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segunda-feira, 23 de junho de 2014

A UNIVERSIDADE BRASILEIRA NO SÉCULO XXI: ENTRE O CAPITAL E O SOCIAL

* Por Cidalia Oliveira Barbosa Pinto


Devido ao debate realizado pela USP (Universidade de São Paulo), com o tema “A universidade que queremos, crítica ou produtiva”, são demonstradas duas perspectivas de discussão. A primeira é defendida pelo economista, ex-ministro da fazenda no governo de José Sarney e ex-ministro da administração federal e reforma do estado no governo de Fernando Henrique Cardoso, Bresser, que diz que o sistema público estatal brasileiro está em uma crise de legitimidade, e as soluções desta crise consistem numa universidade com autonomia administrativa e financeira, competitiva e isenta de funcionários públicos. A segunda vertente é defendida pela professora de filosofia e historiadora de filosofia brasileira Marilena de Souza Chauí, que tutela fortemente o fato de que a solução dessa problemática não está somente ligada ao poder aquisitivo, e sim à capacidade pensante e intelectual dos funcionários que compõem a universidade.

A universidade crítica e produtiva tem de produzir conhecimento e profissionais com um diploma que sirva muito mais do que um símbolo de formação, e sim um símbolo de um aluno que estudou, pesquisou, participou de projetos de extensão e mudou alguma realidade infeliz. Isso é uma universidade crítica, a que muda. Diferentemente da universidade que pretende resolver os problemas usando como base o capitalismo, não o conhecimento e a inteligência dos seus funcionários e alunos. De acordo com nosso ponto de vista, quando a Reforma do Estado brasileiro coloca como privado o que deveria ser tratado como direito e, sendo assim, ser provido pelo estado, está atingindo altamente não só a sociedade como arrancando as raízes desses setores. Como pode o conhecimento se tornar privado sendo ele o combustível para mudanças e evoluções sociais? Isso é uma alteração na essência da educação.

Quando vemos as medidas tomadas para atender aos valores de quantidade, tempo e custo, percebemos como a universidade foi arrancada de seu papel como instituição social de aspirar à universalidade e se transformou em uma organização que pensa em seus próprios benefícios.

A educação é um processo, não algo instantâneo, e se fundamenta na qualidade. Desse modo, não ajuda em nada o aumento de número de aulas ou de discentes por turma; não ajuda os programas de interação de estudantes a faculdades particulares, porque mesmo que à primeira vista eles se mostrem como auxílio, só estão cooperando para a formação de profissionais deficientes para o mercado. Deficientes porque o ensino é meramente repetitivo, é algo pronto, e não uma conclusão resultante de debates.

Existem muitas barreiras para a restituição desse modelo universitário. A burocracia que atua na administração, com as leis embasando-a, e a reinstalação da aula universitária, que é bem diferente do que propõe a Reforma do Estado. Porque o ensino e o conhecimento não são coisas prontas e repassadas, elas são construídas, criticadas, desconstruídas e reformuladas depois, sendo esse o papel da Universidade, semear cidadãos com capacidade de exercer essa prática, ao mesmo tempo em que continuam em uma luta por melhorias e pela não venda dos seus princípios.

Dessa forma, é valido ressaltar mais uma vez que a universidade deve ter a autonomia do saber e usá-la contra as determinações do mercado, pois a competitividade não deve ser feita entre as universidades e sim ser construída uma parceria entre elas, para o desenvolvimento intelectual dos seus discentes. Por fim, desejamos fazer um questionamento: Diante de tantos problemas e transformações, qual será a universidade do futuro?

* Cidalia Oliveira Barbosa Pinto cursa o 4º semestre de licenciatura em Letras Vernáculas na Uefs.

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