser simplesmente o abismo. No encontro de ambos, “Ele” não saberia definir se sentia tristeza ou felicidade; o fato é que se tornara praticamente um prisioneiro daquela relação. Para definir esse relacionamento conflituoso entre os dois, aproprio-me das palavras do poeta Carlos Drummond Andrade: “Este é o nosso destino: amor sem conta, distribuídos pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão...”

Assim, no conto “Ela”, como em outros contos do autor, é apresentada uma construção narrativa dinâmica e muito criativa, capaz de convidar os leitores para uma reflexão sobre situações do cotidiano que podem acontecer com qualquer indivíduo. Nesse jogo entre ficção e realidade, refaz-se o mundo da vida, permitindo novas perspectivas críticas ao potencial receptor dessas histórias, que, revestidas com um tom crítico e algumas vezes até humorístico, levam o leitor à descoberta do real.

Esse conto pode ser conferido, na íntegra, em Um certo Mal-estar, que será lançado pela Solisluna editora em 19 de novembro, às 18:00, pela livraria LDM no Espaço Unibanco de Cinema – Glauber Rocha. Posteriormente, acredito que o livro poderá ser adquirido pelo site da editora, http://www.solislunaeditora.com.br.

REFERÊNCIAS


MASCARENHAS, Victor. Um certo Mal-estar. Lauro de Freitas, BA: Solisluna Editora, 2015.


Neila Brasil Bruno é Mestre em Letras, e professora da Rede Estadual da Bahia, possui várias publicações de artigos na área de Literatura Infantil e Juvenil. Em 2013, publicou pela editora EDITUS – UESC, o livro infantil Maricota e as formigas. E-mail: neilabbrasil@hotmail.com.

sábado, 16 de junho de 2012

Liberto-me das amarras e culpas

Por Elis Franco*

Liberto-me das amarras e culpas
lanço-me ao centro do salão
e giro.

Sou essa valsa incansável,
e sei que me olham
e dizem de mim o que não sou.

E giro
como giram no salão
os pares extasiados.

E, enquanto puder, serei
só rodopios, vertigem,
neste alucinante baile que é a vida.

*Elis Franco é graduada em Letras Vernáculas, especialista em Estudos Literários e mestranda em Literatura e Diversidade Cultural, todas as formações pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Também publica em seu blog Palavras de Elis.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Coletivo Inovacine

Por João Daniel Guimarães Oliveira*


O Coletivo Inovacine surgiu no primeiro semestre do ano de 2011 com o propósito de pensar e consolidar a difusão do cinema em Feira de Santana, utilizando-se dos mais variados espaços da cidade. A ideia surgiu a partir da iniciativa de alunos, ex-alunos, professores e funcionários da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que se associaram para discutir as possibilidades de ampliação de atividades cineclubistas, inicialmente dentro da universidade, mas se estendendo a outros pontos da cidade, para atender a população feirense como um todo. 

Após as primeiras sessões realizadas, verificamos que, diante da carência de cinema (e de discussão deste), não estritamente na UEFS, mas na região de Feira de Santana, seria sensato pensar a possibilidade de expandir esse trabalho. Afirmaram-se, portanto, as possibilidades de ampliação de atividades cineclubistas, não as restringindo ao ambiente acadêmico, mas as estendendo a outros locais na cidade, no intuito de atender a população feirense como um todo. Hoje, contamos com o apoio de diversas entidades, entre elas o Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira - MAC, onde firmamos e consolidamos um espaço cineclubista, com sessões semanais, sempre às sextas-feiras, às 18:30 ou 19:00. 

O coletivo possui, na UEFS, o apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-UEFS) e Assessoria Técnica de Recursos Humanos (ATRH-UEFS), além desses, estabeleceu parceria com outros grupos e instituições, entre elas: o Centro de Cultura Amélio Amorim - CCAAm; o Centro de Cultura Maestro Miro; o Feira Coletivo Cultural; a TV Olhos D'Água; e a Engenho Treinamento e Desenvolvimento. O grupo não é restrito e há espaço para contribuições de qualquer ordem, porém, atualmente se constituem como equipe executora as seguintes pessoas: Davi Henrique Correia de Codes (Graduando em Ciências Biológicas – UEFS); Davi Santana de Lara (Graduado em Letras Vernáculas – UEFS); Fabio Pereira Costa (Graduando em História – UEFS); João Daniel Guimarães Oliveira (Graduando em Letras Vernáculas – UEFS); Luciane Almeida (Graduada em História – UEFS); Meiryelle Souza (Graduada em Jornalismo – Faculdade 2 de Julho); e Paulo Fabrício dos Reis (Graduado em Letras com Francês – UEFS).





* João Daniel Guimarães Oliveira é Graduando em Letras Vernáculas na UEFS e faz parte da equipe do Coletivo Inovacine.

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