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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

PLANEJAR É COMPLICADO ENQUANTO NÃO COMEÇA

Por Wellington Gomes de Jesus*


Pequenas atitudes produzem grandes feitos, diz uma máxima popular. Não é de hoje que o senso comum interfere, na maior parte das vezes, de maneira positiva em nosso cotidiano. Especificamente, aquela máxima nos lembra uma atitude que, embora realizada a todo o momento, pouco atentamos para a sua importância em nossas vidas, o ato de planejar. O plano mais simples pode garantir um resultado muito melhor do que o esperado.
Planejar serve para economizar e distribuir satisfatoriamente o tempo de que dispomos. Durante esse processo, vamos descobrindo o que verdadeiramente queremos, vamos conhecendo os elementos, as necessidades e as dificuldades que precisamos suplantar. Se vamos ao supermercado e temos um orçamento apertado, por exemplo, costumamos dar preferência a gêneros mais baratos, independente de marca. A questão está em adquirir o necessário, e nada mais. Entretanto, necessidade e qualidade não precisam caminhar separadas. Para tanto, é preciso lançar mão de um bom planejamento.
Como o exemplo supracitado é uma realidade presente na vida da maioria dos brasileiros, o editor-chefe, on-line, para o Wall Street Journal, Alan Murray sugere algumas regrinhas para não se pagar mais caro por um produto do que ele realmente custa. Segundo ele, nunca se deve pagar o valor de tabela, pois é sempre bom barganhar algum desconto; recusar “vantagens”, porque volta e meia alguém oferece itens supérfluos que fazem grande diferença na hora de fechar a conta; não comprar por impulso, isto é, ponderar se a obtenção de determinado bem ou serviço é de fato necessário e, por fim; mudar – ou ameace mudar, ser levado pela opinião e poder de consumo dos outros pode nos levar a situações bastante desagradáveis.
Aprendemos que é preciso “correr atrás”, produzir, conquistar. E muitas vezes temos empreendido essas ações a qualquer custo sem métodos ou critérios. Até mesmo sair do quarto para a sala é indispensável dar passos sequenciados, pegarmos uma carona nos braços de alguém, usar um skate, uma patinete entre outros; quase sempre estamos precisando de um método, uma técnica ou um material para melhorar as nossas práticas diárias. Talvez seja difícil para nós pensar em planejamento porque, quase nunca, conversamos a respeito do assunto nas escolas, no ambiente familiar e também entre amigos. Administrar o tempo, dinheiro, família, estudos se tornou um grande vilão de nossos tempos.
Planejar exige cautela, atenção e bastante força de vontade. O professor de Administração e escritor, Jean Souto considera que “o processo de planejamento é a principal ferramenta que as pessoas e as organizações utilizam para lidar com as incertezas do futuro”. Assim, antes de julgar a sua área de trabalho saturada, ultrapassada procure verificar o que está ocorrendo para a falência da mesma e se não são as suas expectativas que, buscando nos sucessos de outras áreas o que também é abundante na sua, não enxergam as oportunidades latentes a sua volta. O escritor e executivo T. Harv Eker comenta que “o principal motivo que impede a maioria das pessoas de conseguir o que quer é não saber o que quer”. Por isso, planeje uma estratégia de se unir aos mais bem-sucedidos de sua área, à qual já possui experiência, habilidade e espontaneidade. Os professores Francisco José Masset Lacombe e Gilberto Heilborn resumem o ato de planejar como “decidir antecipadamente o que, como, quando e onde fazer para se chegar a um objetivo (ou alguns deles)”, por isso, Jean Souto lembra que “quanto maiores forem os impactos das decisões tomadas hoje, mais tempo será necessário para o planejamento”. 
Uma ótima dica para começar qualquer plano é atentar para a palavra hierarquia, procurando conhecê-la e dominá-la, conceitual e fisicamente. Depois disso, planejar se torna menos complexo, mais dinâmico e prazeroso, fugindo às armadilhas do provérbio japonês que adverte “visão sem ação é sonho, ação sem visão é pesadelo”.   



REFERÊNCIAS E LEITURAS SUGERIDAS

EKER, T. Harv. Os segredos de uma mente milionária. Rio de Janeiro: Sextante, 2010.
MURRAY, Alan. É melhor pesquisar os preços: você pagará caro se ignorar essas regras. Seleções: Reader’s Digest, set. 2001, p. 95-98.
LACOMBE, F.J.M; HEILBORN, G. Administração: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003.
MAXIMIANO, A.C.A. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SOUTO, J. M. Técnicas de gestão. Indaial, SC: Asselvi, 2006.

CURSO

*Wellington Gomes de Jesus é graduado em Letras com Espanhol pela UEFS, cursa especialização em Estudos Linguísticos na mesma instituição e é membro do Conselho Editorial da Revista Graduando.

sábado, 20 de outubro de 2012

Lembranças


Por: *Mateus Mascarenhas Soares

O suor escorrendo pelo rosto,
O som das correntes ecoando pelo ar.
Marcas que ainda lembram a dor
Que feriu tão profundamente que atingiu a alma.

Lembranças do 13 que manchou a terra de sangue,
Da abolição que não aconteceu,
Das correntes que ainda ferem os pulsos
E da liberdade que nos condenou a uma eterna escravidão.


Mateus Mascarenhas Soares é aluno da graduação e está no 4º semestre do curso de Letras com Inglês.

sábado, 22 de setembro de 2012

PULSO, FORÇA E DELICADEZA: EIS O TRIPÉ QUE NOS MOVE

Por: Josenilce Barreto *
Pensar em qualquer tipo de trabalho sem nos depararmos com dificuldades é quase uma tarefa impensável! Trabalhos estes, que por vezes nos consomem, nos desgastam, nos corroem e nos forçam a ser e a fazer tudo (ou quase tudo) aquilo que desejamos ou que pensamos desejar.
Acreditar em um sonho é quando aquilo que tanto queremos se torna mais forte do que o que podemos fazer, digo isso porque em muitos casos queremos tanto persistir nesse sonho que temos que nos anular em certos aspectos. Penso que, muito mais do que querer é acreditar, é lutar, é ter pulso firme para prosseguir e delicadeza para recuar quando necessário. Pois é exatamente assim que me sinto quando penso na Graduando enquanto motivação dos meus, dos seus e dos nossos grandes e ferverosos sonhos acadêmicos, cujos pilares estão alicerçados na vontade de ver as nossas ideias sendo (re)colocadas através das mãos que escreve, da tinta e do papel que imprimem os nossos sonhos e ideais.
No entanto, é necessário antes de tudo acreditar no possível (porque ter uma revista nossa, dos estudantes de Letras da UEFS, é um sonho concretizado/ materializado), mesmo porque para que esse possível continue sendo efetivado precisamos ter pulso para prosseguir, força para resistir aos anseios de desistir - os quais algumas vezes são soprados em nossos ouvidos como que em um sopro trazido pelo nosso anjinho do mal, aquele que nos acompanha (rsrs) - e delicadeza para ser brando e sereno quando preciso for.
Não podemos nos deixar recuar diante das dificuldades que encontramos em nosso caminho ou como disse o sábio Drummond temos que ultrapassar as pedras que surgem em nossos caminhos/percursos, visto que é, acima de tudo, urgente a nossa efetiva e real colaboração e motivação para que a revista Graduando continue ativa e crescendo cada vez mais, pois é aquela que “transmite” a outros os nossos pensamentos, desejos, ideias, quereres, enfim. E para que isso continue acontecendo necessitamos de pulso, força e delicadeza em todo o trajeto, enquanto graduandanda, pois é a GRADUANDO que me move hoje e sempre.

Josenilce Barreto é graduada em Licenciatura em Letras Vernáculas pela UEFS, é mestranda em Estudos Linguísticos pela mesma universidade e integra o conselho editorial da Graduando

Prazo para submissão de trabalhos

Olá, Graduandeminentes colegas de Letras da Uefs.

Vimos lembrá-los de que o prazo para submissão de artigos e resenhas para a 5ª edição à Revista Graduando está em andamento desde 1º de setembro e vai até 30 de setembro de 2012.

Não deixe de participar do Periódico que foi criado especialmente para vocês.

Acessem o blog da Graduando e fique por dentro das normas e condições de envio de trabalhos.

Sua produção será muito bem-vinda,

DIVULGUEMOS!

Conselho Editorial

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A(s) passagem(ns) em sala(s) e a aquisição do ISSN

Hoje postamos um texto relacionando a aquisição da identificação da revista como identificação do próprio curso com ela e um trecho de filme.

Por Danilo Cerqueira*


Últimos dias de setembro, 2010. As passagens de sala que fizemos em alguns semestres do curso de Letras para, dentre outras coisas, arrecadar dinheiro para adquirir o ISSN, fizeram pensar sobre como e porque pusemos essa ideia em prática. Por que pedir dinheiro para pagar a identificação dada ao nosso periódico? Identificação... Talvez essa palavra possa ser explorada em diversos contextos e argumentações.
Segundo o Instituto Brasileiro de Informação, Ciência e Tecnologia (IBICT) o ISSN é “o identificador aceito internacionalmente para individualizar o título de uma publicação seriada, tornando-o único e definitivo”. Essa é a definição clássica do Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (detalhe: a sigla representa um nome em inglês, International Standard Serial Number). Analogamente, podemos dizer que este número, com status de documento, é a “carteira de identidade” de um periódico. No caso da Graduando, em função de termos apenas produções textuais acadêmicas dos estudantes de Letras da UEFS, poderíamos ainda afirmar: ele torna identificável internacionalmente o nosso curso. Assim, ele valora o ― nosso ― periódico enquanto produção acadêmica feirense (institucionalmente, claro, porque os autores, coautores, orientadores, comissários, conselheiros e colaboradores são de diversos lugares, nascidos fora da Bahia e até do Brasil). No entanto, ainda temos outra ideia de valor: a monetária. Esta, por incrível que pareça, não está tão distante da primeira.
A ajuda dos estudantes foi mais do que suficiente. Arrecadamos o dinheiro necessário, mesmo sem passar em todas as turmas do curso ― não foi por isso que as passagens pararam naquele semestre. A visita (termo mais apropriado do que passagem) aos nossos colegas foi motivada pela ideia de que o sentimento de participação do curso em relação à revista seria maior se houvesse uma doação ― ínfima, para alguns ― em dinheiro. Se metade do curso (mais de 350 estudantes), por exemplo, contribuísse com R$ 0,25, conseguiríamos pagar as taxas referentes às aquisições do ISSN (das edições virtual e impressa) sem dificuldades. Menos da metade do curso foi consultada sobre a doação, professores e futuros professores ajudaram... E nós conseguimos a quantia necessária! Essa forma de adesão dos nossos colegas à revista, após alguns meses de apresentada à comunidade acadêmica da UEFS (abril de 2010), ajudou a colocar a identificação já no primeiro número impresso, lançado no dia 2 de dezembro do mesmo ano. 25 centavos... Graduando... Uma palavra, algumas moedas, identificação. A passagem/visita para motivar a existência de uma revista (ou texto) que tem tantos valores quanto pessoas que o podem ver e ler pode ir além da própria fala ou escrita.
Uma cena do filme Antes do amanhecer (1995) retrata, dentre os muitos acasos de um jovem casal que acaba de se conhecer, o ínfimo pagamento deles a um poeta, para que este escreva um poema com a palavra “Milkshake”. Pelo perfil do artista, o destino das moedas seria pagar o prazer instantâneo de uma bebida ou fumo (bem diferente do nosso International Standard Serial Number, “único e definitivo”)... Francamente, o tal poema não vale nem a atenção do casal, quanto mais o dinheiro (!)... As impressões têm a consequência de enganar.
De acordo com a LEI n° 10.994 (14/12/2004), um exemplar de todas as publicações brasileiras deverá ser encaminhado à Fundação Biblioteca Nacional, com o objetivo principal de assegurar a coleta, a guarda e a difusão da produção intelectual brasileira, visando à preservação e formação da Coleção Memória Nacional. Pagar por um escrito que representa esses momentos, algo para o “encontro” entre duas pessoas ― ou mais de 700 ― é, talvez, a esperança de que ideias comuns ou sentimentos iguais (ou que se quer semelhantes) se identifiquem em torno de uma palavra que une o conhecimento e a ação, a produção de saber que, se em um caso emociona, em outro pode co-mover. Voltaremos ao nosso lugar, para escrever mais, para co-laborar mais.



Encarte de Antes do Amanhecer (1995. Dir. Richard Linklater)

* Danilo Cerqueira é licenciado em Letras Vernáculas e cursa o mestrado em Literatura e Diversidade Cultural, ambos na Uefs, e integra o conselho editorial da Graduando.

sábado, 4 de agosto de 2012

Façamos a capa da quarta edição!

Olá graduandos e graduandas em Letras,


É com imensa satisfação que a revista Graduando informa que a nossa quarta edição está prestes a “sair do forno”. Por isso, gostaríamos de lhes informar que estamos selecionando fotografias, desenhos e imagens diversas, de autoria de graduandos em Letras da Uefs, para a capa da edição n. 4.

Diante disso, pedimos que enviem a sua sugestão.

A Graduando se orgulha de ser uma revista feita para graduandos em Letras. E, nada mais justo que dar a vocês o poder de ser parte dela.

O envio de sugestões deve seguir as seguintes regras:

ü     O tema escolhido para a capa é “Graduando, entre o ser e o saber, entre o semiárido e o sertão”;
ü     Só alunos da Graduação em Letras da Uefs podem enviar imagens;
ü     A imagem enviada pode ser de qualquer tipo (foto, desenho, colagem, pintura, arte digital...), contanto que seja de autoria daquele que a enviar;
ü     As imagens devem ser enviadas para o e-mail da revista, revistagraduando@gmail.com;
ü     O conselho editorial selecionará as imagens que passarão à fase de votação. Os critérios de eliminação serão: falta de qualidade da imagem, inadequação ao projeto e/ou descumprimento de alguma das normas acima;
ü     As imagens selecionadas pelo conselho editorial passarão por votação pública. A sugestão de capa mais votada será escolhida para a 4ª edição;
ü     As sugestões de capa estarão disponíveis para votação pública no blog da revista Graduando;


Aceitaremos imagens entre os dias 11 e 30 de agosto.

Então, graduandos, a Graduando mais uma vez conta com vocês!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Lentes, mãos, peso... ação!


Por Danilo Cerqueira*

Durante quase todas as edições, sempre ficamos encarregados de pegar os exemplares da revista na Imprensa Universitária (IU). Foram 250 exemplares nas duas primeiras edições. Na terceira foram 300. Nunca foram pegos ― e entregues ― de uma só vez.
Pegávamos as revistas em caixas. Quatro a cinco caixas, ao todo. Revezávamos o transporte da carga da IU até a sede da revista entre nossos “membros” do (de+o) conselho. Infelizmente não tínhamos (mais plural do que os dois ou três envolvidos no transporte da carga) um carrinho para carregar as revistas. Era tudo feito a braço, que nem texto à mão (digitado ― ou até, vá lá, datilografado ― também vale ― ou valeu). Pegávamos as publicações da graduação em Letras e, passo a passo, vencíamos (com algumas paradas) os quase trezentos metros que separavam o local da impressão das revistas até a sede do periódico acadêmico. Pode-se pensar, durante o trajeto, no conteúdo das caixas. Pode-se pensar sobre a própria caixa, com um conteúdo cheio de conteúdos: iguais, mas também tão diferentes na unidade de uma publicação.
É um pouco difícil descrever o andar carregando tantas revistas num espaço acadêmico. Sentir o peso delas não é como sentir o peso do conhecimento. Ou é?... Nessa aparente ambiguidade, o tédio de uma piada (re)batida pode ainda arrancar um novo sorriso? O peso também gera dor física, além de certo desconforto psicológico. Alguém nos vê com um olhar de estranhamento, como se dissesse: Por que vocês não pedem ou esperam por um funcionário com um carrinho? Não se pode esperar para exercitar o corpo. Também não se pode esperar para atiçar a mente. E, ainda, não se pode perder a oportunidade de aliar os dois, mesmo numa piada sem graça que pode suscitar um sorriso novo.
Um par de óculos quase sempre carregaram as revistas da IU até a sede. Sim, dois objetos chamados óculos se dispuseram a fazer isso, pelo menos, nas três primeiras edições da revista Graduando. Para muitos parecia estranho ver pessoas que não estivessem de azul e branco fazendo isso (talvez, quem sabe, a presença dos dois óculos também fosse um indício estranho). Talvez nos sentíssemos tão ligados à universidade quanto os que são, por causa dela, assalariados, de carteira assinada, concursados. Também passei num concurso: o vestibular! Meu contrato, minha matrícula. Meu tempo de serviço, minha graduação. Preciso dizer que temos colegas de trabalho na universidade? Ou de trabalhos? Assalariados certamente também oriunda de sal... Derivações prefixais e sufixais: metafóricas!
Mas os trabalhos visam um produto. O produto é a revista. O transporte da maioria dos exemplares tem sido feito, pelo menos até momento, com o andar de membros, desde a gráfica até a entrega. Isso não é motivo para que o esforço seja valorizado. É mais importante, suponho, ser uma atividade cuja motivação espera por ser compreendida.
Penso que estamos dando um bom destino ao dinheiro público publicando (mesma raiz etimológica! ― e rima também) a Graduando. Não somos "a menina que roubava livros" do "livreiro de Cabul", mas, dentro de nossa proposta (e público leitor), somos bem vistos enquanto publicação. Também estamos carregando a revista pelas veredas de outros grandes sertões. Serão os sertões maiores do que as veredas ou as veredas maiores do que os sertões? Por enquanto, apenas carregamos, damos os passos e pensamos. E, claro, escrevemos também.

*Danilo Cerqueira é graduado em Letras Vernáculas pela UEFS, aluno do mestrado em estudos literários, também na UEFS, e integra o Conselho Editorial da Revista Graduando.

sábado, 16 de junho de 2012

Graduando: com vida, ando...

Por Danilo Cerqueira Almeida*

Julho de 2011. O integrante da comissão editorial da Graduando precisava encontrar um tempo para perguntar àquela pessoa:
― Quer participar da Revista Graduando... Ajudar em algumas de nossas atividades?... Pensamos em você.
Lá, no prédio dos MT’s do módulo 2, próximo ao nosso colegiado de Letras, estavam frente a frente alguém querendo perguntar e alguém de olhos interrogativos (os dois), porque grandes (os quatro), esperando o que sairia daquele diálogo. O alguém “conviva” já esperava há uns dois dias (ou mais) e talvez não soubesse bem do que se tratava. O que viria... Não se conheciam tanto assim (700 estudantes, cursos e semestres diferentes etc. etc....). Mesmo a comissão editorial possuindo mais de 500 e-mails e enviando correspondências quase semanalmente a respeito de fotos, postagens, eventos e convites, o convidador da Graduando não estava tão confiante no sucesso da empreitada. A pessoa seria daquelas que exclui o e-mail da revista, que faz pouco caso do conselho, que os considera desocupados o suficiente para se engajarem neste projeto ― que certamente só durará o tempo de estada deles na Uefs! ― ? ―. O convidador da Graduando não precisava estar tão apreensivo. A revista já passara em tantas turmas (claro que, infelizmente, não visitou ainda todas as turmas de Letras, o que sempre foi “impensável”); visitou, inclusive, a turma deste indivíduo; inclusive para pedir doações para o ISSN do periódico; inclusive... Não sei o que o convidador tenta tanto incluir em seu ânimo para se sentir mais calmo, seguro ou esperançoso. Ele estava lá, depois de algum tempo ― dias ―, pronto para fazer o convite. Uma pessoa = turma e curso inteiros!?
Convidar pessoalmente nunca foi, até ali, uma ideia discutida em reunião (ai, as reuniões!). Nomes, pessoas, perfis, expectativas, o que se conhecia dessas pessoas, o que deveria ser desconsiderado a respeito delas, saber que é preciso paciência e dedicação a qualquer novato (como um calouro) nesse tipo de projeto. Acostumar-se a uma nova atividade demora tempo... Pegar o ônibus em movimento (preferi este exemplo a “o bonde andando” por julgar mais contemporâneo e por experiência própria) é, além de perigoso, um pouco desconfortável. Subida abrupta, pulamos nos degraus e nos debatemos nas portas, ainda abertas, até adquirir o equilíbrio suficiente para “progredir no coletivo”. Assim, embarcamos no veículo, pagamos pela condução e permanecemos até um nosso destino. No caso de uma revista acadêmica a coisa é um pouco mais complexa, principalmente com revelações desanimadoras.
O convidador do periódico acadêmico de Letras falava sobre as reuniões da revista, a ideia de convidar estudantes pessoalmente ― não apenas em passagens de sala ―, a sugestão de convidar a pessoa com a qual estava falando naquele momento etc. O membro da revista, após ouvir a “jura” de “agressão” a quem teve a ideia de convidar o ente que estava a sua frente, desculpou-se; não enquanto comissão, mas por ser o autor da ideia (necessidade) do convite e da pessoa. Isso, no fundo, ainda não o desanimou. O pior ainda estava por vir.
O cara da revista pergunta sobre o e-mail semanal. O comentário que recebeu o deixou, por frações de segundo, estático: um suavíssimo “Eu não recebo e-mails da revista”. Assim, o e-mail do indivíduo não estava, até então (e mesmo depois de alguns minutos), entre os “bem-fadados” 500 e-mails (!!!) do grupo(inho) de contatos da “revista graduando” (minúsculas).
Os e-mails nunca mais foram os mesmos. Devem continuar assim por tempo indeterminado...
― Obrigado.

*Danilo Cerqueira é graduado em Letras Vernáculas pela UEFS, aluno do mestrado em estudos literários, também na UEFS, e integra o Conselho Editorial da Revista Graduando.

Liberto-me das amarras e culpas

Por Elis Franco*

Liberto-me das amarras e culpas
lanço-me ao centro do salão
e giro.

Sou essa valsa incansável,
e sei que me olham
e dizem de mim o que não sou.

E giro
como giram no salão
os pares extasiados.

E, enquanto puder, serei
só rodopios, vertigem,
neste alucinante baile que é a vida.

*Elis Franco é graduada em Letras Vernáculas, especialista em Estudos Literários e mestranda em Literatura e Diversidade Cultural, todas as formações pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Também publica em seu blog Palavras de Elis.

O MEU, O SEU, O NOSSO CANAL ABERTO

Por Wellington Gomes de Jesus*

A respeito de programas de televisão de natureza improdutiva, foi exibido no Fantástico, do último domingo 22/04/12, o caso do motorista que dirigia alcoolizado para casa depois de uma festa, quando, em alta velocidade, não enxergou o limite da rua, saltou um córrego e atingiu o quarto de uma casa no segundo andar. No quarto dormia uma mulher, uma recém-nascida de seis meses e uma adolescente de doze anos. Felizmente não houve mortes. O caso ganhou repercussão nacional depois de apresentada a cena cinematográfica do automóvel pendurado no segundo andar da casa.
O programa em questão que não tem um público alvo bem definido oscila entre as classes sociais média e baixa, cuja maioria dos indivíduos ainda apresentam falta de interesse e empenho em buscar informação, e, por isso, “precisa agradar tanto a parcela do público que quer ver trechos de apresentação do fantástico (sem trocadilhos) Cirque de Soleiu quanto a parcela que tem curiosidade em saber quanto tempo da vida uma mulher gasta em um salão de beleza”, comenta Glauco Vinícius, colunista do blog Liga Jornalística.  
 Entretanto, o Fantástico é um programa vazio, totalmente parcial e visivelmente editado para o telespectador de pouca inteligência, esta é a pretensão. Em relação ao caso apresentado no início do texto, o programa deu preferência em explorar o acidente do ponto de vista físico-científico, reconstituindo a cena em um autódromo de São Paulo e pronto, em vez de encorajar discussões socialmente relevantes como o respeito à vida humana ou, mais pertinente ainda, sobre a obscuridade da Nova Lei Seca.
Acerca do respeito à vida humana podia-se questionar por que tanto pessimismo e decadência em pleno século XXI, marcado por avanços significativos em todas as áreas do conhecimento impulsionados pelas ciências, mas apresentar ações ou ideias bem-sucedidas pelo mundo que sugiram diminuir ou acabar a cultura da individualidade exagerada que acometeu a nossa sociedade; quanto a obscuridade da Nova Lei Seca se conduziria o telespectador pela confusa redação da nova Lei que ainda tramita no Congresso Federal, apresentando as suas generalidades, durezas, fraquezas e omissões, tornando público, de verdade, um assunto de interesse geral.
Mas, pseudorevistas eletrônicas como o Fantástico, da Rede Globo de Televisão, também figuram em outros canais de televisão aberta no Brasil e no mundo, com o hábito de se esquivarem da notícia e da informação “mais completa” e verdadeiramente utilitária para veicular programas de natureza vazia e inútil ao usuário desses canais.
Infelizmente, se nos próximos dez anos não houver uma séria reflexão sobre a validade e o compromisso das mídias informativas, especialmente, pelos canais abertos de televisão e pelo próprio telespectador, as novas gerações vão começar a apresentar em sua cadeia de DNA (substâncias químicas envolvidas na transmissão de caracteres hereditários), o gene do grande nariz vermelho e redondo.

*Wellington Gomes de Jesus é graduado em Letras com Espanhol pela UEFS e membro do Conselho Editorial da Revista Graduando.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O lançamento da primeira edição da revista


Por Danilo Cerqueira *    

     Estávamos todos lá. Não todos os que hoje estão na Graduando... Não todos os estudantes de letras da UEFS... Não todos os comissários, revisores ou comentadores da revista (alguns comentários foram utilizados no convite para o lançamento).  Estavam lá pessoas que prestigiavam a inserção de nossa revista no ambiente acadêmico (Obrigado!). Embora não tenham lotado o anfiteatro (módulo II da UEFS), foi possível sentir o calor e prestígio dos presentes, desde os acordes do grupo que tocou lá – pareceu um show acústico! – até o coquetel, servido após o cerimonial. Depois de um “estratégico” (?) atraso, nosso coordenador da mesa iniciou o momento com a leitura da apresentação do periódico. Foi um texto de caráter introdutório e expositor dos princípios básicos da revista. Após a leitura, o mestre de cerimônia leu um poema que, segundo ele, representava aquele momento. Redijo-o aqui:

Salmo do Instante V
Ao Dr. Possídio do Nascimento Coelho
e a José Matias Filho

Não esqueças este instante,
é tudo quanto possuis,
é mais forte mesmo
do que tua vida.

É teu espaço, este instante
Imperecível e estrelar.
É tudo o que tens de eterno:
incide doloroso e grande
em tua vida. Percorreu
do orco as últimas instâncias.
Não o deixes perecer
entre os milênios
de instantes esmagados.

Ó, não sejas tu somente
uma morte implacável de instantes.

Ittérbio Homem de Siqueira


     Após a leitura do poema, seguida por alguns aplausos, nossa convidada, Professora Élvya, proferiu um breve comentário sobre o evento e nossa publicação. O conselho editorial daquela época “julgou” oportuno convidá-la por merecimento e consideração: a ideia para a revista surgiu a partir de elogios (dela) a trabalhos de estudantes em sua disciplina, na sala de aula. Nada mais justo (justiça não é um conceito tão sincero quanto gratidão, apreço, admiração ou sentimentos mais sublimes ― o valor dado à produção discente) do que convidá-la para participar de maneira destacada da nossa primeira publicação para o curso ― todas as licenciaturas de Letras da UEFS.
A entrega dos exemplares aos nossos primeiros articulistas foi emocionante, chocante, “chorante” e divertida. Relatos diversos de nossos articulistas atestaram a surpresa e, até certo ponto, a estranheza quanto à existência, no curso de letras da UEFS, de um periódico acadêmico para estudantes. Ouvimos informações tanto de que alguns supuseram os trabalhos serem um ― ou que certamente iriam para o ―  lixo (tanto no sentido literal quanto figurado, bem ao gosto do letrado). Descobrimos também o “pai” e a “mãe” da revista naquela noite, muito depois dos nove meses de uma gestação normal (que seria bem tardia). Estávamos (A GRADUANDO) dando à luz uma criança que deve ser (re)embalada a e para cada novo semestre, cada nova turma de letras que ingressa na UEFS e, claro, a cada novo grupo de articulistas numa nova edição.
Para que projetos como esse não sejam “somente uma morte implacável de instantes”, como diz o poeta acima, é oportuno e necessário contrapor essas mortes implacáveis a uma “ressurreição” do curso a cada novo grupo de estudantes que enveredam pelas letras com suas histórias de vida, leituras e potencial de escrita, em mais uma (ou a primeira) revista acadêmica (ou semestre letivo).


*Danilo Cerqueira é Graduado em Letras Vernáculas pela UEFS, aluno do mestrado em estudos literários, também na UEFS, e integra o Conselho Editorial da Revista Graduando

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O outro lado

Por Maurício d'Oliveira*     

     Lembro de poucas e ótimas aulas em que professores e colegas, mas, principalmente, professores, falavam da experiência de leitura como algo transcendente e mágico - chegaram a dizer "libertador", certa vez. Falavam com ânimo de como a literatura atua sobre o leitor, falavam dos mundos possíveis/impossíveis que poderíamos conhecer através dos livros, do prazer calmo das horas de leitura numa mesa, numa rede, no chão da sala, só não falaram do outro lado.
    Que lado? O outro lado, sempre há pelo menos um. Sempre há, pelo menos, vários e infinitos lados. Mas, deste lado, pouco se costuma dizer: há um lado angustiante, quase desesperador.
     Há uma grande perda no último capítulo de um grande livro.
   Parece que o autor é como um bom amigo que partiu, que morreu ou que não quer mais a nossa companhia. As mãos acostumadas à textura das páginas sentirão a falta, o vazio deixado; os personagens todos que povoavam nossa mente se dissolvem, restam apenas algumas lembranças. Como era mesmo o nome da mulher de Mersault?
     Perda sim, e não me venham com essa de “isso ficará marcado para sempre”. Acabou a droga do livro, e agora? John Fante deixou um monte de pó a minha frente, podem perguntar a qualquer um; Camus acendeu um sol absurdo e se foi; Bradbury fugiu com os homens livros; Hesse está numa estepe, sozinho; Vonnegut levou embora Billy Pilgrim para o futuro, ou passado, não sei; dos Capitães de Areia não ficou nem o cheiro de mar nem o cheiro de mofo.
      Há uma grande perda na última página de um grande livro.
     Quem diria que as centenas de páginas de Ubaldo chegariam ao fim? Até Maria da Fé se foi; no quarto de Gregor Samsa, além do cheiro de inseto morto, nada ficou; variando sobre os mesmos temas, Gessinger foi tocar a sua guitarra elétrica e beber seu chimarrão. Do meu livro preferido guardei uma frase, uma só: “tanto faz!”. Parece pouco... e é pouco mesmo. Foi o que o livro deixou, além de um misto de tristeza e calmaria nas semanas seguintes. Mas, quer saber? “Tanto faz!”.
     Há uma grande perda na última frase de um grande livro.
    Por ser um pessimista, ao começar a ler um livro e desbravar os mundos possíveis/impossíveis de que tanto me falaram, antecipo o sofrimento, quase sem notar: ao perceber que o fim se aproxima, leio menos, leio devagar, como criança que come a sobremesa devagar, aproveitando cada dose de prazer e angústia, mas, numa hora termina, sempre termina.
     Há uma grande perda na última palavra de um grande livro.


*Maurício d'Oliveira é graduando em Letras com inglês na UEFS e também escreve em seu blog Pior é na Guerra

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Escolhida a capa da terceira edição

É isso mesmo, pessoal, já temos o resultado da votação que ocorreu nessas últimas semanas para escolher a capa da 3ª edição. Antes de qualquer coisa, precisamos agradecer a participação de todos aqueles que votaram e daqueles que enviaram suas imagens de sugestão. Foi uma votação bastante acirrada, e aqui temos a capa ganhadora:

Capa 3 (11 votos)



A votação das outras capas foi:

Capa 2 - 11 votos
Capa 4 - 3 votos
Capa 5 - 2 votos
Capa 6 - 9 votos
Capa 7 - 2 votos
Capa 8 - 3 votos


A terceira edição da Graduando está cada vez mais perto de seu lançamento, em breve teremos mais novidades. Aguardem!

sábado, 14 de abril de 2012

O Evangeio segundo o homi do sertão

Xilogravura: Luiz Natividade
 Por Weslley M. Almeida*

Certo dia Deus óia aqui pra baixo e diz:
- Oxente! Esse povo tá ficano doido é?!
Criei a terra, o céu e o mar
As pranta e os animá
E eles – homi e muié
Mas tá um no prato do ôtro meteno a cuié,
Tão se acabano, acabano o praneta, moço
E oie que no iniço tudo era bão, desde esboço!

As injustiça tá arretada
Os homi só qué dominá
Os seres que se dize humano
Qué é mermo enfiá a faca no buxo do ôtro,
Como se diz entre eles mermo,
“Farinha poca meu pirão primêro”
É tanta gente desumana precisano se consertar...
Já tô veno, vô tê que mostrá pra esse povo
a agir como gente mermo...
Jesus meu fio, venha cá!
Oia pro desgracero que tá se assucedeno lá imbaxo
Minhas criatura prefirida meu fi!
Essa gente tem é sorte, vice
Pro mode se num fosse meu amô pro eles
Que é maió do que seus pecado
Tarium tudo arruinado, fritim,fritim
Todo mundo lascado.

— Não se apoquente meu pai
A gente já vai arrersorvê esse causo
Num vai ser farci não
O cálice é pesado
E o que se tem nele é amargo,
Mas há o que se fazê.

— Ta bom meu fio
Entonce tu vá lá
Pra lá eu te enviu
Pra a esse povo anunciar
A justiça e a igualdade
Purque a iniquidade
Já num ta mais pra se guentá.

Num é que Jesus foi mermo homi?!
Desceu em forma de gente
Num ventre de uma tá de Maria
Lá de Belém da Judea
Muié valoroza, de fé
Que sofreu restrição sociá da comunidade
E até mermo
De seu marido, José
Que num entendeu nadica de nada
Da gravidez inesperada.
Mas o Sinhô mandô um anjo
Pro mode falá cum ele, o José
Através dum sonho
E expricá o acontecido
E só depois disso entonce
É que se ficô tudo esclarecido.
Após muita aflição e perseguição aos pais de Jesus
Teve este que nascê num dormitório de jegue
Numa tá de manjedora lá
No meio de animá e de capim
Pro mode de não ter dindim
Pois num era de famia de posse.
Êta situação ruim...

Mas tudo acabô-se dano certo
Essa criança foi cresceno, cresceno...
Em artura, matutez e graça
Diante dos homi e de Deus.
Aos trinta ano foi batizado
Prum tá de João Batista, seu primo,
Que vivia no deserto
Comeno uns garfanhoto e mé sirvestre
Pregano arrependimento
Às víbura da época
Escribas e farizeus
Ô raça de cabra safado!
São piores de que ateu...
Mas deixa isso pra outra conversa
Vamo dá continuidade ao causo em pauta.

Pois entonce, logo depois desse batismo
Nosso sinhô contemprô o Espríto Santo!
Que veio sobre ele e disse:
“Esse é meu fio amado
Em que tenho um prazê danado!”
Aí sim o nosso Sinhô começô seu ministero
Que foi grande de arruiná
As estrutura sociá da época.
É que ele começô a curá
Libertá
Ensiná
Restaurá.
Aos rico pregô pobreza de espríto
E aos pobre abraçô com riqueza de amô.

Mas um tá de Judas, um dos seu dircípro
Quis colocá tudo a perdê
Mas Jesus não ficô arretado com ele não
Já sabia de tudo...
Já tava inscrito nos prano divino.

Desde aí
Nosso mestre foi cuspido
Deram com um caniço em sua cabeça
Puseram nele um pano avermeiado
E uma coroa cheia de espinho.
Fizeram gozação com ele
O chamano com muito sarro
De “Rei dos Judeus”.
Colocarum num madeiro
O prego lhe fez muita dô
Os espinho lhe aprofundava o coro cabeludo
E ele, sufocado, agonizô.
Mas nosso Sinhô num desistiu não
Tava por demais arrersovido
Prosseguiu
Se manteve firme
Até o finá fircô.

É... aquela cruz era que nem mandacaru
Dolorida e espinhosa
Mas de onde se saia líquido em tempo sequioso
Dali saiu líquido precioso
Pra nossas arma banhar.
E como as água do velho Xico,
Irriga, transforma,
faz nossa vida briá.

Retirarum seu corpo da cruz
Colocarum num túmulo
Num negóço chamado sepucro
O cemitéro deles lá
E nele ficô até guarda a vigiá
Mas num adiantô não
Mermo assim
A pedra rolô
Ele resucitô
Ressurgiu dentre os môrto
Se levantô
Êita cabra arretado é Jesus nosso Sinhô.

E hoje, Ele, com essa atitude de amor,
Um candiêro eterno nos dexô
E a chama inapagarvi
De esperança e de amô
Pra andarmo iluminado
Nesse mundo de escuridão:Viva! Viva a nosso Sinhô!



*Weslley Moreira de Almeida é Graduado em Letras com Inglês pela UEFS, especialista em ensino de língua inglesa e faz parte do Núcleo de Investigações Transdisciplinares - NIT e da comissão editorial do Jornal Fuxico - UEFS. Também publica em seu blog, Le-tranças.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Uma viagem!


Por Danilo Cerqueira*

Subimos os degraus. Nove alunos ao todo. Deveríamos ser 40, por volta de 20 se inscreveram e apenas nove adentraram no ônibus para nossa excursão cultural. A indisposição de deve ter desestimulado a maioria de enfrentar uma viagem num dia que começava chateadamente chuvoso.

Nossa acomodação foi lenta. Terminamos ficando separados por um par de poltronas e nos comunicamos, durante a viagem, colocando a cabeça acima dos assentos. Nosso bom veículo, um ônibus, inicia a viagem. Começamos a nos fotografar e conversar sobre compromissos adiados, atividades atrasadas e expectativas a respeito da excursão. Durante a passagem pelos bairros em que residiam alguns colegas, eles falavam sobre todo o passado que viveram naqueles lugares. Casos familiares, da vizinhança, confissões da infância, enfim, relatos universais de pós-adolescentes. Viajamos... A cada comentário conhecemos cidades da Bahia e bairros de Feira de Santana em detalhes, segundo a ótica aguçada dos próprios moradores. Carregadas as palavras de pessoalidade. O ambiente do veículo era aconchegante, com poltronas muito reclináveis, saquinho de plástico para cada assento e ar condicionado, embora houvesse televisores avariados.

Uma sexta-feira. Nossa conversa estava tão descontraída que parecia uma reunião familiar num domingo curtido em litoral baiano. Foram wafers e biscoitos recheados distribuídos entre os doze passageiros e, obviamente, nosso condutor. A todos foram oferecidos, alguns não aceitaram. Assim prosseguimos, entre doces e falas, rumo ao nosso destino. Sobre nossos bairros e cidades continuamos a conversar, não encontrando neles tanta relevância literária ou talvez outra vertente artística, mas nossa volta iria ser tão esperada quanto a ida.

Num momento de silêncio entre nossos comentários de alunado, vi, através da Janela, a vegetação passando rapidamente e me dei conta de que estávamos indo para Salvador.


P.S.: O texto/crônica acima foi apresentado(a) como avaliação da disciplina Teoria da Literatura III. Acho que esse texto deve ter inspirado a feitura de um vídeo ao final de meu terceiro semestre do curso de Letras Vernáculas, trabalho que se repetiu até o semestre de formatura da turma.










* Danilo Cerqueira é Graduado em Letras Vernáculas pela UEFS, aluno do mestrado em estudos literários, também na UEFS, e integra a Comissão editorial da Revista Graduando.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Votem na capa da 3ª edição!

Depois de receber as sugestões dos estudantes, chegou a hora de votar e escolher a capa da 3ª edição. Para isso, mais uma vez contamos com a ajuda de vocês graduandos. Aqui vão as oito (!) opções de capa (clique para ver maior):

                                                                                                                                                                                                            
    Capa 1

                                                                                                                                                                 


Capa 2 



    Capa 3


  Capa 4



 Capa 5
                                                   


    Capa 6



       Capa 7
                                                                           

    Capa 8


        Para deixar seu voto é só deixar um comentário nesse post com o número da sua capa preferida, identificado com seu nome e e-mail, ou mandar um email para revistagraduando@gmail.com com o número da sua capa escolhida. A votação vai até o dia 24/03. Agora, mãos a obra, vamos juntos fazer a terceira edição!

ABAIXO AO MONSTRO DO COMODISMO! VIVA FEIRA DE SANTANA

Por Wellington Gomes de Jesus*


Como todos já sabem, acredito, Feira de Santana foi transformada em Região Metropolitana em junho de 2011, que é o grupamento de municípios com interesses comuns e projetos compartilhados. Segundo o atual secretário municipal de planejamento, Carlos Britto, em entrevista para o canal G1, vai existir “várias cidades no entorno de Feira que juntas irão discutir transporte, intervenções urbanas, captação de recursos, representação política, brigando por obras de infraestrutura na cidade”, e acredita “que vai dar uma guinada boa se os objetivos de todos forem comuns”. Vejamos bem: se os objetivos de todos forem comuns. Coisa difícil!

Entretanto, amigos, a massa feirense, o grande povo, não faz a mínima ideia do que significou esse evento, tampouco as autoridades se incomodaram em socializá-lo. Feira de Santana, da maneira como se encontra, ainda vai levar muito tempo para se tornar cidade, e quando se tornar não terá dado conta disso. Ainda somos um pequeno vilarejo assombrado pelo antigo regime dos currais eleitorais e do clientelismo político da República Velha.

Pois é! A administração pública trata o cidadão de Feira com mesquinhez e ignorância, acreditando ser um povo segregado é frágil, sem poder de decisão e transformação. E não é de todo mentira. Pois, num passado recente, as pessoas iam às ruas para defender seus interesses pessoais e coletivos, iam até as últimas consequências de seus empreendimentos, mas agora não, o individualismo e a hipocrisia tomaram conta delas, como numa epidemia avassaladora. Prova disso é o recente aumento da passagem de ônibus urbano para R$ 2,50 e a curiosa atitude dos usuários, cidadãos feirenses, que “enchem” os ouvidos de motoristas e cobradores de ônibus com palavras de baixo calão e frases irônicas sobre o assunto e deixam estudantes estigmatizados, enfraquecidos e solitários nas ruas, quando deveriam reclamar, também, os seus direitos a quem de fato poderia resolver o problema. O certo é que o povo desta terra tem jogado muita conversa fora. Será a lei do mais forte ou a lei do acuado? Do indefeso? Do órfão? Creio ainda que seja outra lei: a do medo.

É isto. O povo feirense é órfão de pai e mãe e não aprendeu a lutar por sua própria sobrevivência. Tem esperado que uma força do além venha resolver os problemas sociais que tanto o assola; e esquecido de, ele mesmo, dar o primeiro passo, do lado de fora, para as mudanças almejadas apenas entre quatro paredes.

Está mais que na hora dos novos metropolitanos abandonarem, de uma vez por todas, a condição de vítimas do sistema de corrupção e apatia administrativa de prefeito, vereadores, secretários e companhia limitada, e quebrar a velha ideia de que pessoas de culturas, lugares e costumes diferentes nunca se unem. Pelo contrário, o povo feirense é a mistura que pode e deve dar certo.



*Wellington Gomes de Jesus é graduado em Letras com Espanhol pela UEFS e membro do Conselho Editorial da Revista Graduando

segunda-feira, 19 de março de 2012

Cordel de Machado de Assis


Por Janilúcia Silva dos Santos*

Na Quinta do Livramento
Lá no rio de Janeiro
Em 21 de junho nascia
Nosso ilustre brasileiro
No ano de 1839
Conhecido no mundo inteiro.

Joaquim Maria Machado de Assis
Este era o nome seu
Mulato, de origem humilde
Garoto pobre muito sofreu
Saúde frágil, epiléptico
Foi a vida que viveu.

(...)

Bem pequeno ficou órfão
Da sua mamãe querida
Foi o seu pai logo depois
Uma machadada na vida
A madrasta Maria Inês
Deu-lhe pão e guarida.

Para amenizar o sofrimento
Na missa ia ajudar
Na igreja da Lampadosa
O latim veio estudar
Aprendeu francês, inglês
Até o alemão veio a falar.

(...)

Veio de uma família pobre
Persistente e esforçado
Teve aos 16 anos
O poema “Ela” publicado
O trabalho literário
Sempre deixou empolgado.

Da infância pouco se sabe
Menino gago lutador
Criado pela madrasta
Foi caixeiro e vendedor
Mesmo sem escola regular
Machadinho se consagrou.

(...)

Em 1864
1º livro de poesia publicou
Mas a vida outra vez
Um golpe lhe acertou
E para a eternidade
Seu amigo Faustino levou.

No ano de 1866
No Rio Carolina chegou
Irmã do amigo Faustino
Logo o cupido flechou
E a vida de Machado
Sol, risos, poesia se tornou.

Lutou contra o preconceito
E conquistou logo a menina
O típico homem de letras
Casou-se com a Carolina
Brasileiro bem sucedido
Escritor de boa sina.

Com a musa Carolina
Exercitou o seu amor
Casamentos de 35 anos
Viveu um romance alentador
Buscando a felicidade
Sua vida se transformou.

Sua união foi muito feliz
Mas filho não chegou
Com a morte da esposa
O sofrimento voltou
Fez o soneto “Carolina”
E a sua amada celebrizou.

(...)

Como tudo na vida passa
Machado também passou
E em 29 de setembro de 1908
A Academia de Letras enlutou
Com a morte de Machado
Mas sua obra-prima ficou.

Foi saudado por Ruy Barbosa
Morre o grande escritor
Com certeza ele está
Nos braços do seu amor
Foi embora o magistrado
Mas Machado se eternizou.

No cenário universal
Orgulhando nossa gente
100 anos sem Machado
E ele sempre presente
O grande gênio da Literatura
Do Ocidente ao Oriente.

No céu brilhou uma luz
É Machado a festejar
EEUU, maior potência do mundo
Um negro eleito vai governar
Até que enfim o PRECONCEITO
“Barack Obama” vai destronar.

*Janilúcia Silva dos Santos é graduada em Letras Vernáculas pela UEFS

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