A respeito de programas de televisão de
natureza improdutiva, foi exibido no Fantástico,
do último domingo 22/04/12, o caso do motorista que dirigia alcoolizado para
casa depois de uma festa, quando, em alta velocidade, não enxergou o limite da
rua, saltou um córrego e atingiu o quarto de uma casa no segundo andar. No
quarto dormia uma mulher, uma recém-nascida de seis meses e uma adolescente de
doze anos. Felizmente não houve mortes. O caso ganhou repercussão nacional
depois de apresentada a cena cinematográfica do automóvel pendurado no segundo
andar da casa.
O programa em questão que não tem um
público alvo bem definido oscila entre as classes sociais média e baixa, cuja
maioria dos indivíduos ainda apresentam falta de interesse e empenho em buscar
informação, e, por isso, “precisa agradar tanto
a parcela do público que quer ver trechos de apresentação do fantástico (sem
trocadilhos) Cirque de Soleiu quanto
a parcela que tem curiosidade em saber quanto tempo da vida uma mulher gasta em
um salão de beleza”, comenta Glauco Vinícius, colunista do blog Liga Jornalística.
Entretanto,
o Fantástico é um programa vazio,
totalmente parcial e visivelmente editado para o telespectador de pouca inteligência,
esta é a pretensão. Em relação ao caso apresentado no início do texto, o
programa deu preferência em explorar o acidente do ponto de vista
físico-científico, reconstituindo a cena em um autódromo de São Paulo e pronto,
em vez de encorajar discussões socialmente relevantes como o respeito à vida humana ou, mais pertinente ainda, sobre a obscuridade da Nova Lei Seca.
Acerca do respeito à vida humana podia-se questionar por que tanto pessimismo
e decadência em pleno século XXI, marcado por avanços significativos em todas
as áreas do conhecimento impulsionados pelas ciências, mas apresentar ações ou
ideias bem-sucedidas pelo mundo que sugiram diminuir ou acabar a cultura da
individualidade exagerada que acometeu a nossa sociedade; quanto a obscuridade da Nova Lei Seca se
conduziria o telespectador pela confusa redação da nova Lei que ainda tramita
no Congresso Federal, apresentando as suas generalidades, durezas, fraquezas e
omissões, tornando público, de verdade, um assunto de interesse geral.
Mas, pseudorevistas eletrônicas como o Fantástico, da Rede Globo de Televisão,
também figuram em outros canais de televisão aberta no Brasil e no mundo, com o
hábito de se esquivarem da notícia e da informação “mais completa” e
verdadeiramente utilitária para veicular programas de natureza vazia e inútil
ao usuário desses canais.
Infelizmente, se nos próximos dez anos
não houver uma séria reflexão sobre a validade e o compromisso das mídias
informativas, especialmente, pelos canais abertos de televisão e pelo próprio
telespectador, as novas gerações vão começar a apresentar em sua cadeia de DNA
(substâncias químicas envolvidas na transmissão
de caracteres hereditários), o gene do grande nariz vermelho e redondo.
*Wellington
Gomes de Jesus é graduado em Letras com Espanhol pela UEFS e membro do Conselho
Editorial da Revista Graduando.
Meu grandissíssimo amigo-irmão Léo, suas palavras jorram como agua branda num mar de sabedoria, quanta eloquencia e sabedoria juntas, te admiro amigo-irmão, embora discorde em alguns pontos do texto, mais é sempre bom ver-te falar sobre coisas tão importantes quanto essas.
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