Por Danilo Cerqueira*
Foto: Carlos Augusto (Guto Jads) - Jornal Grande Bahia) |
Escrever, aliás, é
um andar ao encontro dos outros, sem deixar de ser um passeio de si próprio. José
Jerônimo de Morais. Parlendas (1995).
Uma reunião com poucas pessoas,
duas, ao todo. Provavelmente, a Biblioteca Municipal de Feira de Santana não
será o espaço para grandes discussões por algum tempo. Mas isso não quer dizer
que não tenhamos boas surpresas. Os ótimos e esticados momentos da Graduando no
prédio público municipal puderam acontecer, desta vez, numa conversa com um (a)
calouro (a) de outra instituição de ensino superior. Talvez mais superior do
que o nível educacional referente aos envolvidos na conversa fosse a nossa
disposição ao falar do cotidiano de uma universidade a partir do (s) ponto (s)
de vista de uma publicação acadêmica. Nossa disposição para alimentos, muito
intensa já naquele horário, não impediu que, novamente, a Graduando efetuasse
“um longo e frutuoso diálogo do curso ‘consigo’”. (apresentação da 3ª edição da
revista).
Conversar com um (a) estudante de
outra instituição foi uma experiência importante, não simplesmente por divulgar
a revista ou torná-la conhecida fora dos “muros imaginários” da universidade.
Percebemos que as ações da Graduando podem ser feitas e estimulantes não apenas
no curso de Letras da Uefs, não apenas nos cursos que atualmente a Uefs abarca
em suas dependências, não apenas numa instituição de ensino público, não apenas
numa instituição de ensino, não apenas numa instituição. Estava-se ali, na Biblioteca
Municipal de Feira de Santana, para compartilhar uma experiência e perpetuar,
não uma ação pontual ― equivocadamente entendida como modelo estático para
“imitações baratas” ―, mas um entusiasmo criador de novas e contextualizadas
ações em qualquer que seja o lugar onde se está. Não foi uma conversa de emissor
para receptor. A definição de direção e papéis comunicativos não deve ser algo
tão importante numa conversa sobre um periódico acadêmico. Todos (os três)
estávamos envolvidos, pelo menos, nestas duas categorias em torno do momento
mágico ― porque interativo ― que é a comunicação. Se alguém fica de boca aberta
durante alguns momentos numa visita ao circo, ficamos de boca aberta (com um
sorrisinho) quando percebemos, depois, o que estávamos fazendo, e, acreditem, o
que já havíamos feito até aquele momento. O (a) estudante havia passado por um
cursinho pré-vestibular no qual havia sido ensinado (a) por alguns de nossos
colaboradores (entendamos colaboradores como membros do conselho, comissão,
articulistas, imagistas, poetas e poetisas, cronistas, revisores ― e revisoras
―, comentaristas, fotógrafos ― e fotógrafas ―, enfim, pessoas que, de alguma
forma, contribuem para a Graduando). Fomos percebendo, nas feições e interesse do
(a) estudante, as mesmas questões que nos espantaram e nos entusiasmaram quando
iniciamos a revista, em 2010. O reconhecimento de nossos colaboradores no
processo de aprendizado de um (a) estudante que culminou em sua entrada no
ensino superior ― por ele próprio ― criou um vínculo entre ele (a) e nós. Seu
estranhamento quanto ao universo acadêmico no primeiro semestre, acreditamos,
foi sendo diminuído ao longo de uma conversa de mais de duas horas. E também aprendemos
com isso (vai aqui um “Muito obrigada!”, pois nos baseamos no gênero da palavra
revista para agradecer).
Reconhecemo-nos enquanto
colaboradores ― diretos e indiretos em espaços não delimitáveis ― do processo
de ensino e aprendizado de mais um (a) novo (a) estudante do ensino superior
feirense.
* Danilo Cerqueira é graduado em Letras Vernáculas
pela UEFS, cursa o mestrado em Literatura e Diversidade Cultural na mesma
instituição e é membro do conselho editorial da revista Graduando.
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