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sábado, 16 de junho de 2012

Graduando: com vida, ando...

Por Danilo Cerqueira Almeida*

Julho de 2011. O integrante da comissão editorial da Graduando precisava encontrar um tempo para perguntar àquela pessoa:
― Quer participar da Revista Graduando... Ajudar em algumas de nossas atividades?... Pensamos em você.
Lá, no prédio dos MT’s do módulo 2, próximo ao nosso colegiado de Letras, estavam frente a frente alguém querendo perguntar e alguém de olhos interrogativos (os dois), porque grandes (os quatro), esperando o que sairia daquele diálogo. O alguém “conviva” já esperava há uns dois dias (ou mais) e talvez não soubesse bem do que se tratava. O que viria... Não se conheciam tanto assim (700 estudantes, cursos e semestres diferentes etc. etc....). Mesmo a comissão editorial possuindo mais de 500 e-mails e enviando correspondências quase semanalmente a respeito de fotos, postagens, eventos e convites, o convidador da Graduando não estava tão confiante no sucesso da empreitada. A pessoa seria daquelas que exclui o e-mail da revista, que faz pouco caso do conselho, que os considera desocupados o suficiente para se engajarem neste projeto ― que certamente só durará o tempo de estada deles na Uefs! ― ? ―. O convidador da Graduando não precisava estar tão apreensivo. A revista já passara em tantas turmas (claro que, infelizmente, não visitou ainda todas as turmas de Letras, o que sempre foi “impensável”); visitou, inclusive, a turma deste indivíduo; inclusive para pedir doações para o ISSN do periódico; inclusive... Não sei o que o convidador tenta tanto incluir em seu ânimo para se sentir mais calmo, seguro ou esperançoso. Ele estava lá, depois de algum tempo ― dias ―, pronto para fazer o convite. Uma pessoa = turma e curso inteiros!?
Convidar pessoalmente nunca foi, até ali, uma ideia discutida em reunião (ai, as reuniões!). Nomes, pessoas, perfis, expectativas, o que se conhecia dessas pessoas, o que deveria ser desconsiderado a respeito delas, saber que é preciso paciência e dedicação a qualquer novato (como um calouro) nesse tipo de projeto. Acostumar-se a uma nova atividade demora tempo... Pegar o ônibus em movimento (preferi este exemplo a “o bonde andando” por julgar mais contemporâneo e por experiência própria) é, além de perigoso, um pouco desconfortável. Subida abrupta, pulamos nos degraus e nos debatemos nas portas, ainda abertas, até adquirir o equilíbrio suficiente para “progredir no coletivo”. Assim, embarcamos no veículo, pagamos pela condução e permanecemos até um nosso destino. No caso de uma revista acadêmica a coisa é um pouco mais complexa, principalmente com revelações desanimadoras.
O convidador do periódico acadêmico de Letras falava sobre as reuniões da revista, a ideia de convidar estudantes pessoalmente ― não apenas em passagens de sala ―, a sugestão de convidar a pessoa com a qual estava falando naquele momento etc. O membro da revista, após ouvir a “jura” de “agressão” a quem teve a ideia de convidar o ente que estava a sua frente, desculpou-se; não enquanto comissão, mas por ser o autor da ideia (necessidade) do convite e da pessoa. Isso, no fundo, ainda não o desanimou. O pior ainda estava por vir.
O cara da revista pergunta sobre o e-mail semanal. O comentário que recebeu o deixou, por frações de segundo, estático: um suavíssimo “Eu não recebo e-mails da revista”. Assim, o e-mail do indivíduo não estava, até então (e mesmo depois de alguns minutos), entre os “bem-fadados” 500 e-mails (!!!) do grupo(inho) de contatos da “revista graduando” (minúsculas).
Os e-mails nunca mais foram os mesmos. Devem continuar assim por tempo indeterminado...
― Obrigado.

*Danilo Cerqueira é graduado em Letras Vernáculas pela UEFS, aluno do mestrado em estudos literários, também na UEFS, e integra o Conselho Editorial da Revista Graduando.

Liberto-me das amarras e culpas

Por Elis Franco*

Liberto-me das amarras e culpas
lanço-me ao centro do salão
e giro.

Sou essa valsa incansável,
e sei que me olham
e dizem de mim o que não sou.

E giro
como giram no salão
os pares extasiados.

E, enquanto puder, serei
só rodopios, vertigem,
neste alucinante baile que é a vida.

*Elis Franco é graduada em Letras Vernáculas, especialista em Estudos Literários e mestranda em Literatura e Diversidade Cultural, todas as formações pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Também publica em seu blog Palavras de Elis.

O MEU, O SEU, O NOSSO CANAL ABERTO

Por Wellington Gomes de Jesus*

A respeito de programas de televisão de natureza improdutiva, foi exibido no Fantástico, do último domingo 22/04/12, o caso do motorista que dirigia alcoolizado para casa depois de uma festa, quando, em alta velocidade, não enxergou o limite da rua, saltou um córrego e atingiu o quarto de uma casa no segundo andar. No quarto dormia uma mulher, uma recém-nascida de seis meses e uma adolescente de doze anos. Felizmente não houve mortes. O caso ganhou repercussão nacional depois de apresentada a cena cinematográfica do automóvel pendurado no segundo andar da casa.
O programa em questão que não tem um público alvo bem definido oscila entre as classes sociais média e baixa, cuja maioria dos indivíduos ainda apresentam falta de interesse e empenho em buscar informação, e, por isso, “precisa agradar tanto a parcela do público que quer ver trechos de apresentação do fantástico (sem trocadilhos) Cirque de Soleiu quanto a parcela que tem curiosidade em saber quanto tempo da vida uma mulher gasta em um salão de beleza”, comenta Glauco Vinícius, colunista do blog Liga Jornalística.  
 Entretanto, o Fantástico é um programa vazio, totalmente parcial e visivelmente editado para o telespectador de pouca inteligência, esta é a pretensão. Em relação ao caso apresentado no início do texto, o programa deu preferência em explorar o acidente do ponto de vista físico-científico, reconstituindo a cena em um autódromo de São Paulo e pronto, em vez de encorajar discussões socialmente relevantes como o respeito à vida humana ou, mais pertinente ainda, sobre a obscuridade da Nova Lei Seca.
Acerca do respeito à vida humana podia-se questionar por que tanto pessimismo e decadência em pleno século XXI, marcado por avanços significativos em todas as áreas do conhecimento impulsionados pelas ciências, mas apresentar ações ou ideias bem-sucedidas pelo mundo que sugiram diminuir ou acabar a cultura da individualidade exagerada que acometeu a nossa sociedade; quanto a obscuridade da Nova Lei Seca se conduziria o telespectador pela confusa redação da nova Lei que ainda tramita no Congresso Federal, apresentando as suas generalidades, durezas, fraquezas e omissões, tornando público, de verdade, um assunto de interesse geral.
Mas, pseudorevistas eletrônicas como o Fantástico, da Rede Globo de Televisão, também figuram em outros canais de televisão aberta no Brasil e no mundo, com o hábito de se esquivarem da notícia e da informação “mais completa” e verdadeiramente utilitária para veicular programas de natureza vazia e inútil ao usuário desses canais.
Infelizmente, se nos próximos dez anos não houver uma séria reflexão sobre a validade e o compromisso das mídias informativas, especialmente, pelos canais abertos de televisão e pelo próprio telespectador, as novas gerações vão começar a apresentar em sua cadeia de DNA (substâncias químicas envolvidas na transmissão de caracteres hereditários), o gene do grande nariz vermelho e redondo.

*Wellington Gomes de Jesus é graduado em Letras com Espanhol pela UEFS e membro do Conselho Editorial da Revista Graduando.

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