Por Juliana Pacheco*
Mary Darby nasceu em Bristol, Inglaterra; não se sabe
precisar corretamente o ano, mas biógrafos têm aceitado o ano de 1757 como ano
de seu nascimento, contrariando suas próprias declarações que apontavam o ano
de 1758. Quando ela ainda era criança, seu pai abandonou sua mãe, indo viver
com uma amante. A mãe de Mary teve muitas dificuldades para manter a família, e
Mary acabou sofrendo com os resultados dessa dificuldade.
Sua
mãe a obrigou a casar com Thomas Robinson, um homem que declarava ter uma
grande herança para receber e poderia, portanto, sustentar bem a família. Mary
não concordava com isso, mas depois de uma doença em que ele se mostrou
solícito e ficou ao seu lado, ela atendeu aos desejos da mãe e se casou, aos 15
anos. Mary não foi feliz em seu casamento. Além de seu marido, na verdade, não
ter meios de se sustentar ou a uma família, ele teve várias amantes. Thomas gastava mais dinheiro do que o que
possuía e do que o que Mary conseguia, acabando preso por dívidas. Nessa época,
com a ajuda da Duquesa de Devonshire, ela publicou seu primeiro livro de poemas.
Ainda
jovem, Mary foi incentivada a tentar a carreira como atriz, e fez alguns
esforços nesse sentido. Depois que seu marido deixou a prisão, ela continuou
sua carreira, obtendo sucesso e se tornando conhecida na região em sua época.
Seu papel mais importante foi o de Perdita, em uma adaptação de Shakespeare.
Foi durante uma apresentação dessa peça que o Príncipe de Gales George IV (que
mais tarde se tornaria o rei George IV) se interessou por Mary e ofereceu vinte
mil libras pra que ela se tornasse sua amante. Ela resistiu durante algum
tempo, mas acabou cedendo ao assédio do príncipe. O caso teve repercussão nos jornais da época, como um grande escandalo da família real. Eles ficaram conhecidos como "Florizel e Perdita", nomes do casal principal da peça.
O
romance com o príncipe durou menos de um ano e a quantia prometida nunca foi
paga. Ela conseguiu um acordo com a coroa inglesa para receber uma soma
anualmente, em troca das cartas que George tinha escrito para ela. O pagamento
desse dinheiro não era regular, e muitas vezes não acontecia. Ela ficou
impedida de voltar aos palcos, pois o público não via com bons olhos seu
romance com o príncipe.
Depois
de separada do marido pelo episódio com o príncipe, ela teve uma série de
romances mal sucedidos. Com Banastre Tarleton, um bem sucedido soldado
americano, ela teve um caso que durou 15 anos e que tinha a desaprovação de
toda a família de Tarleton. Ela não chegou a se casar com ele, tendo ele se
casado com outra mulher pouco depois de se separar dela.
Mais
uma vez sozinha, Darby deu continuidade a sua carreira literária, na qual teve
reconhecimento ainda em vida. Muitos dos amigos de Darby foram seus colegas do
meio literário, e eles foram a companhia de Darby até sua morte, em 1800.
A
biografia de Mary Darby é importante, pois está diretamente relacionada à sua
obra. Seja no começo de sua carreira literária, quando escreve sobre a sensação
de abandono e a decepção no casamento, seja no final, quando tem importantes
trabalhos na luta pelos direitos da mulher. Nessa segunda fase de sua carreira,
pode-se destacar a sátira que faz de Tarleton em uma de suas peças e a defesa
do direito de a mulher se separar sem sofrer preconceito.
Um pequeno trecho da obra de Darby:
"Suponha que destino, ou interesse, ou acaso, ou o que você quiser, tenha unido um homem, assumidamente de entendimento fraco e debilidade física, a uma mulher forte em todos os poderes do intelecto e capaz de suportar o cansaço de uma vida atribulada: não é degradante para a humanidade que essa mulher tenha que ser passiva, escrava obediente de tal marido? Não é repugnante para todas as leis da natureza que os sentimentos, ações e opiniões dela tenham que ser controladas, pervertidas e corrompidas por tal cônjuge?"
Referências:
http://digitalcommons.unl.edu/dissertations/AAI3092605
http://www.rc.umd.edu/editions/robinson/mrintro.htm
http://digital.library.upenn.edu/women/robinson/biography.html
http://digital.library.upenn.edu/women/robinson/1791/1791-understand.html
* Juliana Pacheco é graduanda em Letras com Inglês na UEFS e membro da equipe Graduando.
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