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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

(SEGUNDA) CRÍTICA À EDUCAÇÃO BRASILEIRA *

Conceição do Jacuípe, 12 de Junho de 2014


Excelentíssima Presidenta do Brasil Sra. Dilma Rousseff,

Gostaria de poder iniciar este texto parabenizando-a pela sua atuação positiva no cenário da Educação em nosso país. Mas, como cidadão e educador, conhecedor de meus direitos e deveres enquanto cidadão brasileiro, não posso compactuar de uma hipocrisia tamanha. Escrevo-lhe acreditando que Vossa Excelência, com o poder que lhe foi conferido, seja capaz de amenizar minhas angústias. Quero também acreditar que a Excelentíssima disponibilizará de alguns minutos do seu tão precioso tempo para ler meus lamentos, já que não tenho a quem recorrer a não ser à autoridade máxima da minha terra, eleita pelo povo brasileiro para defender seus direitos.

Tenho verificado que o Sistema Educacional brasileiro atual tem sido falho. Muitos jovens ingressam no Fundamental II sem habilidade para a compreensão de textos simples, e outros nem sequer conseguem assinar o próprio nome. E então alguns insistem em pôr a culpa em nós, professores, pela má qualidade do ensino. O acesso aos cursos técnicos com a finalidade de qualificar a mão de obra para o mercado de trabalho tem crescido de forma significativa, porém tem formado profissionais sem a devida qualificação; e ainda assim a culpa recai sobre os docentes. Na Educação Básica, o governo criou a progressão continuada, os ciclos, a avaliação contínua, a recuperação paralela, tudo isso sem bons resultados; e a culpa também é do professor.

É lamentável Excelentíssima, como o professor tem sido alvo neste cenário. De quem seria a culpa afinal? Do professor que é mal remunerado e por isso não dispõe de ânimo para executar o seu trabalho pedagógico de maneira responsável, ou do governo, que investe mais em projetos pedagógicos de cunho político com o intuito de mostrar à sociedade de que há um trabalho voltado para Educação do país, não se importando com seus resultados? Do meu ponto de vista, parece-me que esse modelo de Educação brasileira tem sido uma “cópia xerografada” de outros países. Um exemplo disso é o Programa Mais Educação, que propõe a permanência do aluno na escola, mas o espaço físico não comporta os alunos em tempo integral diferentemente do que é proposto em países vizinhos.

Peço-lhe desculpa, Senhora Presidenta, mas não posso mais fingir que tudo está perfeito. Sou graduado e pós-graduado, recebo um salário insignificante equivalente a pouco mais que um salário mínimo e tenho que transformar a sociedade enquanto que os senhores políticos, que em alguns casos não possuem nem o fundamental completo, recebem valores incalculáveis para desfilarem engravatados. E os jogadores de futebol que recebem milhões a cada jogo? Então pergunto: Por qual estrada Excelentíssima ficou o lema de sua campanha Brasil rico, e sem pobreza?

Não posso esquecer de mencionar nessas poucas linhas a respeito dos Programas do FNDE juntamente com o MEC, nos quais Vossa Senhoria visa oferecer uma Educação pública de qualidade. Mas, também não posso deixar de citar o quanto são falhos. A exemplo posso citar o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que visa a distribuição de livros didáticos nas esferas estaduais e municipais, porém de forma precária, uma vez que a distribuição é feita de acordo com o Censo Escolar do ano anterior, deixando dezenas de alunos sem livros se no ano em curso o número de alunos matriculados for superior.

As cotas. De que adianta Excelentíssima popularizar o ingresso de estudantes nas Universidades Públicas se a Academia não está preparada para recebê-los e nem tão pouco os profissionais se predispõe a atender a diversidade? Muitos desses alunos vêm de escolas públicas com todas essas problemáticas citadas anteriormente.

E quanto às avaliações externas como SAEB, prova Brasil e provinha Brasil, servem para quê mesmo? Acho que já sei a resposta, Presidenta, mas me corrija se estiver enganado. Certamente se o resultado for positivo será fácil mascarar o IDEB e dizer que no Brasil não há analfabetos, mas se o resultado for negativo, mais uma vez servirá para autoafirmar que o problema está na formação do professor. Será que acertei?

Talvez, Presidenta Dilma, eu seja um sonhador, mas prefiro mesmo sonhar com professores satisfeitos com seus salários e menos injustiçados. Sonhar com meus alunos num sistema educacional que atenda as suas expectativas e que de fato funcione. Mas não basta sonhar, é preciso concretizar, e a Excelentíssima pode idealizar este sonho que não é só meu, mas de todos os educadores brasileiros.

Desde já espero que me desculpe por tamanha ousadia e meus sinceros agradecimentos pela vossa atenção.


Sandro Guimarães da Mata
Aluno de Letras com Língua Inglesa
Universidade Estadual de Feira de Santana

* O texto publicado foi apresentado com trabalho requerido pela disciplina Política e Gestão Educacional, do Curso de Licenciatura em Letras com Língua Inglesa, da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Um comentário:

  1. Seu texto expressa muito bem a realidade da educação no Brasil! uma educação falida que não consegue ao menos reconhecer que precisa de mudanças urgentes e de valorização do profissional que trabalha na educação. Enquanto isso os alunos saem da escola sem ao menos ter consciência do que é ser cidadão!

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