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sábado, 1 de junho de 2013

Paranoia

Por Iagomes

Quando menos esperei, estava te olhando firmemente...
Aquela tua face me fez lembrar algo, algo do qual não sabia o que era, mas me fazia bem. Uma sensação de felicidade, de que finalmente havia encontrado algo que me completasse. Restaria um olhar seu. Mas você nem ao menos notava minha presença. De repente você virou e pela primeira vez naquela noite nossos olhos se encontraram... Algo mágico aconteceu... E aconteceu... Aconteceu como eu esperava... Um tiro... Um grito... Um jato de sangue cobriu o piso do bar... Você estava estirado, petrificado em meio a uma poça de água vermelha que em breve estaria coagulada. Não sei se posso chama-lo de amor, ou de uma paixão repentina, foi apenas uma troca afetuosa de olhar... Quando tudo parecia perfeito, a bala nos separou... Quando tudo parecia mágico, o teu sangue derramou...
Não lembro o que aconteceu naquela noite depois do acontecimento. Sei que acordei alguns dias depois em um quarto branco, totalmente branco, paredes, teto, piso, até a roupa que eu usava era marcadamente tingida de branco. Olhei para os lados e procurei alguma presença humana que me reconforta-se, mas parecia que eu estava sozinho, como realmente eu estava. Gritei, gritei desesperadamente em busca de resposta. Já estava no auge de meu desespero, quando ouço alguém mexendo na fechadura e me preparei para a entrada da pessoa que me tiraria daquele lugar.
Esperei alguns segundos. Vozes. A porta se abre e surge um homem, alto, forte e negro. Com aparência de um lutador de Boxe, vestia um jaleco branco, de médico... É isso de médico... Estava em um hospital, provavelmente me recuperando de algum tiro de raspão ou de um choque nervoso provocado pela situação do bar. Mas não era nem uma coisa nem outra...
Percebi quando entraram dois enfermeiros, me seguraram pelos braços e me injetaram um líquido por meio de uma seringa. Meu mundo começou a esmorecer, fiquei tonto e adormeci... Não lembro mais nada, apenas do gosto de sangue em minha boca. E ter visto toda aquela cena de um lugar que eu juraria ser um copo, um copo de uísque com gelo, muito gelo.

Iagomes (Iago Gomes) é estudante de Letras Vernáculas na UEFS.
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