Por Marcelo Oliveira da Silva*
Eram
9 também, mas era quinta, ou era sexta, não sei, já era mais de nove. Era outro
mês também, era outro tempo. Era paz, quando eu declarei guerra, ainda pedi
socorro, fui ouvido, mas a paz era conflito. Era manso, o coração. O olhar era
tenso, era canhão em estado de festa. Olhares, subliminares. Toques,
escanteios. Trêmulos lábios. Saiam! Saíram, cruzaram ruas e vielas, e nas
entranhas das ladeiras eram correntezas de palavras vãs autodeclaradas futuras,
construtivas e visionárias. Estávamos acompanhados de versos e experiências que
nos levavam a ladeiras e desejos de intensos mais. Eram 9, acabara o primeiro
ato de uma história finda.
Ouvimos,
ouvi juras de carinho. Não eram juras, não as ouvi, quis escutá-las, as criei.
Não era amor. Era. Era amor univalente, unilateral. Era passagem de ida, não
tinha retorno. Eram mudanças. Em nove horas, nove mudanças: não estar mais onde
estivemos e reaprender que momentos são únicos e não serão eternizados... opa,
eram 9. Pois sete faltam, mas também noves fora é nada, e nada resultou.
Passaram
dias, 9 precisamente, vivemos de promessas, outro encontro, antes das 9,
quebramos o protocolo, mas fizemos melhor do que antes, fizemos diferentes,
havíamos aprendido, queríamos mais, mas só mais naquele instante, um queria
outros mais, outro um menos. Fomos nos distanciando. Espera, já somos
distantes, viemos de outros mundos. Um terceiro momento, agora sim, eram 9,
minutos de prazer, protocolo quebrado, não quiseram mais que estivéssemos, não
queria, quero, quer, não quer. Quero! Não quero! Não queres, não tens!
Pedimos
encontros, negados, nove no total, rompemos elos e elos não foram
restabelecidos, talvez não serão, ou são. Fora um sonho, nove no total. Mas não
foi culpa minha, eu apenas disse que queria e você não ouviu. Ouviu. A culpa é
nossa, você dissera primeiro e eu não ouvi. Ouvi. Ei, eu falei primeiro, você
que não ouviu. Ouviu. A culpa é nossa, falamos mansos, não fomos ousados.
Fomos. Fui, vc não! Sim, a culpa é minha, fui intenso, você foi muito e depois
menos, eu fui mais, quis mais, sou mais. Mas fui menos, menos que pude ser,
menos que pude esconder, não escondi. Está aí minha culpa, nove vezes ter dito
o que quis, está aí minha culpa, ser verdadeiro, honesto comigo, logo, com
você. Você, aquele espelho do primeiro encontro após as nove, nove vezes te
encarei e tentei não tocar teus lábios, tocamos. Está aí nosso erro, nossa
culpa. Sim, nossa! Fomos nós. Agora são 9, já é domingo, não tem festa. Não
subiremos ladeira alguma, não há palavras, não há olhares, não há lábios nem
promessas não ditas. Cumpra-se. São 9, chegamos aqui. A culpa é minha, cheguei.
A culpa é sua, não veio. A culpa é nossa, não fomos. São 9, nove somos. Noves
fora, nada.
* Marcelo Oliveira da Silva é Licenciado em Letras Vernáculas pela UEFS.
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