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terça-feira, 27 de outubro de 2015

SOBRE UM CAPÍTULO DE “MANUAL DE SEMÂNTICA”*

Por Danilo Cerqueira Almeida **


AMARAL, Luciano. Cap. 4: Semântica estrutural. In: ______. Manual de semântica. Petrópolis, RJ. Vozes, 2008. p. 59-84. 

O professor Luciano Amaral expõe, no capítulo 4 do Manual de Semântica (2008), uma análise sobre o ramo da semântica ligado à linguística estrutural, que tem como precursor e fundador da abordagem científica Ferdinand de Saussure. De maneira muito clara, o texto apresenta um percurso da semântica estrutural, cujos fundamentos remontam ao Curso de Linguística Geral (1916), construto teórico que baliza inicialmente os estudos linguísticos, e que, por consequência, também inicia as reflexões sobre aspectos da língua e linguagem que hoje estão em foco na Semântica.

Embora os estudos semânticos estruturais apareçam muito diversos, com variações metodológicas e campos de atuação vários, o autor deste panorama apresenta um texto bastante informativo e reflexivo, não só pela gama de estudos apresentados no capítulo como também pela relação de influência diacrônica estabelecida entre as abordagens. Tal recurso confere ao assunto estudado uma síntese relacionada e crítica entre os cientistas da linguagem que debruçaram sobre a semântica estrutural — a ressalva “desconsiderada” sobre a elaboração de Curso de Linguística Geral (1916) e ponderações acerca de supostas incoerências nas teorias elencadas, mediante confronto com outros teóricos e reflexões do próprio Amaral. Ao longo do texto, vemos as dicotomias saussurianas tornarem-se mote para refutações sob outros pontos de vista — Charles K. Ogdem e Ivor A. Richards (e Frege), que, por sua vez, são contestados por outros semanticistas: Eco, Ullmann. É interessante notar, no texto do capítulo, não apenas o debate entre os pensadores do significado, mas a tomada de posição por parte do escritor sobre a discussão, também evidente nas passagens sobre campo semântico (lexical) — não necessariamente classificado inicialmente assim —, criação de Jost Trier. Essa teoria é didaticamente relativizada na questão das lacunas lexicais, considerando o fenômeno do estrangeirismo e empréstimo. O mesmo acontece com os componentes semânticos, que, inicialmente subsidiados metodologicamente pelos traços distintivos (Hjelmslev), são enriquecidos por Coseriu — arquilexema e tripartição dos componentes semânticos —, o que proporcionou estudos relacionados à homonímia, sinonímia e antinomínia, em suas graduações situacionais.

A variedade de correntes de abordagem da semântica estrutural aponta para um mosaico que o texto do professor Luciano Amaral mostra com evidência, mas também mostra que há semelhanças e diferenças que devem ser observadas para o avanço dos estudos semânticos estruturais.


* Texto apresentado como avaliação parcial da disciplina Língua Portuguesa VII, na UEFS, em 2009.
** Danilo Cerqueira Almeida é licenciado em Letras Vernáculas (2010), além de especialista (2012) e mestre (2014) em Estudos Literários, todas graduações pela UEFS. Também é membro do conselho editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber.

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