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sexta-feira, 12 de novembro de 2021

ARTIGO DESTAQUE !

O artigo destaque desta semana é este:

“Cultura na escola”, de autoria de Arabelle Nogueira Alves, Aurea Vandian Ramos, Carla Viviane Lima Cerqueira, Kalila Carla Gomes da Silva e Sara Cristina da Silva, publicado na segunda edição da Graduando, em 2011.

Acesse-o em http://www2.uefs.br:8081/dla/graduando/n2/n2.11-19.pdf.






Até o momento, este trabalho foi citado em um artigo publicado em anais de evento, em 2017.

E você, conhece algum artigo publicado na Graduando, que foi citado em outros trabalhos? 

Se sim, deixe aqui nos comentários ou mande um e-mail para revistagraduando@gmail.com.


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quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Trecho de livro “Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro

 Que tal um trechinho de “Viva o povo brasileiro” de João Ubaldo Ribeiro para finalizar esta semana?

Confere aí!



E tem mais: se quiser nos enviar um trecho de um livro de que goste é só nos mandar por e-mail: revistagraduando@gmail.com.


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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

TRECHO DE “Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade”

Segue um trechinho do livro Na batalha contra o coronavírus, faltam líderes à humanidade, de Yuval Noah Harari!




E tem mais: se quiser nos enviar um trecho de um livro de que goste é só nos mandar aqui, via direct, ou por e-mail: revistagraduando@gmail.com

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quarta-feira, 16 de junho de 2021

Trecho de "A grande transformação: na política, na economia e na ecologia", de Leonardo Boff

 Que tal um trechinho do livro “A grande transformação: na economia, na política e na ecologia” de Leonardo Boff para finalizar esta terça-feira?


Confere aí!




E tem mais: se quiser nos enviar um trecho de um livro de que goste é só nos mandar aqui, via direct, ou por e-mail: revistagraduando@gmail.com



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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

EDITORIAL DA DÉCIMA QUARTA EDIÇÃO



“Deixem uma caneta por perto, sempre que tiverem inspiração.”


Com esta frase, que foi inserida no roteiro de Freedom Writers ou Escritores da Liberdade, filme dirigido e produzido em 2007 por Richard LaGravenese, baseado em fatos sobre o cotidiano de uma professora iniciante, a senhora G., cheia de vontade de mudar aquela realidade, iniciamos o editorial desta décima quarta edição. Assim como aquela professora, ao longo dos meses daquele ano letivo, presenteou e incentivou os seus alunos a adotarem um diário, no qual as suas experiências seriam registradas como exercício de escrita — e, mais do que isso, de vida —, somos igualmente professores que acreditam que um papel, uma caneta e uma boa dose de inspiração sejam a receita certa para contarmos lindas e inspiradoras histórias, implícitas nos textos publicados na Graduando: entre o ser e o saber, revista acadêmica da graduação em Letras, “diário” anual dos atuais graduandos da área no Brasil.

Na Graduando, quantas histórias de vida não estão incluídas na produção dos inúmeros trabalhos, que temos publicado ao longo dos últimos 10 anos? Quantos(as) graduandos(as) “passaram” por esta revista antes de se formarem? Quantos(as) graduandos(as) vimos se pós-graduarem ao longo desse tempo de existência? A resposta para essas questões é apenas uma: dezenas!

Mas, e quando essas histórias não são apenas histórias, mas um meio de formar, profissional, acadêmica e pessoalmente, outros(as) tantos(as) graduandos(as) igualmente iniciantes na arte de escrever sobre teorias e experiências? Quando isso acontece, nós sentimos a vontade e a necessidade de dar voz às ideias e ao que aprendemos, pesquisamos e experienciamos ao longo da nossa formação. Há dez anos ininterruptos contribuímos para que isso seja possível na graduação em Letras. Desde 2010, ano em que esta revista foi criada, variados e numerosos têm sido os trabalhos escritos por graduandos(as), então professores e pesquisadores iniciantes, que começaram a produzir e a dar voz aos seus trabalhos que, atualmente, têm sido baixados, lidos e citados em vários outros veículos de divulgação científica brasileiros e internacionais, como já identificamos e listamos na seção intitulada citações, disponível no site (http://www2.uefs.br/dla/graduando/citacoes.htm) deste periódico acadêmico.

Esses dados, somados ao interesse dos(as) novos(as) graduandos(as) em Letras em publicar e divulgar os seus trabalhos neste espaço de publicação científica, são provas de que tanto a revista quanto os trabalhos nela veiculados são fontes de inspiração e consulta para tantos(as) outros(as) jovens graduandos(as) do nosso imenso, diverso e auspicioso Brasil. Tudo isso significa que aquela receita inicial — uma caneta por perto, papel e inspiração — seja, de fato, essencial para que os(as) graduandos(as) comecem e/ou continuem escrevendo e divulgando os seus trabalhos, seja neste ou em outro(s) periódico(s) que também publique(m) trabalhos de graduandos(as).

Para além disso, nesta edição comemorativa dos 10 dez anos de criação da Graduando, os sentimentos e o desejo de continuarmos inspirando novos trabalhos se renovam, principalmente, porque seguir incentivando e divulgando a ciência, a arte e a cultura é, nestes tempos, um ato de coragem!

C-O-R-A-G-E-M!

Coragem para prosseguir inspirando, incentivando e divulgando os trabalhos dos(as) graduandos(as), especialmente aqueles(as) inseridos(as) em universidades menores, interioranas ou mais novas, pois, parafraseando uma das falas de cena do referido filme, quem sabe possamos mudar, de alguma forma, a vida deles(as), através do incentivo à produção e divulgação científica realizadas nos diversos centros universitários brasileiros.
Nesse sentido, se conseguirmos ajudar a inspirar, a incentivar ou a melhorar, nem que seja minimamente, os rumos da formação acadêmica de um(a) único(a) graduando(a) já estaremos satisfeitos(as), pois, neste ano, que tem sido difícil por conta da pandemia e dos recorrentes ataques à ciência, principalmente à produção científica na área de Humanas, divulgar os trabalhos de graduandos(as) é, para além de coragem, um ato de resistência. Nunca estamos apenas na companhia das referências bibliográficas, mesmo na pandemia.

Resistir! Quantos de nós não estamos resistindo a tanto e a tudo ao longo desses anos, especialmente, neste ano? Quando um trabalho é publicado não se imagina o quanto de esforço, coragem e dedicação foi impresso em cada linha, misturada com a vida de quem a escreveu. Como falar de inspiração sem levar em conta o que inspirou cada trabalho? Como falar de coragem sem refletirmos sobre as inúmeras subjetividades, que imprimiram no papel a sua voz? Como incentivarmos a escrita acadêmica sem antes lermos as várias histórias que estão à nossa volta, principalmente aquelas daqueles(as) que, historicamente, foram silenciados(as)?

Como vemos, muitas são as questões, mas em uma coisa concordamos: todas as vezes que você, graduando(a), seja de que lugar deste imenso país estiver, começa a escrever um trabalho, inspirado na sua atuação acadêmica, profissional ou pessoal, compartilha valores individuais e coletivos, de gerações inteiras, antigas e contemporâneas. Dadas as imensuráveis conectividades planetárias e humanas, tais valores, que orientam objetiva e subjetivamente atividades humanas, podem proporcionar a outros(as) graduandos(as) que também se sintam inspirados(as) a escrever e a publicar, porque eles(as) viram no seu texto — ou em textos que partilham de semelhante reconhecimento —, valores como trabalho, inspiração e coragem.

Firmando-nos nessas ideias, encerramos este editorial com a certeza de que muitas questões ficam em aberto, mas todas elas seguem inspirando outras tantas reflexões, que podem ser retomadas em outros momentos por nós ou por você, caro(a) leitor(a), já que lançamos neste espaço apenas a “ponta” de um enorme iceberg repleto de questões, que poderão ser retomadas, quem sabe, pelos próximos 10 anos da Graduando.

Vida longa à minha, à sua e à nossa Graduando!


Conselho Editorial

segunda-feira, 13 de abril de 2020

SOBRE OS 10 ANOS DA GRADUANDO PARA O(A) GRADUANDO(A)... NA VIDA

Por Danilo Cerqueira Almeida*


Em 13 de abril de 2010, a revista Graduando iniciava efetivamente sua trajetória no ambiente acadêmico, completando a fase inicial de processo que se estende aos dias atuais. Na referida data, a revista era apresentada aos estudantes em uma recepção aos calouros do curso de Letras. Nos dias em que este texto é pensado e escrito, completa-se dez anos desta data, momento mais que oportuno para destacar alguns aspectos sobre minha visão do periódico.

Este texto é uma livre comemoração (ou pelo menos é o que se pretendeu antes de ser completamente escrito). É uma livre lembrança coletiva, para muitas pessoas, sobre muitos momentos, em relação a muitas atividades realizadas. É nesse sentido que é uma comemoração, ou seja, uma memória reflexiva, ou intentada, para valorizar, para o autor e para os leitores, momentos que se deseja destacar por meio da escrita. Assim, para aqueles que, há dez anos, então participaram de alguma forma daquele momento, e para os que foram sendo agregados aos tantos momentos que culminaram nas atividades atuais da revista, agradecer pode ser acrescido de mais algumas ações. Esta é uma delas.

Dedicar um tempo para escrever sobre isso permite que se reflita a respeito do que isso vem significando para a revista ao longo deste tempo de atuação. Escrever, em seus múltiplos sentidos, para esse tipo de trabalho, é viver. “Respira-se academicamente” por meio da escrita e da leitura. Basicamente, seria assim: a leitura (audição, observação, atenção...) seria a inspiração e a escrita seria a expiração... não só a escrita, mas a fala, o desenho, os gestos, os sinais... E perceber que tais ações, que ocorrem dentro e fora deste ambiente tão marcado em nossa sociedade que é a universidade, fazem parte do cotidiano de estudo e trabalho... dois aspectos da vida que devem ser identificados sem jamais serem separados no dia a dia de qualquer pessoa, independente do espaço que ocupe.

Criou-se e ocupou-se um espaço no ambiente acadêmico da graduação em Letras. Esse espaço persiste e insiste em se fazer presente na universidade há dez anos, com a contingência dos semestres, anos, pessoas, atividades e realidades internas e externas ao periódico, mas sempre conseguindo entregar aos públicos dos quais depende e aos quais atende a possibilidade de estar diante de uma criação, ou produção, ou resultado, ou herança... de sua própria existência, de seu próprio tempo, ou seja, de sua própria condição de ser acadêmico que não exclui a expressão de outras maneiras de ser. Entender isso torna-se significativo na prática das atividades da revista quando se percebe que, ao mesmo tempo em que se muda individualmente, também o tempo, as instituições, os pensamentos, as ferramentas de trabalho, as perspectivas e, enfim, o contexto no qual vivemos, mudam. Assim, por exemplo, a cada quatro anos os graduandos do curso mudam quase por completo. Nesse sentido, o que deve, para a revista, ficar; o que deve, para a revista, significar?

As opções que se fizer para a vida (pessoal, acadêmica, institucional, periódica...) terão aspectos positivos, negativos e, talvez, parcialmente perceptíveis a apenas um par de olhos: terão consequências nesses mesmos termos. Cabe aos seus agentes encontrar, individual ou coletivamente, a melhor forma de escolher quando isso é inevitável e de administrar as consequências que advêm dessas opções. Entretanto, tais ações não devem deixar de representar interna e externamente às comunicações humanas, nas tantas situações da vida, a preocupação em garantir o motivo pelo qual se afirma a própria existência do que quer que seja... No caso da revista Graduando: entre o ser o saber, ciência e paciência para afirmar e para ouvir, tão necessários em qualquer atitude científica, também devem ser necessários aquém e além dos muros da universidade, dos anos de experiência e vivência, dos limites da própria vida.


* Danilo Cerqueira Almeida é licenciado em Letras Vernáculas, especialista e mestre e estudos literários pela Universidade Estadual de Feira de Santana (BA). Atualmente, é professor da rede estadual de ensino da Bahia e faz parte do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

F.

Por Evair Teixeira e Silva*


No Brasil nunca roubei, não é na gringa que vou fazer isso. Esse povo estranho, frio, não fala comigo direito, aquele prédio de gente estranha, parece que colocaram todos os pobres juntos, até branco pobre tem. A fome bate cada vez mais forte. Estou cansado de comer todo dia a mesma coisa. Baguette, só tem nome chic, só tem casca, não dá para sustentar. Em que cilada fui me meter. Frio e fome. Nunca roubei lá, aqui não vou fazer. O iogurte e a pizza estavam ótimos, ninguém suspeitava de mim. Faz tempo. A geladeira é comunitária. Ainda bem, senão teriam desconfiado mais cedo. Eles sempre pensam que são os africanos roubando. Sou eu! Mas não dá mais. Preciso de feijão, preciso de carne, mesmo que seja aquela porcaria enlatada cheia de sal. Todo mundo rouba nesse supermercado mesmo. É chic no meu país, mas aqui é coisa de fudido mesmo. O pior é que tem sempre vários vigias. Nunca roubei! Vai ser só uma lata. Eles já me olhavam com suspeita mesmo. Mas se me pegarem? Já fiz escândalo uma vez lá, por me pararem, acho que não teriam a coragem de me parar novamente. Eles me olham com desconfiança sempre. Sempre. Nunca roubei lá, não é na gringa que vou fazer. Quanto frio. Fome e frio. Dedos doendo. A calefação do prédio é tão fraca, que dá no mesmo aqui ou lá dentro, não seca nem uma meia. Fome, esse estômago que não para de reclamar. Não foi esse país que me venderam. E se me pegarem? Já estou aqui em frente há tempos. Se ficar mais, eles vão desconfiar. Vamos lá, é hora de… não sei... Seja o que Deus quiser.


* Evair Teixeira e Silva nasceu em Muritiba, no recôncavo baiano, mudou-se para Feira de Santana para cursar Letras com Francês na UEFS. Atualmente desenvolve projetos e pesquisas  nas áreas  ligadas ao ensino-aprendizagem de línguas, cinema e literatura com enfoque nas questões étnico-raciais.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

XVI SEMANA DE LETRAS - 50 ANOS DO CURSO E... "FORMANDO" DOUTORES

Fonte: Facebook

Fonte: Facebook


Por Danilo Cerqueira*



É. Chegamos aos 50 anos. Ele, nós, vós, eles, elas, você... e, por que não, eu também... É claro que não estou me referindo ao(à) leitor(a) do blog, mas sim a todos e todas que tiveram contato com @s graduand@s (e graduad@s) do curso de Letras da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Tod@s @s que se comunicaram, ou mesmo @s que apenas pensaram sobre quem viam, supondo sobre como deveria ser aquele(a) que cursa Letras na UEFS, foram tocad@s pelo curso que proporciona, se não todo, parte considerabilíssima do conhecimento sobre língua em nosso país - e aí não mais considero apenas este curso da universidade feirense... e baiana, mas todo o conhecimento que este curso engloba nas instituições de ensino superior do país.

Foi uma semana de muitas letras. O curso de Letras vivenciou mais uma semana de várias expressões humanas em um evento anual, a Semana de Letras, organizada pelo Diretório Acadêmico de Letras José Jerônimo de Morais. Os cinco dias de reunião entre ouvintes, apresentadores, comissão organizadora e colaboradores em torno desses conhecimentos tão diversos quanto completos (e não menos complexos) proporcionaram ao ambiente acadêmico da UEFS a celebração de sua área mais antiga, com participação desde a fundação do espaço anterior à própria UEFS, onde hoje é o Centro Universitário de Cultura e Artes (CUCA). Portanto, a formação de profissionais e pessoas pela instituição remonta a espaços que muitos que frequentam essa universidade nunca visitaram, mesmo vivendo na mesma cidade e, em parte, incentivados a participar dos demais espaços ligados à UEFS.

Voltando ao curso de Letras, a semana foi dedicada a minicursos, espaços de discussão, comunicações, intervenções artísticas (teatro, música, performances), rodas de conversa, saraus... todos, momentos em que trocamos e plantamos e colhemos e regamos e compreendemos e aprendemos e admiramos e calamos e incompreendemos e subentendemos... palavras! A Semana de Letras sempre expõe e impõe a natureza do graduando, a presente maioria: quem faz, quem comemora lindamente e extasiadamente as muidezas dos primeiros ou importantes trabalhos num espaço "novo", numa condição nova, num momento de "empoderamento" em relação ao curso e à história da instituição, seja como ouvinte ou monitor, seja como colaborador, seja como ministrante de oficina, minicurso, debatedor, palestrante, conferencista... etc.!

Junto com as bodas de ouro... vieram doutorados!!! A UEFS concedeu o título de Doutor Honoris Causa ao escritor Antônio Torres durante o evento. Algo raramente feito pela universidade, coube-lhe outorgar o título a um escritor durante uma semana de Letras... Simbólico! Outros motivos para comemorar é que as pós-graduações de Linguística e de Literatura ligadas ao curso em breve estarão com doutorandos... Ano que vem, teremos os doutorandos em Linguística; em breve, os da área de  Literatura. A área de Letras, com seus cursos, que começaram com uma graduação em modalidade específica, chega hoje a integrar 4 cursos, especializações, mestrados, um doutorado implantado e inúmeras atividades ligadas ao Departamento de Letras e Artes, ao qual também se integra o curso de Música e a área de Artes, com cursos e a pós-graduação em Desenho, Cultura e Interatividade. O curso de Letras faz, de suas expressões em palavras, a ciência que reconhece as inúmeras expressões que o podem tornar mais humano, mais integrado à realidade das coisas e das pessoas, de suas ânsias de vida e do seu cotidiano de existência e resistência, sem que se dissocie a parte disso da própria instituição.

É... Ainda que não percebamos, os movimentos deslocam... o ar... e, assim, movimentar espaços que, muitas vezes, não podemos perceber senão por suas consequências. Que a contingência dos dias e das ponderações sobre a responsabilidade de cada um(a) d@s  graduand@s em Letras, nos rumos da (própria) história (do curso) fique cada vez mais evidente quando nós, mais vivenciados no verso e anverso de nosso cotidiano na UEFS, e também fora dela, estivermos o mais oportunamente possível na condição dialógica em relação aos(às) outr@s e tant@s graduand@s da vida...


Arte: Danilo Cerqueira



* Danilo Cerqueira é licenciado em Letras Vernáculas pela UEFS, com especialização e mestrado em Estudos Literários pela mesma instituição. Atualmente, é professor da rede estadual de ensino e membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

AO PROFESSOR

Por Danilo Cerqueira *


Uma vida, uma mente
Eternizada diante do momento
Em que oferece o mundo
A quem ouve seus pensamentos
Ciente da importância de sua imagem
Que traduz o saber de uma geração
Com intenções que tocam na alma
Indicando do futuro a direção
Sem pedir a seus responsáveis
Nós, agora dotados de liberdade
Que ofereçamos um cumprimento
Àquele imortal monumento
Que assume figuras inéditas
E que foi um dia criança sapeca
Para achar que a vida era uma festa
Mas que agora está a ensinar vidas
Extraindo de todo o seu interior
As virtudes que tornam brilhante
O papel de um professor

17/10/2001, Colégio Estadual Edith Mendes da Gama e Abreu.


* Danilo Cerqueira, que na época cursava o 2º ano do ensino médio, turma 3, hoje possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

MUSEU

Por Danilo Cerqueira Almeida*


Séria viveria Luzia
Constelada em Alexandria
Redarguindo argumentos de Minerva...
Tão ela nela...
O consumo, a involução das eras...

Que seja!
Que Dele o seja a esvoaçada poeira madre
Que no chocalho azul a água lave
A penha calcificada
Palavra!


* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

QUANDO TEREMOS GRANDES MUDANÇAS

Por Danilo Cerqueira*


Quando me perguntarem quando teremos grandes mudanças, direi que elas realmente acontecem quando são promovidas por grandes pessoas. Essas pessoas realmente existem, mas como elas chegam a ser dessa maneira, comovedoras de tantas outras a ponto de formar um movimento, pois, afinal, elas não vão realizar grandes modificações sozinhas? As pessoas têm, digamos assim, graus de capacidade de promover mudanças. Elas podem conseguir realmente mudar nada, pouco, considerável ou significativo em suas próprias vidas; também podem fazer mudanças nas vidas de sua gama de contatos; e ainda podem promover mudanças em pessoas que jamais virão a conhecer...

Um dos casos mais comuns e imediatos que podemos observar, no último caso, é o da política democrática, com pessoas eleitas pela "maioria" do "povo", que tem os eleitos como representantes políticos para executar, legislar e legitimar a ordem e o progresso do (de um) país. Mas as pessoas, as grandes pessoas, são, antes de tudo e de todos, grandes promotoras de mudanças em si, provavelmente em luta constante com o cotidiano arrasador do desenvolvimento próprio do indivíduo, traço essencial do ser humano, favorável ao desenvolvimento de reais e significativas contribuições para a sociedade em que vive, da qual compartilha suas experiências de vida. Tais grandes pessoas parecem não se importar muito com o passar do tempo, mas com seus projetos, que sabem ser também importantes para o seu (ou qualquer) grupo humano que tenha o alcance de sua ideia contributiva. Essas pessoas não são egoístas, no sentido de quererem tudo, ou mesmo o que tem no momento, só para elas. Elas acreditam, sim, que parte do ego está na aproximação que existe entre todos os seres humanos que conseguem identificar entre si semelhanças, características comuns, sentimentos e tendências congruentes, simpatias... Assim, quanto mais se afunda no que cada um tem seu de ser humano (ego), pode-se encontrar inúmeras identificações, um qualquer outro que esteja ao alcance de nossa percepção ou pensamento... esteja ele em qualquer espaço ou tempo de convivência.

As mudanças realmente acontecem quando se é incumbido de certo desprendimento do próprio destino, na medida em que se propõe um pouco mais de entrega ao destino do(s) outro(s), como forma de encontro com o que há de mais individual na integridade de um ser que pensa: a necessidade de seguir o que há de mais reconhecidamente elogiável e virtuoso por todos, porém, nos próprios pensamentos. Isso pode não ser compreensível, mas é sensível, é descoberto muitas vezes quando se está entregue aos próprios pensamentos, não sem censura, mas sem clausura. Desse  modo, podemos fazer coisas que certamente alguns grupos de pessoas vão aprovar abertamente, outros grupos não; alguns grupos ou pessoas podem boicotar subliminarmente, mesmo ainda que sequer percebam que estão fazendo isso; outras e outros, do mesmo modo, podem fazer exatamente - ou não exatamente - o contrário. Essa é - e assim é que se apresenta - a vida. Fazemos tudo o que queremos? Não. Fazemos tudo o que não queremos? Não. Assim, resta-nos dizer à frente do espelho, se pudermos: Você não faz tudo o que quer, também não faz tudo o que não quer.


* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

VISADA

Por Danilo Cerqueira*


O homem fica ao pé do monturo
quando o tempo pesa tanto quanto só.
É formiga que não somente regurgita, e tão bem frutifica
o monte de bolas e cola ao olhar de nós.

Anda, e vive, e trilha de longe, de perto
o termo do que tem de ser.
Homem, bicho, objeto... nomes!
Se monta e remonta, antes ferve a vida.
Ideias mascadas e sons rasgados: horas...

Ponteiros ou esferas, úmidos, secos, à gravidade.
Construo e vejo, grão a grão
a letra feita, forjada no sabor
embotada de suor, interditos e anverso...
de olhares, regressos e protestos.


* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

EU VI, EU LI, EU ESCREVI

Por Danilo Cerqueira*


Eu vi um colegial lendo um artigo de um graduando
Ele via e, meio que entendia, o que estava lendo
Ele não entendia tudo, mas lia, sempre aprendendo, imaginando
Ele, aos poucos, deixava de ser ele... Tornava-se nós

O colegial pensa enquanto lê, o graduando pensou quando escreveu
Os dois continuarão a pensar, em tempos e espaços diferentes
Seres de linguagens iguais
Um, para a pós-graduação, institucional ou não
Outro, pode ser, para uma outra certa graduação
Os dois, o mesmo caminho: um termo de paz
Com eles, sigo

Assim é: uma criança lendo um livro velho, mas novo
Ela ria, e rindo, o escritor do velho livro também ria
Ele não ria ali, ria lá, e lá ria mais do que a criança
Riso que atravessava gerações de risos...
e incentivava a criança a sorrir
Mesmo tempo

O que é a leitura, meu caro, minha cara?
O que tão bem nos encontra e coloca em raro existir!
O que tão bem nos aproxima do que jamais nos verá, e do que jamais veremos!
O que melhor te define sobre o que o futuro nos tornará!
O momento do conhecer sobre o pouco que nos torna humanos
O tratado escrito enquanto assinado
Em torno do que significa
No meu dia, que vivo
E nos unifica enquanto ficamos
Vivos!


* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

segunda-feira, 30 de abril de 2018

QUANDO NÃO HÁ CORRENTE

Por Danilo Cerqueira*


Quando não há corrente, não há elos, não há passagem, não há articulação, não há movimento. Não há perspectiva, não há horizonte, não há sucessividade, não há "o que vier", não há-ve-rá.
Quando não há corrente, não há objetivos comuns, não há o ser do futuro porque não há o par, mero conjunto, no presente. Quando não há corrente, os olhares são perdidos, pois se esquece que se pode aprender com outro humano, modo de subentendermos que há entre e em nós, humanidade. Quando não há corrente, não há passagem de bastão, não se consegue nada que vale a pena ser lembrado pelo resto da vida, pois do que vale uma vitória conseguida única e exclusivamente sozinho? Se for possível identificar tal espécie de vitória, é preciso expô-la para que seja posta à prova da participação de mais um qualquer que seja nessa conquista. A possibilidade existe como pensamento, mas duvido que exista como realidade.

Quando não há corrente, não há bicicleta, o veículo de duas(!) rodas... E se não tiver correntes?... É... a questão não é a corrente... É seu conjunto que no outro podem ser... dentes! É na conversa que estão, assim, dois (ainda que em apenas um) na conversa... Jogos de poder? Sim!... Necessidade de afirmação? Sim... Ânsia por submeter o outro ao que você pensa e defende por meio de suas palavras? Sim!... Receio de que o outro ou a outra desprestigie suas hesitações, medos e demais fraquezas e, digamos, defeitos? Sim!... Mas são medos inerentes a qualquer comunicação entre pessoas. Sem agrupamentos em torno de assuntos, convicções, ideias, projetos, ações, características, semelhanças, diferenças, objetivos, acasos e tantas maneiras de comungar olhares e palavras, sons e atenções, não se pode consubstanciar o alicerce coletivo humano que fundamenta as atividades mais exitosas e reconhecidas entre quaisquer grupos humanos, somente concebidas por um senso conglomerador de notável percepção e sensibilidade social - ou grupal, ou conjugal, ou amical, ou sentimental, ou familiar, ou política, ou representativa, ou idealizadora (ideária)...

Quando não há corrente, não se passa pra frente... Não se vai para a frente, não se pode sair daquela inércia que conforta, mas deforma; que exalta, mas angustia; que promove, e que esvazia; que assegura, mas inquieta... Conviver com essas experiências eventualmente pode ser compreensível, mas a manifestação intensamente periódica desses estados no cotidiano de nossas atividades é desestruturante de nossa condição humana. Creio que tendemos a ser alternos mesmo, no sentido de que estamos entre racional e irracional, e daí com suas potencialidades incompletas nos campos de pensamentos e do que também não pode ou ainda não foi pensado; do que pode e do que não pode ser pensado por quem quer que seja.

Quando não há corrente, se escreve assim. Quando não há corrente, se lê assim... sozinho, escondido, amedrontado... Quanto tempo levou entre este texto surgir à sua frente e você se submeter a lê-lo? Será que vai comentar sobre ele com alguma pessoa? E aí, vai passar essa corrente? O que será qualquer organizado de sons e palavras senão uma outra forma de corrente, sem retorno, esperando sempre que a movimentemos para a frente... em conjunto, com os nossos dentes, saliva, energia e... o que vier depois do dia?


* Danilo Cerqueira possui graduação e pós-graduação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Atualmente, é professor da rede pública de educação do Estado da Bahia na cidade de Feira de Santana.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O QUE A 'GRADUANDO' TEM A VER COM UMA GRADUANDA EM LETRAS DA UEFS?

Por Josenilce Barreto*


Depois de um bom tempo, resolvi escrever este texto para falar a vocês um pouco da minha experiência enquanto membro do Conselho Editorial e revisora da Graduando, revista da Graduação em Letras da UEFS. A minha motivação, nestas linhas, pauta-se não somente no fato de o nosso periódico discente ter completado, em 2017, aniversário de 7 anos, número simbólico, mas principalmente pela contribuição significativa que a Graduando tem prestado, inicialmente, aos cursos de Letras da UEFS e, agora, aos cursos de Letras do Brasil, já que temos visto e lido, nas últimas edições lançadas, inúmeros trabalhos de discentes de variadas universidades brasileiras.

Somente isso já é motivo de comemoração para nós. Contudo, inicio as próximas linhas com um relato de minha experiência desde o meu ingresso até o momento atual de minha participação e contribuição no processo de feitura e manutenção da nossa Graduando.

Era final de novembro de 2010, vésperas do lançamento da primeira edição da Revista Graduando, o qual aconteceria em 02 de dezembro daquele ano, período em que fui convidada por um dos fundadores do periódico para prestigiar o lançamento e, depois, começar a participar das reuniões, enquanto simples curiosa. Contudo, na época, eu estava com outros projetos em mente e, por conta disso, não dei muita atenção nem ao lançamento e nem ao convite de participação.

Passaram-se os lançamentos da primeira e da segunda edição da revista e, novamente, o mesmo criador e conselheiro do periódico me convidou para participar das reuniões, o que foi, para mim, uma grata surpresa. Aceitei o convite e, por curiosidade e sem compromisso assumido, resolvi ir à uma das ditas reuniões que acontecia aos sábados, na Biblioteca Municipal Arnold Silva, em Feira de Santana.

Ao final daquela reunião, entendi melhor a articulação e o funcionamento interno da revista e, em seguida, ainda me mandaram, via e-mail, alguns documentos sobre o projeto do periódico. Resultado: apaixonei-me pela proposta e pela “revolução” que aquilo proporcionaria, de fato, aos cursos de Letras da UEFS.

Após ler cautelosamente cada linha do projeto, constatei que provavelmente valeria à pena investir o meu tempo e energia naquilo, que me soava como uma proposta ousada e que já estava dando certo, posto que duas edições já tinham sido lançadas. Então continuei participando das reuniões, dando pitacos em tudo e, ao final, estávamos construindo diálogos, cujo objetivo era melhorar e ampliar a participação dos graduandos na terceira edição, que estava prestes a ser lançada. Nesse ínterim, lá estava eu toda envolvida, motivada e aprendendo com a revista coisas que nem as disciplinas da minha graduação, principalmente a de metodologia do trabalho científico, estavam me ensinando: como fazer/produzir um artigo, resenha, como fazer uma boa revisão, questões de normatização, leitura e discussão de ABNT, como funciona um periódico, o que cada revisor deve fazer etc. etc. Vi, de fato, uma oportunidade de aprender na Graduando coisas que eu não vi em muitas disciplinas da Graduação, o que de um lado me entristece e de outro me deixa feliz porque alguém (a Graduando) não me permitiu sair da graduação sem saber essas coisas!

Veio o lançamento da terceira edição, em 31 de maio de 2012, momento em que me senti extremamente feliz, porque eu estava colhendo os frutos de uma edição que eu ajudei a fazer, comemorada com o evento Os traços e trilhas da pesquisa em Letras que nós organizamos, no qual tivemos um público bem maior do que nas duas edições anteriores (o que pode ser verificado a partir das fotografias publicadas no site da revista, na página intitulada memória). A partir desta edição, fui integrada como parte do Conselho Editorial da revista e desde então continuo nesta função e na de revisora final, o que para mim é uma imensa responsabilidade.

Talvez muitos nem saibam o quanto a gente trabalha para manter e lançar regularmente um número da revista, mas, com certeza, todos devem saber que somos uma das poucas revistas discentes existentes no Nordeste e no Brasil, o que já é uma grande conquista. Entretanto, ao ler este textinho até aqui, vocês devem se questionar o por quê estou lhes contando essas coisas? A resposta é um tanto óbvia: porque a Graduando fez parte de minha formação acadêmica e profissional, assim como também o fez da de muitas outras pessoas que passam e já passaram pela UEFS, muitas delas já professores ativos.

Logo, falar da Graduando em um contexto em que muitos já a conhecem pode até parecer redundante ou desnecessário, mas não é! Quantas pessoas vocês conhecem que já publicaram ou colaboraram, nem que seja mandando uma fotografia para concorrer à capa da revista? Quantas revistas discentes vocês conhecem que, em 7 anos, já tem 11 edições, 10 lançadas e uma saindo por esses dias? Quantas revistas discentes vocês conhecem que começou a ser feita por graduandos e que ainda continua sendo, já que o graduando envia trabalho, publica, manda fotografia para a capa da respectiva edição, vota, escreve para o blog etc. etc.?

Pensando em tantas questões, decidi escrever este texto justamente para falar que uma dessas pessoas que começou como graduanda na revista fui eu e que, com o conhecimento adquirido a partir dela, muitas outras coisas aconteceram. Ao longo desses 7 anos (2010 a 2017), a Graduando já contribuiu para a formação de centenas de estudantes de Letras da UEFS e, da 10ª edição para cá, de estudantes de Letras de todo o Brasil, o que é, sem sombra de dúvidas, bastante significativo, haja vista que estamos em um contexto em que os graduandos já escrevem e leem bem mais esta revista do que no início dela!

Durante esses anos, muitos graduandos já se formaram, alguns deles já são especialistas e mestres, e outros no doutorado, como é o caso de alguns articulistas das primeiras edições, de alguns revisores e até da conselheira que vos escreve. Sendo assim, ver graduandos que passaram, enquanto leitores, articulistas, revisores e até conselheiros terem se tornado professores mais qualificados nos dá mais fôlego, e esperança aos que ainda vão ingressar nos cursos de Letras. Assim, quando presenciamos colaboradoras, como é o caso recente de Jéssica Mina e de Vanessa Pereira, serem aprovadas em cursos de mestrado, sentimos alegria e motivação para continuarmos contribuindo com a formação dos graduandos em Letras.

Como o próprio título deste texto diz: o que a Graduando tem a ver com uma graduanda em Letras? Muita coisa, não?! É preciso exercitar a escrita acadêmica e essa revista possibilita, entre outras coisas, isso aos graduandos em Letras, quando publica e divulga os seus textos nacional e internacionalmente.

E no caso da autora deste texto, é salutar, mais do que falar, agradecer a oportunidade que lhe foi dada pela Graduando, que me viu enquanto graduanda em Letras, depois especialista, mestra, professora substituta da UEFS, doutoranda em uma das melhores universidades brasileiras e professora da terceira melhor universidade baiana, segundo última avaliação da CAPES e do MEC. Mais do que agradecer, é preciso reconhecer a importância dos conhecimentos que me foram oportunizados dentro da revista, enquanto conselheira editorial e revisora de trabalhos.

Logo, no mínimo, o que se espera é que, assim como eu, outros graduandos também tenham a oportunidade de participar desta ou de outras revistas, de instituições administrativas como, por exemplo, o diretório acadêmico dos estudantes, de bolsas de pesquisa, de extensão ou de tecnologia etc., cujo interesse central do estudante de Letras seja o de aprender e amadurecer acadêmica e profissionalmente, e que esses aprendizados o levem a caminhos muito mais amplos do que os meus.

É com este desejo que quero encerrar 2017 e este texto: mais oportunidade aos estudantes de Letras! Dito isto, deve ter ficado claro o que a Graduando tem a ver com os estudantes de Letras, não é mesmo?


* Josenilce Barreto é graduada em Letras Vernáculas e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). É professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e também integra o conselho editorial da Graduando.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

EDITORIAL DA 11ª EDIÇÃO

Por Conselho Editorial*


Chegamos a mais uma edição da Graduando: entre o ser e o saber. É o momento de sentir a satisfação por mais um trabalho cumprido, na passagem de um ano de atividades planejadas, vivenciadas e comemoradas ainda mais agora, quando podemos perceber que o processo de leituras e releituras proporcionou um material que carrega, entre tantas ideias e motivações, a memória, a disposição, a solidariedade, a representatividade e o reconhecimento a todas e a todos os responsáveis por esta publicação periódica do curso de Letras da UEFS.

A história da revista pode ser contada pelas pessoas que fazem ou fizeram parte dos conselhos, comissão, equipes e colaboradores do periódico. Seu cotidiano de atividades, seus relacionamentos com cada (futuro) autor(a) de texto, cada avaliador(a), cada revisor(a), cada interessado(a) em saber a respeito das atividades da revista em espaços de comunicação e de divulgação como o e-mail, o Facebook, o blogue e presencialmente, cara a cara... são momentos em que se oferece ao outro em nosso diálogo a mensagem que carrega o conjunto de experiências, de visão moral e de ética sobre as atividades desenvolvidas pela revista. Essas pessoas, em seu(s) momento(s) de contato com alguém que faz ou fez parte de nosso periódico, podem saber informações de seu interesse, visando algum objetivo: um trabalho publicado, um texto divulgado, um apoio em assuntos nos quais o periódico pode ajudar. Também querem encontrar, mesmo que não explicitem em seu discurso, credibilidade, uma postura minimamente aceitável em relação ao que se deseja com o pedido, informação ou relacionamento. Destacamos a credibilidade, a confiabilidade em nosso periódico. Muitos e muitas confiam e muitos creditam nosso periódico discente de Letras da UEFS.

O primeiro idealizador da revista, creditado por sua professora de Literatura em sala de aula, teve a ideia de criar o periódico e teve o crédito de outras 4 pessoas. Estes 4 graduandos em Letras, mais o idealizador, organizaram o periódico e comunicaram professores e setores da UEFS sobre a ideia. Os 5 graduandos tiveram a confiança de todos os setores visitados para o apoio ao então novo projeto: uma revista acadêmica da graduação em Letras da UEFS. Ao longo desses sete anos, a vida afastou alguns de nossos idealizadores, creditadores e “confiadores”. Aos que nos foram afastados pela vida, resta-nos a memória, resta-lhes a memória, provavelmente uma das motivações sociais mais devastadas da (e não pela) cultura brasileira. Sempre estamos em processo tendencioso de realizar ações sem perceber o quanto a memória sobre o contexto da situação em que estamos pode mudar a decisão a tomar. Toda vez que a Graduando lança um número, sua memória vai sendo marcada em um número exponencial de pessoas, sempre à medida em que fazem da leitura, da revista, uma atividade confiável.

Toda pessoa que organiza, escreve, lê, avalia, revisa, colabora e incentiva a revista, confia no trabalho que é feito. O tamanho de nossa confiança no(a) graduando(a) em Letras, e em todas as pessoas envolvidas com o periódico, só aumentou nesse tempo de existência: dos estudantes de 2010 para os de 2017, do curso de Letras de nossa universidade para os demais cursos de Letras do Brasil. A confiança de muitas pessoas na revista tem aumentado nosso crédito na comunidade acadêmica, no reconhecimento ao trabalho realizado, com a citação em, pelo menos, mais de 50 trabalhos acadêmicos, entre artigos, monografias, dissertações e teses, como também em materiais pedagógicos e postagens de blogue; entretanto, o percurso da leitura e das letras pode ser identificado, descoberto, mas sempre parcialmente mapeável. De nossa parte, encontrar o possível sobre a receptividade à revista Graduando: entre o ser e o saber significa exemplificar uma troca de confiança: confiamos em vocês, leitores do mundo tocado pelo periódico, e vocês confiam em nós: confia-se a quem se pede e se confia ao que pede.

Trocar confiança, dentre as atividades humanas, é um dos comportamentos motivadores das relações sociais, e dos mais exitosos nas relações acadêmicas. Explicitando que as relações acadêmicas são sociais, de trabalho, muitas vezes intensificadas ao longo da vida, nosso projeto acadêmico de periódico tem angariado muitos “confiadores”. Nós confiamos na capacidade de leitura deles; eles passam a confiar em nós pelo conhecimento de nosso trabalho e de suas necessidades, sejam estas de cunho acadêmico ou não, do que podem perceber de nossa postura a partir da perspectiva em que estão. Nosso agradecimento deve ser sempre periódico, como cada letra que pode – e deve – ser reintegrada a cada nova palavra, a qual, assim, supre a necessidade de falar de nossa própria história, emergir-nos de nossa própria memória com a atualidade e a representatividade que o tempo, do qual também fazemos parte, precisa, mas que em muitas ocasiões nos apresenta na condição de minoria, marcada por inúmeras formas de violência. Todos os que escrevem ou falam, fazem-no em última análise para deixar um pouco de si para o que pode haver de semelhante no outro, no próximo leitor/ouvinte, num diálogo que os une enquanto povo que lê, que ouve, que compartilha, a exemplo do tema que marcou a XV Semana de Letras da UEFS, no ano de 2017, realizada pelo nosso Diretório Acadêmico de Letras: “Por letras que contem nossas histórias: o movimento da língua enquanto identidade de um povo”.


* O Conselho Editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber, é formado por Danilo Cerqueira Almeida e Josenilce Rodrigues de Oliveira Barreto.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

REPRESENTAÇÃO DO AMOR E SEU VALOR SOCIOCULTURAL NO ROMANCE "O PRIMO BASÍLIO "

Por Paloma Virgens Santiago*

No livro intitulado O Primo Basílio, o Eça de Queiroz, faz diversas críticas sociais, critica a sociedade burguesa, a formação da mulher portuguesa, a instituição casamento e procura quebrar a ideia de casamento por amor. Na época em que se passa a história, século XIX, as mulheres possuíam uma educação voltada somente para leitura de livros selecionados pelos pais, professores ou maridos.

Até meados do XIX, grande parte da população que tinha acesso à língua escrita era dotada apenas da capacidade de leitura, uma vez que os aprendizados da leitura, da escrita e do cálculo eram feitos em momentos dissociados e sucessivos (cf. Roche, 1996; Viñao Frago, 1999; Chartier, 2001; e Magalhães, 1994). Ser capaz de ler e incapaz de escrever era uma situação muito comum para o modelo de formação feminina. A capacidade de escrever confere ao seu detentor um poder simbólico e permite, ainda, a comunicação secreta, pessoal e possibilita uma independência "perigosa". (MORAES, CALSAVARA, SILVA, 2006) 

Além disso, eram educadas religiosa e obrigatoriamente. Para serem aceitas na sociedade e garantirem a sobrevivência, precisavam se casar. E foi o que Luíza e Leopoldina, personagens do livro, fizeram. Assim, Luíza casou-se com Jorge, para garantir a própria sobrevivência e a da mãe. Leopoldina também deixa isso bem claro, que não se casou por amor, referindo-se ao seu marido com palavras que expressam escárnio, nojo.

Antes da chegada do primo, Luíza era considerada pela sociedade da época uma boa esposa, possuía empregadas e uma vida confortável; porém, era solitária, tendo em vista que o marido passava a maior parte do tempo viajando. Descreve Jorge, seu marido, como homem ideal, não havia do que reclamar. Entretanto, pode-se perceber que Jorge a prendia muito e a tratava como uma criança, que não podia expressar as próprias opiniões, ter amizades próprias, e criticava sua amizade com Leopoldina, temendo que ela pudesse influenciar Luíza por conta do estilo de vida que levava, um estilo muito à frente do seu tempo, poderia ser considerada uma mulher com ideais feministas, que ama intensamente e vive amores proibidos, nunca foi feliz em seu casamento. Por conta da sociedade e dos valores morais que eram impostos, na época Leopoldina era considerada uma mulher vulgar. Levando em conta os aspectos supracitados, podemos perceber a crítica do casamento por amor, observando que ambas as personagens possuíam interesses em casar, influenciadas, é claro pela, pela realidade vivida por elas na época.

Após a chegada do primo de Luíza, a visão que a sociedade “lisboeta” possuía sobre ela cai por terra e ela passa a ser vista de forma diferente por todos, começam a comentar sobre as suas saídas e encontros com o primo. Luíza vê Basílio como o “Don Juan” que vê nos livros, sendo contaminada pela leitura. A partir daí, percebe-se a visão do autor que apresenta Luíza como uma mulher de ideais frágeis, completamente débeis e que podem ser facilmente corrompidos por conta de leituras e amizades. O autor expõe a figura feminina ao ridículo, mostrando que ela pode ser facilmente enganada. Eça de Queiroz traz sua cosmovisão, ou seja, o conjunto de opiniões que ele possui sobre a sexualidade feminina, sobre o papel da personagem como esposa e sobre a postura de fidelidade que a mulher tem que possuir no casamento. Em nenhum momento o autor diz que Jorge trai Luíza, porém, dá a entender que, em suas viagens, ele se envolve com mulheres. Entretanto, o personagem não é visto de uma forma ruim pelo autor. A culpa do adultério recai para a mulher, que deve ser sempre submissa ao marido.

Segundo a ficha de leitura encontrada no livro, o autor ataca a instituição casamento e mostra que a sociedade sempre será doente, tendo em vista que o casamento seria a raiz de uma sociedade, o início de uma família e nele já havia corrupções, mentiras, enganações. Fica bem claro também que isso não acontece apenas no casamento da personagem Luíza, mas também no casamento da personagem Leopoldina, já que a mesma não amava o marido e vivia paixões com intuito de descobrir um grande amor.

Típico romance de tese, o Primo Basílio critica a burguesia lisboeta, mais precisamente o ambiente doméstico de uma família burguesa de Lisboa. A obra faz a ‘’análise do casamento como núcleo de tal sociedade a provar que a corrupção do todo começa por ali, já que o casamento constituía a estrutura básica do sistema burguês. O adultério, consequência natural desses casamentos, faz-se lugar comum em tal sociedade. (CIRANDA, 2008, p. 376) .

REFERÊNCIAS

QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ciranda cultural, 2008.

CALSAVARA, Eliane de Lourdes; Morais, Christianni Cardoso; SILVA, Gisele Elaine da. Leituras “corretas” para mulheres “ideais”: educação moral do “bello sexo” para instrução da família e formação da pátria no século XIX. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIC, 10, 2006, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, RJ, 2006. Disponível em: . Acesso em: 22 nov. 2017.

* Graduanda em letras com inglês pela Universidade Estadual de Feira de Santana – Departamento de letras e artes. E-mail: palomavirgens2015@gmail.com

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

2017.1: A(S) FORMATURA(S) EM LETRAS NA UEFS

Por Danilo Cerqueira*


Hoje fui para a mais uma formatura de Letras da UEFS. Sim, assim mesmo, a mais uma. E isso significa que foi uma cerimônia de formatura singular, além de, claro, única. Grandemente significativa. Cheguei atrasado, e isso, de certa forma, também já a transforma, para meu olhar, em incomum. Para surpresa talvez de muitos dos muitos em excesso presentes no espaço, formavam as quatro licenciaturas do curso de Letras da UEFS. Isso também torna a formatura bastante especial por alguns pontos de vista.

Em meio às dificuldades institucionais do(s) contexto(s) estadual(is) e nacional(is), provavelmente essa configuração de formatura, tradicionalmente articulada em duas, apresentou-se num cerimonial de colação de grau único. Único, em certo sentido, também é o curso que representa: os graduandos, agora licenciados, vivenciaram mais uma experiência/consciência de grupo, fundamental em sua formação acadêmica e social. Ela se estenderá dos atuais aos futuros grupos, escolares ou de quaisquer atividades, e se confirmará na formação coletiva e representativa de uma profissão, do exercício inegável de ser cidadão, de ser com o outro. Tal condição e situação são compartilhadas — sentidas positiva ou negativamente, pensadas ou não pensadas — por muitos iguais nesta condição, que precisam de companhia para crescer e suportar a sucessão dos dias e das experiências boas e ruins, do que se vive e sobre o que se aprende no viver. Eu estive na referida formatura, vi e pensei, senti e por isso estou escrevendo, por isso creio e, em parte, estou vendo novamente, por meio deste texto.

Dentre as coisas que me chamaram a atenção, em meio ao grandíssimo número de pessoas e de formandos do dia, foi que, dentre os homenageados da turma, estava a pessoa que, dentre atividades cotidianas de seu trabalho, providencia a fotocópia de material didático das disciplinas do curso, a conhecida xerox. Surpresa a minha saber que se estava homenageando justamente a trabalhadora ligada ao curso de Letras, em bela homenagem. Esse acontecimento, em relação aos materiais de estudo parcialmente fotocopiados para estudo no curso, deixou-me a ideia bastante substantivada de que presenciava algo novo. “As coisas estão mudando”, comentei comigo (não contive o pensamento) e com outros depois que saí do Auditório Central da UEFS. O espaço, definitivamente, se concordei algum dia com os que lhe atribuíam o adjetivo de elefante branco, jamais será lembrado por mim como tal a partir hoje.

Ouvi, conquistado pelas palavras, um discurso de formatura em Literatura de Cordel. Lindo, bem lido, bem escrito, bem emocionante! UEFS, governo, cotidiano, perfis, relações e relacionamentos foram postos à prova e ao crivo de letras, palavras e frases que pareciam espelhadas, nas quais formandos e formados se refletiam, com autocrítica e autolouvor, personificados no elogio do Magnífico Formado (licença para a neológica forma de tratamento). Espero um dia ter o cordel novamente para lê-lo ou ouvi-lo, pois as palavras soam atuais e universais, falando da realidade dos formados a partir das gerações de formandos que os precederam (e dos que virão também), da qual tantos de seus conhecidos e até amigos fazem parte. As palavras do cordel provocaram, junto com os demais acontecimentos da cerimônia, uma conjugação de sentidos e articulações de perspectivas históricas e representativas, actanciais e repletas de uma esperança que entusiasmava o público, mesmo com o número enorme de pessoas que estava em pé, relativamente cansados, e ouvindo impropérios por estar à frente de outras pessoas, como eu.

Ah, público. Decorrente das quatro graduações, juntas nunca ou raramente em uma formatura, tal contingente de pessoas, de cidades e perfis diversos, como é típico (histórico) do curso, mostrou-se de uma variabilidade exótica e, até certo ponto, divertida. Exacerbações e excessos em gestos e sons, acenos e comentários, fizeram-se presentes, sentidos e, claro, comentados. Alguns despropósitos que, contextualizados e compreensíveis, nada mais eram do que a expressão verdadeira de um grupo em visita, rara ou primeira, a um lugar desejado por seus ou suas parentes, num misto de felicidade e satisfação, ou até, por motivações outras e por que não, também de estranhamento.

Creio que a representação de um curso, com todas as suas nuances e características quanto à repercussão de suas ações passadas, presentes e futuras na sociedade, pôde ter seu ápice de compreensão em eventos como esse. Não me lembro de uma cerimônia reunindo tantas graduações na referida universidade (4). Isso, também creio e proponho para pensar, aumenta a ideia de uma resposta para as perguntas “Quem somos?”, “De onde /Do que faço parte”, “Quem eu represento?”, “Quem me representa?”, “O que se vê sobre o que faço?”. Todas as perguntas elencadas aqui, e tantas outras que o leitor pode ter incluído ao lê-las, podem ajudar a melhorar a autopercepção de nossa realidade, a mais próxima possível, para que, a partir dela, possamos reafirmar nossos laços sempre construídos, em muitos casos sofridos, mas necessários e sempre imprevisíveis em momentos cada vez mais únicos em nossos dias de vida.

Eu estive lá, e confesso: não pensei tudo isso apenas lá. Pensei e penso um pouco assim todos os dias. Assim ideias se formam e se confirmam de acordo com a experiência de vida, e se completam a cada momento, com leituras, escutas, observações, vivências em que estamos com todos os sentidos, com a nossa disposição para sentir e pensar mais ou menos. O processo formativo de outras pessoas fazer de parte de nossa vida é intrínseco, indissociável ao exercício docente da licenciatura, mas também o é, em parte, do bacharelado, da docência sem contracheque, da discência sem diploma, do aprender, do viver. Tudo isso faz parte da formação do ser e do saber em nós, que nunca termina, que nunca se interrompe... continua sempre no outro, como certa reciprocidade em forma de palavra, leitura e escuta.


* Danilo Cerqueira é licenciado em Letras, além de especialista e mestre em Estudos Literários, todas as graduações pela UEFS; é professor da rede estadual de educação da Bahia; também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

DISCURSO DE ORADORA

Por Regiane Costa (Texto) e Romildo Alves (Adaptação)*

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS VERNÁCULAS E ESTRANGEIRAS
FORMATURA 2017.1
DATA: 07 DE OUTUBRO DE 2017

Boa noite a todas as pessoas!

Na primavera do sonho
Eu começo agradecendo
Aos colegas que me deram
Confiança e vou tecendo
Nesta representação
Uma célebre saudação
E ames ma vou estendendo.

À mesa, aqui na pessoa
Do Magnífico Reitor
Evandro do Nascimento
E as pessoas de valor:
Nossos homenageados
Família, mais achegados,
E ao todo apreciador.

Falando em nome da turma
Eu agradeço aos presentes
Nesta data especial
Para os mais novos docentes
A UEFS comemora
Pois está brotando agora
Um punhado de sementes.

Quero parabenizar
A todos nós professores
De Português, Espanhol,
Inglês, Francês, sonhadores
Que em tempos de incertezas
Enfrentamos correntezas
Contrárias aos formadores.

A Universidade Pública
Tem direitos retirados
Os desafios diários
Precisam ser superados
Quem chega onde chegamos
Sabe o que nós enfrentamos
Para sermos graduados.

Foram anos de insônias
Por um sonho que somente
Era ocupar um espaço
Negado historicamente
Mas depois se transformou
E muito mais se ampliou
Para ficar permanente.

São conquistas grandiosas
Primeiro a aprovação
Numa corrida acirrada
Pela melhor posição
Ainda muito inocentes
Das lutas subsequentes
Pra sua manutenção.

Ocupar e permanecer
Requer muita resistência
Às cotas de um restaurante
Em sua insuficiência
Gerando filas gigantes
Que parecem aos estudantes
Um teste de paciência.

Resistimos e amargamos
Faltas de materiais
E em nossa biblioteca
Poucos livros atuais
Acervo escasso, uma “jaula”
Faltas de sala de aula
Infelizmente normais.

A cada novo semestre
Um velho dilema assusta
A demanda estudantil
Com as bolsas não se ajusta
Em valor e em quantidade
Podando a oportunidade
Que se apresenta robusta.

A residência também
Além de sucateada
Passa por seus maus bocados
Frequentemente atacada
Na administração
Centralizada a questão
Ainda é muito ignorada.

Familiares e amigos,
Aqui não é mar de rosas
Há racismo e há machismo
Condutas escandalosas.
Há xeno e homofobia
Mas lutamos dia a dia
Contra as práticas danosas.

Trabalhar ou estudar
Tivemos que escolher
Nas imposições que a vida
Coloca-nos pra viver
Perdas e dificuldades
São as singularidades
Pra essa noite acontecer.

Apesar de aqui felizes
Podermos compartilhar
Com vocês essa alegria
Nós queremos registrar
Que teremos pela frente
Um dever árduo e frequente
Que não dá para adiar.

Trata-se desse momento
De socialização
Daquilo que a academia
Legou-nos por formação
Os nossos conhecimentos
Precisam ser elementos
Que portam a transformação.

Nossa universidade
Hoje vive enfrentando
Problemas para manter-se
E continuar formando
São sérias dificuldades
E suas atividades
Já estão se limitando.

É falta de professores
Redução de orçamentos
Nesse cenário caótico
Há riscos de fechamentos
2015 somente
Ano de greve docente
Vejam os encolhimentos.

Cerca de 7 milhões
Das Ueba’s retirados
Mais que 5,8
Da nossa UEFS cortados
Temos como consequência
A grande deficiência
Dos serviços ofertados.

Como as viagens de campo
Que pouco têm ocorrido
E não é somente a UEFS
Que tem com isso sofrido.
As outras estaduais
Sofrem ataques iguais
E o Estado tem se omitido.

Vera educação pública
Atacada intensamente
Enquanto o setor privado
Com investimento crescente
Nos leva a repudiar
Toda forma de mercar
Um direito que é da gente.

Devemos socializar
Esse direito que temos
A educação gratuita
É o que nós defendemos
Seja no nível que for
E o respeito ao professor
Nós também muito queremos.

Saímos com essa vitória
Mas vamos continuar
Defendendo a qualidade
No direito de sonhar
A dupla licenciatura
Pra quem nas letras apura
Além do vernacular.

Não foi fácil aqui chegar
Com os fatos relatados
E no palco da UEFS
Tantos mais foram passados
Nos espetáculos diários
De atores secundários
Buscamos ser consagrados.

Protagonistas da história
Findamos uma etapa
Para iniciarmos outra
Por outro difícil mapa
O do mundo do trabalho
Onde o valor ainda é falho
E também é quente a chapa.

abemos que o cenário
Não é lá dos otimistas
As políticas contradizem
Os direitos trabalhistas
O que não nos é pacífico
Pode ser o específico
Para as futuras conquistas.

A palavra desse dia
Não é outra, é gratidão!
Nela escrevemos tudo
Que nos dita a emoção
Salve Deus! Salve Oxalá!
Salve tudo o que está
Nos dando essa permissão!

Salve a arte e a beleza!
Salve as letras que unidas
Formam palavras que ganham
Sentidos nas nossas vidas!
A primavera chegou
E o seu conjunto deixou
As nossas almas floridas.

E eu termino dizendo
Que apesar dos pesares
UEFS, foi muito bom
Respirarmos dos teus ares
Vamos, mas te levaremos
E quem sabe voltaremos
Quando menos tu pensares.

Muito obrigada!


* Regiane Costa (texto) e Romildo Alves (adaptação) são licenciados em Letras pela Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

E AO EU IA O AR

Por Danilo Cerqueira*


Aula
Alta, auricular
... Auscultar ...
A um, ali, mental, içar!
Auspiciar!

Autenticar: se ausentar:
- Eula.
"Eu" lá ... !
Eu, lá, lia.
Lendo-me e, in true, ia.

Ah! Ula lá!:
Eu lá e cá.
Ao teu ateu ...
... até eu!

Sal, meu
Mal, seu
E ao eu ia o ar.

Oi! Eu lá.
Ei-la!:
Eu? Tá na azia do ser.


* Danilo Cerqueira é licenciado em Letras, além de especialista e mestre em Estudos Literários, todas as graduações pela UEFS; é professor da rede estadual de educação da Bahia; também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

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