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sexta-feira, 3 de junho de 2016

CONTAGEM

Por Josenilce Barreto*


Ela tinha um, dois ou talvez três ou quem sabe quatro... a quantidade pouco importa, desde que o que ela tenha seja suficientemente completo.

Todos os dias, ela se levanta de sua cama, pensa em como poderá ser seu dia, então toma um café e começa a chover. E no barulho da chuva, fervilham-lhe os pensamentos ou seriam as inquietações? Quem sabe...

O saber parece pertencer a alguém, mas e se ela nem soubesse que pertencia ao saber e não o contrário? Bem, são apenas possibilidades...

Ela, assim como outros, pensa que sabe, mas, como já dito, o saber é quem nos pertence!

Então ela vai contando, a cada dia, os livros que encontra perdidos em sua estante. E nessa conta lá se vão um, dois, três ou quem sabe quatro histórias perdidas... quer dizer, esquecidas! Esse esquecimento não completa o saber, pois este vai-se completando, completando, completando... à medida que vai tomando para si alguém... E ela, ciente de seu pertencimento ao saber, não lhe ousa deixar. 

Deixar, esquecer, perder... são verbos que não lhe pertencem. À ela são compatíveis o aprender, o escrever, o pensar, o saber, o amar, o pertencer ao conhecimento.

A chuva se foi, os pensamentos também. O livro foi fechado, as histórias ficaram jogadas novamente na estante. E de novo o tempo parou, o barulho no telhado cessou e em outro dia chuvoso, talvez ela volte a contar um, dois ou talvez três ou quem sabe quatro livros lançados na estante...


* Josenilce Barreto é graduada em Letras Vernáculas e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), além de lecionar na mesma instituição. Também integra o conselho editorial da Graduando.

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