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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PALAVRAS

* Por Tainá Matos Lima Alves

Como dizer-te do amor que sinto,
Que jamais sen[ti] igual?!
Como dizer-te dos pensamento meus 
em que tu estás sempre presente, tão real ?!

Como explicar do oceano: 
maré cheia de nossos corpos nus?!
Como falar-te essas palavras, 
sentido dual, sem sentido, 
desse amor sem sentido?! 

Expressaria as palavras o que tenho a dizer-te...?

Como falar-te que povoas os meus sonhos;
Que invade o meu riso;
Que penetra meu corpo
e liberta minh'alma?

Qual o melhor jeito de dizer 
quando  já não se tem nada para falar?
Qual a melhor forma de calar
quando ainda se tem muito a dizer?

Como dizer-te o indizível?
Como poderia você, ouvir o inaudível?

* Tainá Matos Lima Alves é estudante de Letras com Espanhol da Uefs.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

CURSO DE LETRAS: PARA QUÊ?

* Por Joilma Maria de Freitas Trindade

Sei que a educação no Brasil está longe de ser satisfatória. O assunto é sempre polêmico, mas acredito que se deve elevar os padrões do sistema de ensino atual do curso de Letras através da atualização de seus conteúdos e pela adequação da estrutura curricular às necessidades dos alunos e dos setores da sociedade aos quais cada instituição se faz veicular. Não esquecendo, porém, de repensar a universidade, suas fases, o ambiente em que está inserida, o método de lidar com o conteúdo e com o mundo da informação, sem perder de vista os aspectos culturais dos seus alunos e professores. É preciso também maior investimento na formação dos docentes, porque estudar Letras não é só ler, escrever e interpretar. É aprender a desenvolver o senso crítico, a pensar, analisar os problemas e suas soluções. 

Dessa forma, adaptar os conteúdos dos cursos de Letras, hoje fragmentados, à nova realidade é imprescindível para o processo de ensino-aprendizagem. Faz-se necessário que nesse ensino sejam exploradas metodologias capazes de confirmar o conhecimento que o aluno adquiriu, ou seja, oportunizar ao aluno a prática do que se aprendeu na teoria; a expansão do espírito crítico, o estímulo à criatividade e a compreensão das dificuldades propostas. Além disso, é importante o desenvolvimento de métodos de ensino que levem não só ao descobrimento das potencialidades do trabalho individual, mas também do trabalho em equipe. Isso proporciona autonomia ao discente, concede-lhe segurança em relação às suas próprias atitudes e capacidades; permite-lhe se sair bem nas mais diferentes complexidades.

Nesse contexto, entra o professor com o desafio de enfrentar uma sociedade globalizada, turbulenta e em constante processo de construção. Uma escola em que os alunos fazem a escolha profissional de forma precoce, muitos, ainda bem jovens, forçados pelos pais a escolher uma carreira universitária sem informações precisas e confiáveis sobre a futura profissão. Em contrapartida, têm em suas mãos a responsabilidade de ensinar pessoas a aprender e aprender. Formar cidadão responsável e sujeito empreendedor, instruir para o desconhecido, sobretudo porque a qualidade, a competitividade e o conhecimento é que movem o mundo. Entretanto, o que se percebe é que o papel do professor está em desacordo com os padrões atuais de gerar cultura. Existem docentes que, alheios às suas funções e, com preguiça quem sabe, repetem avaliações, temas, proposta de trabalho aos alunos. Assuntos que não fundamentam o ensino-aprendizagem.

Além de qualificar os professores de Letras, é essencial trabalhar pela valorização de seu trabalho profissional, pois passam por suas mãos todos os cidadãos brasileiros. O estudo das Letras é um instrumento básico para todas as áreas do conhecimento e para comunicação do homem. Por isso, carecem de ter uma boa remuneração pelos serviços que prestam à sociedade. Contudo, a valorização não deve vir só da parte do Estado e dos empregadores, mas também do próprio docente. É preciso que ele se sinta honrado pelo que faz. Que perceba o quanto é importante a sua tarefa, que é contribuir para o progresso e desenvolvimento do ser humano e do país.

Sobretudo, deve-se estar atento ao duelo presente na escola atual para atender às demandas do processo educativo brasileiro. Compreender a incumbência da universidade na sociedade do conhecimento, das constantes mudanças, da globalização, sem, todavia, não se esquecer dos contrastes sociais, das desigualdades econômicas, a degradação ambiental, a exclusão e a discriminação, pois nisso também consiste o papel da universidade.

Aí vem a pergunta: Curso de Letras? Pra quê? O professor não é mais o detentor exclusivo da informação a ser transmitida para o aluno. A velocidade da produção e circulação de informações leva a pensar que a educação deve produzir no aluno uma capacidade de continuar aprendendo. Recorremos ao curso de Letras, pois não se trata mais de acumular informações porque elas estão disponíveis a quase qualquer um, mas desenvolver-se individualmente, refletir o aprendizado, ler e escrever conteúdos de forma crítica e responsável.

Por fim, nossos cursos de Letras não são, eles estão flagelados. Essa situação pode e deve mudar. Basta para isso que ocorram as mudanças na estrutura curricular de formação profissional e acadêmica, de modo a se compatibilizar com a universidade que temos. O docente receba tratamento e remuneração digna à importância que ele detém. O governo veja, na hora de liberar recursos, a educação como investimento, e não como “despesa”. O aluno seja incentivado a buscar conhecimento para transformar o espaço singular e o pluralizado. Haja incentivo e fortalecimento das práticas de pesquisa na área. Caso essas mudanças não ocorram, corre-se o risco de isolamento científico, tecnológico, econômico e intelectual de um mundo em acelerada transformação.

* Joilma Maria de Freitas Trindade é estudante do 3º semestre do curso de Letras Vernáculas da UEFS, turma 2012.2.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

CASAMENTO

* Por Jaciene Andrade

Na mão, eu tinha o papel já um tanto suado me indicando a casa apoiada no monte. Incorporada à paisagem, ela parecia se fazer de ramos, e pedras, e chuva, e ar. A carta? Ah, puro amor clareando o papel pardo primorosamente recortado... A caligrafia fina, levemente inclinada para a direita, deslizava vez ou outra sob as linhas marcadas a régua. No rodapé, um pequeno mapa artesanal com uma setinha indicava: “minha casa”. 

Havia anos que não nos encontrávamos. Amizade de infância. “Tenho tanta coisa pra te contar...” Disse-lhe que morava na mesma casa, que me visitasse. Eu, com minha cabeça nas nuvens. Ela, com a alegria de sempre, me prometeu que viria. Vi seu olhar úmido, arrebatador, transpiração enevoada de uma alegria urgente. Eu não a compreendia – nossa partilhada distância. Ela disse algumas palavras rápidas, que logo se embolaram com a nuvem de fumaça que se seguiu. O ônibus tinha se arrastado numa tosse rouca. 

Virei a página. Mas, um dia, a carta dela chegou. Escrevia me levando sutilmente pelas bainhas do assunto. Finalmente: iria se casar, e me convidava para uma cerimônia simples em sua casa, no Monte Alto. Por que ela vinha agora com aquele convite? Senti profundamente haver deixado o tempo escavar um penhasco entre nós. O tempo, certamente um injusto culpado de minhas injustiças. 

O estremecimento da culpa me fez partir, de carta nas mãos, rumo à casa do Monte. A passagem me despiu das capas de civilidade. O vento reordenara meu coque, os calos me fizeram retirar as sandálias. O suor, que manchava tímido a maquiagem, passou a brotar caudaloso. A vida anda por caminhos estreitos. Sentia antecipadamente a alegria do casamento, lembrança daquela parte de vida que ela havia deixado em mim, agora em ponto de renascimento.

Aproximava-me da casa e do pôr-do-sol. Rastro de flores. Vi a chama cambaleante de uma vela. Os convidados não teriam chegado ainda? Um violão silencioso guardava a frente da casa. O tempo virando chuva arrebatada. Comecei a ouvir conversa baixa. Um cheiro doce de café...  Que casamento diferente! Alguns laços brancos amarrados nas pilastras da casa. À medida que me aproximava, sentia a conversa se assemelhar a uma reza, uma ladainha... O vento se avolumando em rápidas gotas de chuva. Um móvel de madeira coberto parcialmente por um tecido branco. Foi quando desmoronei na certeza que não queria ter. Havia um caixão na sala.  

Ninguém ouviu meu grito, a não ser meu corpo paralisado. Aproximei-me do caixão, como quem não tem mais nada na vida. Ela, de véu e grinalda, perfeita noiva. Um soluço me lacerou o peito, ao tempo em que o conjunto de xícaras que trazia se estraçalhava miudamente no chão. Lá fora, um trovão ecoava, enquanto uma derradeira chama de sol insistia em não sair.

* Jaciene Andrade cursa Letras Vernáculas na UEFS.

sábado, 9 de novembro de 2013

AOS POETAS...

* Por Rosângela Ramos da Conceição

Dizem que poetas são loucos
Louco! É negar a beleza das palavras
Ser médico um dom, ser engenheiro um dom
Ser poeta para poucos.

As palavras fascinam o homem
Falam verdades de maneiras sensíveis
Fala aos brutos, mas eles não ouvem
Fala aos pequenos de alma e eles não entendem.

A vida de um poeta é curta,
Para falar tamanhas verdades
A vida dos homens comuns se torna longa
Para viver tamanhas inutilidades

As penas dos poetas criam sonhos
Oferecem escapes,
Essa mesma pena soa palavras que
Destroem vazios e preenchem com criatividades.

* Rosângela Ramos da Conceição cursa Letras Vernáculas na UEFS.

sábado, 2 de novembro de 2013

REPENSAR O CURSO

*Por Ilana Benne Falcão Maia


Visibilidade. Esta é a palavra que falta para o curso de Letras, no geral, não só em uma universidade específica, mas na maioria, se não em todas. O curso em sua amplitude é escasso de apoio, o que é uma triste contradição pois o mesmo deve, ou pelo menos deveria formar professores qualificados para o ensino público, já que a educação é a base para formar um cidadão crítico, pensante, ou deveria ser assim. Por isso a necessidade deste apoio, não só financeiro, claro que este é essencial e obrigatório para todos os cursos de graduação, mas um apoio dentro da própria universidade, para quebrar o estigma de ser um curso fraco e sem visibilidade.

Antes mesmo de ingressar no curso de Letras, já imaginava que junto com essa grande conquista viriam os comentários do tipo: "Letras é só sombra e água fresca". Pois bem, este foi a primeira frase que ouvi se referindo ao curso. Mas a pergunta que não cala em minha mente desde que entrei para assistir a primeira aula, não tendo nenhuma dúvida de que era isto mesmo que eu queria, é: o que é ser professor? Por que estamos aqui para isso, sermos professores de literatura ou linguística, que seja. Pois é isso que o curso de letras forma, professores. Ou pesquisadores, mas, em suma, são professores mesmo. 

Nada mais difícil do que ser professor nos tempos de hoje, não é "sombra e água fresca" mesmo. Será que ninguém parou pra pensar ainda que ser professor é uma extensão de ser família? Pelo menos penso assim, estamos sendo formados para formar uma dia cidadãos críticos, leitores que analisam a vida por outro olhar, o olhar que pensa. Estamos na era do conhecimento, mas conhecimento este que é pouco explorado, ou talvez usado de forma errada, a sociedade está caminhando para a alienação imposta pela mídia, pela religião, enfim, nunca se pensou tão pouco. Dentro do curso de Letras vejo o caminho para fugir desta alienação, aqui pretende-se formar leitores melhores, escritores melhores. Trabalhar com letras, com a língua que está sempre em movimento não é tão simples quanto se pensa, haja vista que daqui a alguns semestres, terminado o curso, lidaremos com a formação de novos profissionais independente da área. São vidas, lidaremos com vidas diferentes das nossas, com histórias diferentes da nossa, e este é o diferencial. Fazer-se compreender, e compreender o outro na diferença, em primeira mão digo que é esta primeira impressão que tive ao início das primeiras aulas. E tenho ainda.

Mário Quintana disse que: “livros não mudam o mundo. Livros mudam pessoas. Pessoas mudam o mundo.” Só mudaremos todo o resto se mudarmos primeiramente dentro de nós mesmo, abrindo a mente e os olhos e enxergando que o Brasil é um país com potencial para crescer, mas que sem educação de qualidade isso não funciona. Não é necessário pesquisar muito, nem ir muito longe para ver a sujeira que o país está se tornando ao investir bilhões em estruturas para a Copa do mundo enquanto o piso salarial dos professores são míseros R$ 638,00. Se não houver investimento, qualidade de trabalho e uma atenção melhor àqueles que estão ingressando nos cursos de licenciatura os índices de analfabetos funcionais só irão aumentar. Por que só se têm bons alunos quando se têm professores exemplares e qualificados. 

Isso tudo só faz com que a profissão que antigamente era de prestigio, hoje perca todo seu valor. Poucos querem ser professor por que a própria sociedade divulga essa imagem de que não vale a pena. Mas apesar dos apesares, acredito que o curso de licenciatura valia a pena sim, quando se faz por amor, não adianta entrar ás cegas isso só dificulta ainda mais a qualificação dos novos profissionais. Estar preparado para encarar os desafios o curso que você escolheu e se entregar a ele é o primeiro passo para mudar um pouco que seja o quadro de bons profissionais na área de educação. Mas a mudança principal está em "observar" melhor as carências do curso e voltar para dentro dele, principalmente aos olhos da própria universidade. 

O profissional de Letras tem um peso enorme na sociedade, devido ao vasto conhecimento que adquire enquanto se forma, porém ser professor não dá ibope. Por isso os números "catastróficos" de analfabetismo no país são desconhecidos pela maioria da população, como cita Bagno. O Brasil para, literalmente, por alguns minutos diante do telejornal e não se ouve uma "reportagenzinha" sobre a educação, sobre a real educação das escolas e das universidades. Não se fala sobre qualificação de professores, simplesmente não é importante. A educação no Brasil é precária, fato. E se falta o recurso financeiro tem-se o recurso humano, mas falta a qualificação, falta um novo currículo para os estudantes de letras que enfatize a linguística, e que ensine realmente o que um professor deve ensinar.

Enfim, ao repensar o curso de letras é preciso pensar em professores que irão formar cidadãos cientes da democracia do país em que vivemos, ou da suposta democracia que deveria existir. É preciso “letrar” os futuros professores, assim mesmo, usando o neologismo “letrar” nas proporções de alfabetizar a nível acadêmico os estudantes que a cada semestre ingressam nas universidades, primeiramente observando que o curso de Letras não é um curso simples, é uma área complexa que precisa de uma atenção minuciosa. Ainda há muito a ser discutido, pois este é um problema de grande escala que pelo andar da carruagem tende a tomar proporções ainda maiores. Analfabetos são como pessoas praticamente cegas ao mundo, não enxergar as palavras é não enxergar a vida. Alguns são diante da sociedade analfabetos, pois sabem das falhas e das rachaduras do sistema educacional e fingem que não veem. 

Ilana Benne Falcão Maia é estudante do 3º semestre do curso de Letras Vernáculas da UEFS, turma 2012.2.

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